Dia 06 de setembro de 2016.
Terça feira. Levantei-me com o toque do despertador e me arrumei para ir à escola. Eu estava tão animado que poderia explodir. Esse trabalho realmente iria mexer muito comigo. Muito mesmo. Mas por outro lado, eu tinha medo do que Romeu estava aprontando. Tinha medo de que ele faça algo que não estava no combinado. Mas eu descansei minha mente e coração. Eu tinha que confiar nele pelo menos uma vez na vida. Sai de casa e corri para a casa de Bianca. Ela me esperava no portão e sussurrou um "bom dia". Mas a frente, na casa de Romeu, Bianca e eu olhamos para as janelas, uma delas pertencia ao quarto dele. Bianca segurou minha mão com um sorriso fraco e continuamos a andar. Quando chegamos à escola, fomos logo nós sentando para a aula de filosofia. O professor estava animado para receber os projetos. Eu estava com meu notebook dentro da mochila. Romeu ainda ao havia chegado.
Olhei para a sala toda e fui no pátio enquanto o professor preparava o projetor. Mas eu não o encontrei em ninguém lugar. Quando voltei à sala, ele estava lá conversando com Bianca e Brenda no final da sala. Eu suspirei aliviado e fui para ele.
— Você demorou.
Ele me olhou com um sorriso.
— Desculpa. A Brenda perdeu as chaves em casa. — deu risadas baixas.
— Quase me matou de susto. — murmurei.
— Se acalma, Júlio. Tudo vai dar certo. — ele sorriu e piscou. — Relaxa.
Sorri forçado e me sentei ao lado de Bianca.
Jennifer, Felipe e os gêmeos chegaram à sala. Olharam para nós fixamente com olhares de ódio. Pareciam nossos inimigos mortais. Jennifer me olhava fixamente com ódio. Depois olhou para Romeu e lançou um beijo de vento. Ele sorriu forçado e quando me olhou parou de olhá-la. Eu a olhei fixamente querendo arrancar os cabelos dela. Apenas sorria debochada e voltou-se para frente. O professor começou a falar:
— Bom dia, alunos, hoje nós veremos alguns dos trabalhos feitos e espero que estejam ótimos. Bem, quem quer ser o primeiro?
Duas meninas se levantaram.
O professor as chamou e elas começaram a falar sobre o machismo e como isso destrói vidas e relacionamentos. Depois de outras três ou quadro dublas, chegou a nossa vez. Nós levantamos e eu disse o que fizemos no trabalho. Romeu disse sobre quem eram aquelas pessoas e o que o preconceito fez com elas. Primeiro passamos o vídeo da menina Kailane. Todos ficaram horrorizados em vê-lo. Quase todos. Ainda existia pessoa de coração duro. Depois o segundo vídeo, as pessoas que sofreram racismo. O professor se emocionou com os casos. A maioria ficou super sem chão quando viu o depoimento das daquelas pessoas. Agora, chegou o próximo vídeo. Homofobia. Romeu colocou o pen-drave no projetor e antes de dar play no notebook. Respirou fundo e sussurrou "eu consigo". Não entendi o porquê daquilo. Mas o assim que o vídeo foi ao ar, víamos uma parede escura e Romeu começando a falar à frente da câmera.
— Bom dia a todos que me assistem. O meu nome é Romeu Garcia, sou estudante do terceiro ano e vim falar sobre o caso "homofobia" que afeta muitas pessoas hoje em dia. — a voz dele estava temida, mas todos conseguiam entender. — Eu pensei que nunca iria sofrer homofobia, até porque eu não sabia quem de fato eu era. Eu simplesmente tinha uma máscara que está no meu rosto até hoje. Mas hoje eu pretendo tirá-la e quero que todos saibam. Eu me apaixonei por uma pessoa no primeiro dia que a vi. — meu coração tremeu por dentro. Era isso mesmo? Ele iria falar sobre a gente? Romeu teria coragem? — E é claro, se eu dissesse as pessoas que eu estava apaixono por essa "tal pessoa" todos iriam dizer que eu estava com algum distúrbio ou coisa do tipo. Uma pessoa horrível. Um ser que nem deveria conviver na sociedade. É claro, depois que criei essa mascara todos ficariam pasmos em saber a verdade.
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Romeu e Júlio
RomanceJulio é um jovem de 17 anos que depois de uma discussão com seus pais se mudou de São Paulo para o Rio de Janeiro. Nunca foi fácil fazer amizades, ainda mais se sentindo sozinho e com o medo das outras pessoas saberem sobre seu verdadeiro eu. Na nov...