ONZE

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Dia 15 de agosto de 2016.

Na segunda, minha mãe me chamou como sempre. Depois do meu banho e entrar no carro comendo uma maça, fomos em direção a casa de Bianca. Ela entrou no carro com o celular em mãos e sussurrou um "bom dia". Minha mãe a olhou pelo retrovisor e partimos para a escola. Ela ficou todos os 20 minutos dentro do carro até a escola mexendo no celular. Eu a olhava virando a cabeça e ela nem respondia ao mesmo olhar. Quando chegamos, ela saiu do carro e foi em direção aos meus novos colegas. Ela demorou a se aproximar. Sentou-se no banco de pedra e continuou ali. No celular.

— Bom dia pra você também, Bianca. — sussurrou Luiza.

— Oi gente. — ela nos olhara agora. — Estou vendo se consigo me inscrever para conseguir ingressos para o show do Panic At The Disc. Eles irão fazer um show aqui e não quero perder.

— Não precisa comprar? Tem mesmo que se inscrever? — perguntou Albert.

— Não é isso. Todos os ingressos já foram vendidos. Mas eles comunicaram na página da banda que havia mais 10 ingressos. E as pessoas deveriam se inscrever. E dizer uma frase legal. As 10 melhores frases ganharam.

— Legal. — Claudia sorria. — Mas você vai ganhar quantos ingressos?

— Um apenas. Mas se minha frase for realmente boa posso ganhar até três. — sorriu dando um gritinho de alegria.

— Que bom, Bianca. — sussurrei.— Se ganhar dois ingressos quem vai quere levar?

— Eu não sei. Ainda não decide.

Todos ficaram decepcionados.

— Pessoal, eu não posso levar todos vocês. Se eu tivesse que escolher um ficaria chato para todos. Então seria melhor se ninguém fosse.

Todos se olharam e concordaram com o que ela dissera.

— É. Tem razão.

O sinal tocou. Mais alto e mais forte desta vez. Mas junto com o sinal a sirene que havia ao lado também tocou. Todos os alunos pararam no lugar e olharam para a sirene, mas alguns voltaram a se sentar e bufaram de desgosto.

— Que sirene era aquela? — perguntei.

— É a sirene de aviso para todas as turmas. — disse Antônio. — O que será agora?

Voltei a olhar para a sirene e ela tocou novamente.

Atenção... Atenção a todos. Aqui quem fala é seu diretor. Erasmo Correia. Quero avisar a todos que não haverá aula nos dois primeiros tempos. Todos vocês irão para o refeitório. Haverá uma reunião dos professores e depois desses dois tempos as aulas retornaram. Obrigado.

A maioria dos alunos comemorou com gritos de alegria. Segui Bianca e os outros para o refeitório e nos sentamos e uma mesa vazia. O colégio, ou melhor, todo o refeitório estava cheio demais. Eu nem poderia contar quanto alunos havia ali. Aquele dia parecia ser normal. Eu ainda não tinha visto Romeu e nem sua gangue. Comia biscoitos de chocolate com sorvete no refeitório, estava bom, mas não tão bom quando a torta que minha mãe fazia, ou até a torta que Romeu nos trouxe. Se bem que eu não sei se foi ele mesmo que fez aquela torta ou se comprou em qualquer padaria por aí.

Bianca contava mais sobre a banda PATD e sobre suas músicas. Eu já tinha ouvido muito a banda antes, mas agora não curtia muito. Eu nem ouvira tanto música quanto antes. Antônio e Albert discutiam sobre jogos, Luiza e Cláudia tiravam fotos fazendo biquinho em seu novo MotoG. Cada um deles me fazia rir e apreciar o que era ter amigos ou "colegas". E aquelas duas horas pareciam às melhores da minha vida.

Mais sempre quando você está gostando de algo ou de alguém em determinada momento, aparece alguém para acabar com seus planos de ser feliz. Não é isso que dizerem? É... É isso que dizem! Não poderia ser pior. Ou melhor, poderia sim, o teto de toda a escola poderia cair na minha cabeça aí sim poderia ser pior. Mas não. Outra coisa ainda pior aconteceu. Uma bandeja com biscoitos, iogurte, sorvete, suco de laranja com gelo e outras coisas pegajosas caíram em minha cabeça de uma só vez. Eu fique sem reação. Eu apenas olhara em volta da mesa e via os restos dos líquidos que caiam de meus cabelos todo branco meio marrom do chocolate. Também percebe que Bianca se levantou da cadeira e gritava com uma menina atrás de mim, e parecia ter a empurrado com força e as duas começaram a se atracar. Socos e chutes e puxar de cabeços. Mas é claro que Albert e Antônio as separaram. Mas isso não era tudo. E as risadas que não iam embora? E os olhares que pareciam ficar ainda mais fixos em mim? Eu não tinha relação do que fazer. Eu olhei para frente. A umas quatro ou cinco mesas depois da minha. Romeu me olhara fixamente e sorria como um demoníaco. Depois de sorrir, ele piscou e seus amigos todos caíram na gargalhada. Eu me levantei. E corri para o banheiro. O mais rápido possível, ainda atraindo olhares.

Entrei o banheiro masculino e coloquei minhas mãos sobre a pia preta e branca. O banheiro era azul claro e tinha cheiro de desinfetante de hortelã. Lavei minha cabeça e muitas cores diferentes saíram do meu cabelo. Será que ele poderia cair? Essa não. Eu só pensara o pior agora. Quando meu cabelo estava limpo e eu o secara com a toalha ao lado do espelho, ouvi a porta se abrir. Olhei rapidamente para pessoa que entrara. Romeu.

Foi até o mictório, urinou e se aproximou da pia. Lavou as mãos e ficou parado, me olhando, com o mesmo sorriso de sempre.

— Que bomba, em Júlio?

Eu o olhei com raiva.

— Você tomou um perfeito banho no recreio. Ainda tem gente rindo de você.

— Armou para mim, não é? Eu sei que uma das meninas que jogou tudo aquilo em mim era sua amiga. Você é um monstro, Romeu. Como pode fazer isso?

— Olha, eu posso ser um monstro, mas pelo menos meu cabelo não vai cair. — deu risadas baixas. — Bem-vindo ao Roberto Bastos, seu fraco!

A raiva tomou conta de mim. Eu tinha que acabar com ele. De alguma maneira eu tinha.

Aproximei-me com os punhos fechados e lancei um soco em seu rosto, mas Romeu foi mais rápido. Ele segurou minha mão e antes que eu pudesse acertá-lo outra vez, ele fez o mesmo. Eu o olhava sem ter o que fazer, quando ele levantou uma das pernas e chutou minha cintura, cai ao chão gritando de dor. Ele se aproximara de mim dando risadas, e sussurrando: isso vai muito divertido.

Eu me distanciava dele o máximo que podia, me arrastando no chão enquanto minha cintura ainda doía.

— E então, Júlio? Vai ficar aí no chão? — ele me chutou na coxa. — Levanta!

Eu consegui levantar uma das pernas e chutei o pênis dele com força. Ele caiu ao chão e gritou de dor. Eu tentara me levantar e ir até a porta do banheiro. Ele conseguiu me derrubar novamente com uma banda. Cai ao chão novamente e vi a porta a alguns passos de mim. Ele estava se aproximando e eu o chutei na barriga. Ele recuou e se espremeu de dor. Agora sim estava quase conseguindo me levantar. Aproximei-me da porta, quando a abri, vi Antônio e Albert me olhando. Felipe e os gêmeos estavam impedindo que eles de entrassem.

— Não vai não! — Romeu já estava de pé, puxou meu cabelo, segurando meu pescoço e me levando de volta para dentro do banheiro.

Ele me soltou e me deu dois socos na cara. Fui para trás com o impacto. Quando ele voltou a se aproximar, o soquei na barriga e logo depois um soco no rosto ainda mais forte do que o dele. Ele segurou minha camisa e me jogou na parede. Estava com a bochecha inchada e vermelha assim como eu. Ele me acertou novamente, e de novo, e de novo. Como doía. Eu estava derrotado.

— Isso acaba agora! — ele ergueu o punho e o fechou para me socar. Quando a porta se abriu e o diretor apareceu, nós olhando. Os professores nos separaram e nos levaram para a direção.

Romeu e JúlioOnde histórias criam vida. Descubra agora