Romeu me buscou em casa alguns minutos depois que meu pai saiu. Eu nem me importava mais com a hora, era bom ficar alguns minutos em casa, sozinho enquanto ele não havia chegado. Principalmente para colocar a cabeça para pensar e refletir sobre o que fazer.
Meu pai. Esse era o tal ponto.
Aquele desgraçado não me procuraria se eu continuasse do mesmo jeito ou se eu fosse um mendigo. Aquele papo de "eu estava com saudades e me arrependo do que fiz" era tudo uma lorota. Ninguém iria acreditar se passasse pelo o que eu passei.
Quando entramos no restaurante, grande, chique e muito lindo, eu tive que tirar aquelas más lembranças da cabeça. Não queria que o meu almoço harmonioso fosse destruído. Quando me sentei na cadeira de madeira branca, Romeu me olhou e sorriu com espontaneidade. Estava lindo naquela roupa. Vestia um blazer preto sobre uma camisa branca, gola V. uma calça jeans escura e tênis de bico. Estará realmente elegante. Eu sorria para ele e tentava não deixar de respondê-lo quando me perguntava se eu estava bem hoje, e o porquê de estarmos aqui, por esse ser o restaurante mais caro da cidade.
— Eu estou bem. — sorriu de lado. — Só que não estou com o mesmo animo de antes.
Ele me olhou profundamente. Segurou minha mão e sussurrou:
— Aconteceu alguma coisa? Eu fiz alguma coisa?
Sorriu forçado.
— Não. — minha resposta veio com um gemido. — Meu pai me visitou hoje.
Ele franziu o cenho.
— Seu pai? Achei que vocês eram brigados há algum tempo.
— E éramos. Pelo menos eu acho. Meu pai disse que estava com saudade. Estava arrependido do que tinha feito no passado e queria que eu voltasse a falar com ele.
— Parece que ele quer mesmo se reconciliar.
— Quem dera! — bufei. — Meu pai nunca iria vir até mim se não soubesse que... — eu parei de falar. Tinha me esquecido do por que marquei esse jantar com ele. — Eu estou rico. — sussurrei.
— O QUÊ? — ele gritou. Atraindo olhares de algumas pessoas de nós olharam com nojo.
Elevei meu dedo aos lábios e fiz "shh" um pouco alto. Também atraindo alguns poucos olhares.
— Como assim, Júlio?
— Eu vou ti explicar tudo, ok? Mas vamos comer enquanto isso.
O garçom veio até nós. Era branco, alto dos cabelos pertos com um corte diferente. Vestia um terno muito elegante e trouxe com sigo o cardápio do restaurante.
— O que os senhores desejam?
Eu olhei no cardápio por alguns segundos, conhecia alguns dos pratos, já havia trabalhado em restaurante antes.
— Eu vou querer um Spaghetti cremoso. E para meu acompanhante, um salmão ao shoyu.
Ele pegou os cardápios e os colocou em baixo do braço.
— E para acompanhá-los na bebida?
Olhei para Romeu.
— Gosta de vinho?
— Sim. — respondeu rapidamente.
— Um Valentini, por favor.
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Romeu e Júlio
RomanceJulio é um jovem de 17 anos que depois de uma discussão com seus pais se mudou de São Paulo para o Rio de Janeiro. Nunca foi fácil fazer amizades, ainda mais se sentindo sozinho e com o medo das outras pessoas saberem sobre seu verdadeiro eu. Na nov...