CINCO

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Terça-feira. 09 de agosto de 2016.

Minha mãe me acordou no dia seguinte. Era terça feira e eu ainda estava com sono. A minha cama era muito confortável e parecia que eu nunca queria sair dela, mas eu sabia que tinha que sair. Por mais que agora o tempo estava frio, eu estava no último ano do ensino médio. Ano que vem quero começar a trabalhar, fazer cursos e tentar uma vaga em uma universidade. Mas por enquanto, quero viver o hoje e ir para a escola. Tinha três noticia ruins que me impediam, a primeira era que eu não quero sair daquela cama, a segunda, acordar cedo não é para qualquer um, e a terceira, eu não conhecia ninguém. Mas...

— Júlio... Anda logo. Quer ficar aí o dia todo?

Bem que eu queria.

— Já vou mãe. Só mais uns cinco minutinhos. — virei à cabeça para não olhar para ela.

— Nada disso! — ela puxou o cobertor. Eu estava dormindo com uma camisa azul de algodão forte e um short acima do joelho confortável. Parecia um pijama. — Nada de cinco minutos. Você tem que ir para a escola agora. Eu vou levar você até lá e tenho que buscar a Bianca também. Vai... Levanta logo.

Ergui a cabeça para olhá-la. Não ouvi nada a não ser o "eu vou levar você e Bianca até lá". Se você é adolescente e está lendo isso também vai concordar comigo. Fala sério! Sua mãe ti levando para escola e ainda no primeiro dia não é legal. Eu a olhei com desgosto. Engoli em seco e a perguntei:

— Por que quer me levar? Posso ir sozinho com a Bianca.

— Não precisa. Meu emprego é no caminho para sua escola, posso ti levar todos em dias, o que acha? — ela sorriu.

Estava feliz por minha mãe arrumar um novo emprego. Mas não queria passar por isso. Fala sério. Vou ser chacota de toda a escola!

— Todos os dias! Mãe... Eu acho que...

— O que foi, Júlio? Não gostou do meu emprego novo?

— Não, é que eu...

— Já sei. Não quer que eu o leve, não é? Tem vergonha de mim, mocinho?

Engoli em seco.

— É claro que não, mãe, eu... Eu só...

— Não precisa dizer nada. Já sei que não quer que eu o leve. Mas hoje irei levá-lo. Anda logo, levanta!

Eu bufei. E me levantei com preguiça. Arrastei-me até o banheiro, a água estava um gelo, gritei para a minha mãe colocasse a água quente, mas ela gritou retribuindo dizendo que a água gelada faz bem. Que ótimo. Tive vontade de dar um banho gelado nela. Quer saber? Até que ela pode ter razão, pelo menos ficarei mais ligado à aula. Eu só esperava que Bianca fosse da minha sala nesses ótimos seis meses de aula.

Sai do banheiro e me vesti com uma calça jeans um pouco larga, tênis baixos sem cadarços e uma camisa branca por baixo de um casaco azul escuro. Passei a toalha nos cabelos que ainda estavam tampando meu rosto. Os penteei para que ficassem certos e sai do quarto com minha mochila em mãos. Desce as escadas e encontrei minha mãe com uma calça preta e uma camisa de manga da mesma cor, e um jaleco por cima. Minha mãe era bióloga, mas ainda não sabia o que iria fazer nessa firma do meu tio.

Entrei ao carro com ela e fomos até a casa de Bianca. O sol começara a brilhar e esperamos Bianca sair de casa. Ela se despediu da mãe e entrou no carro por trás. Sorri com um bom dia e ela massageou meu ombro e sussurrou um bom dia para minha mãe. Fomos em direção da escola. Eram umas nove quadras daqui. Olhava para as ruas desertas e às vezes via algumas mães levarem seus filhos pequenos a escola. E alguns adolescentes com suas mochilas nas costas indo para a escola de bicicleta, skate, moto ou levados pelos pais ao carro. Suspirei profundamente. Parecia que estava nervoso. Fala sério. Era só uma nova escola. Não era o fim do mundo.

Romeu e JúlioOnde histórias criam vida. Descubra agora