Dia 05 de setembro de 2016.
Na segunda feira, Romeu ainda estava em minha casa. Eu não fui para a escola. Fiquei cuidando dele e lhe dando os remédios que Bianca receitou que ele iria precisar. Ele me olhava fixamente algumas vezes, acho que estava querendo dizer algo, mas não conseguira. Ainda estava com o braço enfaixado. Ele comia com um pouco de dificuldade. Sentia-se fraco às vezes e um pouco de moleza ao corpo.
— Você vai ficar bem. Acredite em mim. — sorri.
— Espero que sim. Você estando aqui posso ficar melhor. — sorriu de volta. Ele passou sua mão fraca e fria em minha perna sobre meu short jeans fino. Eu suspirei e me arrepiei um pouco. Sorri forçado e tentei mudar de assunto.
— Quer comer mais alguma coisa?
Ele suspirou, incomodado.
— Não faz isso comigo, Júlio. — sussurrou. Baixo demais. — Sabe o que eu sinto por você. E sei que sente a mesma coisa. Não se afaste. Não fuja de mim.
Eu me aproximei dele.
— Não estou fugindo. — sussurrei. — Só tenho medo.
Ele mexeu em meus cabelos e me deu um selinho um pouco demorado.
— Ainda com isso? Não irei ti fazer nada, ninguém ti fará!
— Mas olha o que aconteceu com você. Seu próprio pai...
— Padrasto. — me corrigiu. — Felizmente.
— Tudo bem. Entendo. Mas mesmo assim eu tenho medo por você e medo por mim. Primeiro seu padrasto faz isso com você quando soube de nós, imagina o que as outras pessoas farão!
Ele se endireitou na cama.
— Eu não tenho medo das outras pessoas. Sei que enfrentarei muitas. Mas irei enfartá-las sim, pra ficar perto da pessoa que amo! — sorriu. Daquele jeito que me cativava e hipnotizava. — Mereço um beijo por minhas frases de bravura? — deu risadas.
— Não. — sorri debochado. — Mas vou abrir uma exceção pra você. — ele aproximava de mim. Ainda mais, querendo colar seus lábios aos meus.
O beijei intensamente. Brincava com seus cabelos enquanto ele tentava me agarrar. Eu sorria entre o beijo enquanto ele brincava com minha língua.
Meu telefone tocou. Interrompendo nosso beijo. Romeu bufou desgostoso eu o olhei com um sorriso.
— Calma, já volto para você. — dei risadas.
— Eu quero que volte agora. — ele sussurrou em meu ouvido me agarrando por trás. Eu dei risadas baixas e atende ao telefone.
— Alo? — sorria. Enquanto ele mordia lentamente meu pescoço.
— Júlio, sou eu, Claudia, você disse que iria fazer aquela tal entrevista com as pessoas do Movimento Black. Eu queria saber se era hoje.
Lembrei-me da tal entrevista.
— Ah sim. — suspirei. — Sim. Seria hoje. Que horas você pode me encontrar?
— Daqui a algumas horas. A partir das três da tarde. Na porta da escola. Tudo bem?
Olhei para o relógio: 12h30min.
— Sim, tudo ótimo.
— Bianca me disse que iria com vocês.
Franzi o cenho. Bianca nem mesmo me disse que iria.
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Romeu e Júlio
RomanceJulio é um jovem de 17 anos que depois de uma discussão com seus pais se mudou de São Paulo para o Rio de Janeiro. Nunca foi fácil fazer amizades, ainda mais se sentindo sozinho e com o medo das outras pessoas saberem sobre seu verdadeiro eu. Na nov...