Dia 2 de setembro de 2016.
Fiquei na porta do colégio esperando Romeu chegar. Vi alguns alunos começando a sair e outros de conversa na porta da escola. Quando Bianca veio com a turma e todos me encontraram ainda dando risadas de algo que eu não sabia. Ela me olhou e sorriu forçada.
— Estava esperando a gente?
— Não, não. Eu vou fazer minha primeira parte do trabalho com o Romeu. — sorri.
O pessoal se entreolhou, com vergonha. Bianca me olhará seria.
— Pensei que nem aceitaria fazer esse trabalho com ele. — disse ela.
— Eu aceitei por que... Não tem outra pessoa. — sorri forçado.
— É, aposto que não deve ter mesmo. — ela parecia muito decepcionada. — E também vai fazer o trabalho por outros motivos, não é verdade?
Eu fiquei parado, olhando-a, enquanto ela me comia pelos olhos.
— Júlio, por que aceitou fazer de tão bom grado esse trabalho com o Romeu. Vocês se odeiam. — perguntou Claudia.
Eu a olhei e abri a boca para dizer algo. Mas não consegui. Bianca ainda me olhara.
— É, Júlio. — disse ela com um tom sarcástico. — Fala pra eles o que está acontecendo. Por que aceitou fazer o trabalho com o Romeu?
Eu gelei. Bianca me olhava como uma mulher traída prestes a dar o primeiro tiro.
— Eu já disse, eu não tinha escolha. — gaguejei.
— Bem, gente — começou Antônio. — Vamos deixar o dever do Júlio em paz e vamos pra casa. — ele e Albert começaram a se afastar de mim. Bianca segurava a mão de Albert, me olhou por atrás.
— Tem um bom trabalho, Júlio. — murmurou. Virou-se com rapidez e nem acenou para me dizer "tchau". Apenas Claudia e Luiza o fizeram.
Eu esperei por mais alguns minutos. E confesso que já estava ficando sem paciência.
Mas logo um sorriso se abriu em meu rosto quando eu o vi se aproximando com sua moto vermelha. Jennifer estava em sua garupa, com a roupa colada e muito provocante.
Assim que desceu da moto, me encarou friamente e deu um beijo enorme nos lados de Romeu. Aquilo me deixou com muita raiva. É claro, o ciúme faz isso com qualquer um. Ele não sorriu depois do beijo como ela. Sentia-se envergonhado e eu nem olhei em seu rosto depois daquilo.
— Por que me trouxe pra escola? Pensei que iríamos pra minha casa.
Eu a olhei por alguns segundos. Ele me olhou e voltou a olhá-la com um sorriso forçado.
— Desculpa, Jeniffer. Tenho algo pra resolver com o Júlio.
Ela me olhou fixamente.
— Esse garoto está sempre no nosso pé. Naquele dia no recreio, no cinema, na rua. Você está querendo alguma coisa comigo ou com o meu namorado, seu idiota?
Eu a olhei fixamente.
— Temos um trabalho pra fazer, sua idiota. — levantei a voz. — Que não interessa para você.
Ela deu risadas.
— Se o meu namorado vai, eu irei também.
— Porque não fica fora disso, garota. Meta-se na sua vida inútil!
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Romeu e Júlio
RomanceJulio é um jovem de 17 anos que depois de uma discussão com seus pais se mudou de São Paulo para o Rio de Janeiro. Nunca foi fácil fazer amizades, ainda mais se sentindo sozinho e com o medo das outras pessoas saberem sobre seu verdadeiro eu. Na nov...