Dia 4 de setembro de 2016.
Era domingo, eu ainda estava abalado demais. A casa não estava tão bagunçada como eu achei que estaria depois da boa festa com muita gente. O meu ânimo estava péssimo. Eu queria fugir para algum lugar distante e pensar que Romeu não queria roubar o único dinheiro que minha mãe me deixou. É claro que Felipe também tem culpa no cartório. Ele também pode ser culpado. Mas será que somente só há um culpado? Ou os dois?
Eu estava na cozinha. Comendo biscoitos de chocolate que venceriam aqui há três dias. Bianca estava ainda em meu quarto. Eu nem consegui dormir essa noite. É claro que cochilei um pouco, mas somente duas ou três horas. O relógio batia às 10h30min da manhã. Bianca vinha descendo as escadas. Eu a ouvira atrás de mim. Ela cambaleava muito enquanto se aproximava.
Quando se sentou à mesa, com os cabelos todos pro alto e me olhando como eu fosse à primeira coisa que Deus criou, colocou as mãos na cabeça e gemeu de dor.
— Aí minha cabeça. — reclamou. — Que dia é hoje?
Eu a olhei. Ainda triste e com uma raiva dela muito grande.
— Hoje é dia 4 de setembro.
Ela me olhou.
— Que cara é essa? Parece que morreu alguém. — deu risadas baixas.
— Não morreu ninguém, Bianca. Mas eu queria que você estivesse morta.
Ela me olhou assustada.
— Como é? Por quê?
— Ontem aconteceu uma bomba aqui em casa.
Ela ficou em silencio.
— Uma... Uma bomba?
— Sim! — gritei. — E tudo por sua culpa.
Ela se levantou.
— Espere aí. Como pode ser minha culpa se eu nem estava presente. A única coisa que me lembro era de você me levando para o quarto e eu apagando no sono.
Eu a olhei com ódio.
— Bianca, minha mãe ti disse que queria fazer uma festa pra mim. Mas eu ti disse para chamar poucas pessoas. Você convidou o colégio inteiro e até quem não era do colégio.
— Mas eu achei que você precisava se enturmar mais.
— Colocando estranhos na minha casa?
Ela bufou. Eu a olhei totalmente nervoso.
— Depois que você apagou, Romeu e Brenda vieram aqui. Eu os convidei então...
Ela deu risadas sarcásticas.
— Depois da festa se tornar incontrolável. Romeu me ajudou a cuidar das coisas. A cuidar da ordem da minha casa. Felipe apareceu aqui e entrou no meu quarto com Romeu e os vi discutindo. Romeu estava com a carteira onde tinha o dinheiro que minha mãe deixou pra mim.
Ela ficou paralisada.
— Meu Deus, Júlio. Ele tentou roubar você! Bem que eu ti disse que esse cara não presta.
— A culpa de tudo foi sua, Bianca.
— Minha culpa? Vai me acusar novamente?
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Romeu e Júlio
RomanceJulio é um jovem de 17 anos que depois de uma discussão com seus pais se mudou de São Paulo para o Rio de Janeiro. Nunca foi fácil fazer amizades, ainda mais se sentindo sozinho e com o medo das outras pessoas saberem sobre seu verdadeiro eu. Na nov...