DEZESSEIS

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Dia 20 de agosto de 2016.

Era sábado, dia do festival de rua. Minha mãe estava mais animada do que eu para tudo ficar pronto. Ela se levantou cedo e arrumou a casa, — pelo menos um pouco dela — e foi para cozinha. Já sabia o que iria fazer. Dois pratos de salgados e dois pratos de doces. Os outros vizinhos também pareciam estar muito alegres com o festival, quando voltei da padaria perto de casa, algumas das senhoras me olharam com sorrisos nos rostos, disseram um caloroso "bom dia" e me perguntaram se eu iria participar dos festejos. Assenti para elas e disse que minha mãe já estava louca para apresentar suas receitas.

Fui para casa e o som estava ligado, as músicas da Rita Lee tocavam no último volume ao rádio. Minha mãe dançava enquanto cozinhava. Parecia que aquele problema com Romeu já estava no passado. Olhou-me com sorrisos e entregou as duas folhas de receitas para eu fazer.

Eu as olhei e sorri. Coloquei os pães e o queijo branco na mesa e fui para cozinha preparar as coisas.

As portas se abriram e Bianca apareceu na cozinha dançando ao lado de minha mãe e provando seu salgado antes que ela veja. Beijou-me no rosto e ficou observando o que fazia.

— Parece que vocês estão animados! Que hora posso vir?

Eu a olhei.

— Pra que?

Ela sorriu.

— Para o festival, bobinho.

— Você não é da nossa rua e nem da rua de trás. — mexia o chocolate com o creme de leite. — O que vai fazer aqui?

— Eu vou vir para o festival como sempre venho. — deu risadas. — Vou trazer o pessoal. Eles sempre vêem também.

Eu a olhei e sorri.

— Acho que o festival de hoje vai ser bom. Vi no jornal de ontem que vai fazer um tempo frio, mas não será muita coisa.

— Eu também vi. — até aparece! — Vou me agasalhar.

Minha mãe se aproximou de nós.

— Anda logo, Júlio! Meche direito essa torta. Eu quero que todos fiquem sabendo que meu filho é o melhor cozinheiro do mundo. — deu risadas e continuou a fazer a massa.

Bianca me olhou e deu risadas baixas. Eu também ri.

— Estou ansiosa. — ela pegava um pouco da torta com a ponta do dedo. — Está muito bom, Júlio. Você se saiu melhor que a encomenda. Espero que ganhe o festival desse ano.

Eu a olhei por alguns segundos, confuso.

— Ganhar? Ganhar o que?

— Sua mãe não ti disse? Todos vão comer seus pratos, claro, aqueles que quiserem, e quem tiver mais aprovações nos pratos somados ganha um prêmio de mil reais.

Eu abri os olhos, surpreso.

— Nossa. — olhei para minha mãe rapidamente. — Você sabia disso mãe?

— Sabia. — Ela estava terminando o prato. — Só não ti contei porque se não iria querer competir contra sua mãe e isso não justo.

Bianca deu risadas altas.

— E o que vai fazer se ganhar, tia?

Ela olhou para a sobrinha.

— Irei comprar um celular novo e uma lembrancinha pro Júlio. — sorriu sarcástica.

Romeu e JúlioOnde histórias criam vida. Descubra agora