DEZOITO

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Dia 26 de agosto de 2016.

Era sexta, de manhã. Levantei-me cedo como um jato. Estava animado para o passeio mesmo que Bianca não poderia estar nele. Minha mãe apareceu no banheiro quando eu tomava banho, escovou os dentes e sussurrou um "bom dia". Eu cantava no banheiro e ela dava risadas baixas. Quando saímos de casa, eu já estava com minha mochila pronta e cheia de algumas roupas e alguns biscoitos. Minha mãe pegou sua bolsa verde e entramos no carro.

— Pegou tudo?

— Sim. Não me esqueci de nada.

— Como tem certeza?

— Fiz uma lista ontem quando voltei da escola e hoje assim que sai do quarto conferi tudo. — sorri.

— Esse é meu garoto. — ela bagunçou meus cabelos e seguimos em direção a escola.

Passamos em frente à casa de Bianca. Tudo estava fechado e principalmente a janela do quarto dela. Minha mãe olhou para a casa rapidamente e continuávamos a seguir viagem. Quando chegamos à porta do colégio, os alunos que estavam esperando pelo ônibus se aglomeravam na porta. Eram muitos. Eu olhei para todos eles e tirei o sinto de segurança.

— Adeus, mãe. — beijei a bochecha dela lentamente e ela me olhou com sorriso. Mas logo depois tirou o sinto. — O que vai fazer?

— Vou levar você até a porta. E também, quero conversar com o diretor.

— O quê? — me assustei. — Não precisa mãe, eu sei o caminho. E o direto nem deve estar aí.

— Você está com vergonha de mim, mochinho?

Eu a olhei querendo achar saída.

— Claro que não.

— É bom mesmo. — ela murmurou. — Eu só acho que você deveria ter muito amor com aquela que ti apoiou quando soube que você era gay. A única!

Eu bufei.

— Tudo bem, mãe. Tudo bem. — sorri.

— E o diretor tem que estar aí. Ele é o organizador disto tudo. Vou falar com ele. Vamos?

Sai do carro, querendo não sair.

Minha mãe foi em direção aos professores e o diretor. Eu olhei para todos eles que começaram a conversar e minha mãe me olhara de cinco a seis segundos. Finge que não estava ali e corri para junto de Claudia, Albert e Antônio. Eles me cumprimentaram e sorriam. Trocaram risadas e falamos sobre Bianca. Albert não ficou muito contente em saber que ela não iria vir. Nem eu, pra começo de conversa. Bianca era a única pessoa que eu tinha toda a intimidade do mundo. Nem minha mãe era assim.

— Estão ansiosos para chegar ao sítio? — Claudia perguntou com um sorriso.

— É claro. Vou ser DJ na festa de hoje. O rim é que não poderíamos ficar a noite toda. Mas mesmo assim vai ser bom. — Albert se orgulhava.

— Espero que seja mesmo um bom DJ. Bianca gosta de boas músicas. — Antônio o cutucou de leve com risadas.

Todos riram.

Ouvi alguém chamar meu nome. Me virei rapidamente e vi minha mãe de braços cruzados ao lado do diretor. Os dois me olhavam fixamente de cara fechada. Bufei e me aproximei deles. Minha mãe me olhou fixamente ainda brava.

Romeu e JúlioOnde histórias criam vida. Descubra agora