TREZE

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Depois que consegui melhorar meu rosto e tirar alguns inchaços da minha briga com Romeu, Bianca foi até minha casa. Eu estava na sala assistindo TV com a sensação horrível daquele esparadrapo em meu rosto. Bianca se aproximou sentando-se ao meu lado. Vestia uma camisa rosa de manga curta e uma calça jeans um pouco apertada. Olhou-me nos olhos e ficou pasma.

— Meu Deus, Júlio. Brigando no banheiro?

Eu a olhei com desgosto.

— Ele me trancou no banheiro, Bianca. É sério! Albert e Antônio até foram lá para me ajudar, mas os amiguinhos de Romeu estavam lá para impedir quem entrasse. — sorri, mas senti dores quando meu sorriso foi dado e gemi de dor baixinho.

Ela pôs suas mãos em meu rosto e eu ainda sentia pontadas.

— Eu pensei que você estava na direção fazendo uma reclamação dele. Não acredito que aquele imbecil vez isso. O Romeu merece morrer! Isso sim.

Eu a olhei.

— Tem razão. Mas não se preocupe. Nós caímos em uma briga feia, e eu não apanhei facilmente. Eu o acertei no rosto e no estomago.

— É. E ele acertou sua cara mais de duas vezes, eu suponho.

Engoli em seco e voltei à atenção para a TV, esquecendo que ela falou aquilo.

— Júlio, o que sua mãe vai pensar quando ver seu rosto?

— Eu consegui melhorá-lo.

— Mas ainda está inchado. E olha esse esparadrapo no seu rosto. Pode ficar pior! Você não acha que ela pode descobrir quando chegar?

— Eu tenho que contar pra ela de qualquer maneira.

Bianca suspirou, mas logo me olhou assustada.

— Você lembra quando ele disse sobre você contar para alguém o que...

— Agora nada mais importa. O diretor quer falar conosco mesmo. Ou melhor, com as nossas mães.

Ela se recostou no sofá e continuamos a assistir TV.

A porta se abriu rapidamente. Minha mãe estava entrando e me olhou fixamente com o rosto nada contente. Olhou para Bianca e soltou um "Olá, Bianca" totalmente rígido. Assim que subiu as escadas, Bianca me olhou com medo nos olhos e suspirou.

— Sua mãe parece que já sabe. Quer que eu fique aqui com você ou...

—É melhor ficar. Ela vai querer me matar e eu tenho que ter testemunhas. Mas também é capaz dela ti mandar embora. Mas mesmo assim, fica, por favor.

Bianca sorriu forçada e segurou minha mão. Minha mãe desceu ainda com a roupa do trabalho. Uma camisa vermelha de mangas longas e uma calça preta de brim. Parou em frente à TV em nossa frente. Depois a desligou e colocou as mãos nos quadris. Lá vem bronca!

— Júlio Augusto Pereira Lima! Que história é essa do senhor estar brigando na escola?

Eu olhei para Bianca. E ela tentou sorrir para melhorar a situação. Mas não resolveu muito. Eu olhei para minha mãe tentando achar palavras para dizer sobre o que aconteceu hoje. Mas o que eu diria? As palavras já deveriam estar prontas. Eu sei o que ouve. Bianca também sabia. Mas porque nenhum de nós sabia o que dizer? Eu a olhei novamente e respirei fundo. Parecia que já tinha algo para dizer.

— A culpa não foi minha, o outro cara começou.

Minha mãe me olhou com desgosto e sorriu de deboche. Ainda com as mãos na cintura.

— Eu quero que você me diga direitinho o que ocorreu!

— Eu sou testemunha, tia Andréia. O Júlio estava sendo perseguido por esse menino, o Romeu Garcia e pelos seus amiguinhos. Já aprontaram muito na escola com ele como: atirar bolinhas de papel, derramar comida e bebida e até explodiram armário dele.

Minha mãe ficou chocada.

— Eles explodiram o seu armário, Júlio? Bateram em você? Porque você não disse nada?

— Eu não poderia, mãe. Ele me ameaçava muitas vezes. Dizia que se eu contasse a alguém, ele plenamente iria ficar de suspensão, mas também iria fazer mal a nossa casa. Por que iria aproveitar a hora da minha saída de casa até a chegada.

Minha mãe rodeava a sala, ainda chocada.

— Meu Deus. Isso é caso de polícia! — ela nos olhou fixamente. — Temos que avisar a polícia para...

— Não se preocupe, mãe, tudo foi resolvido, eu aposto.

— Por que acha que foi resolvido? — ela se sentou ao meu lado.

Eu engoli em seco e pensei no que ocorreu hoje.

— Hoje quando eu estava no recreio com Bianca e os outros, um dos amigos dele jogou todo o almoço em cima de mim. Enquanto fui ao banheiro para tentar me limpar, ele pareceu e acabamos discutindo e aí brigamos.

Minha mãe balançou a cabeça em negativo, com a expressão de decepção.

— E depois?

— Aí o diretor nos levou pra direção, brigou conosco e nos levou pra casa do Romeu. Aí o diretor conversou conosco e com os pais dele.

"É claro que os pais não fizeram nada em vez de discutir com o diretor. E o diretor se estressou e saiu da casa. Levou-me até aqui e disse que quer falar com você e os pais do Romeu amanhã".

Ela me olhou de cara feia.

— E eu aposto que você está de suspensão. Não é?

Assenti com um sorriso torto.

— Tia, a senhora quer que eu vá pra casa?

Minha mãe a olhou.

— É melhor Bianca. Vou ti levar pra casa.

Minha mãe se levantou com Bianca e as duas saíram de casa sem me dar um tchau. Bufei desgostoso e fui para meu quarto tentar dormir.

Romeu e JúlioOnde histórias criam vida. Descubra agora