DEZESSETE

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Dia 24 de agosto de 2016.

Na quarta feita-feita, me levantei no mesmo horário e fui para escola. A aula de matemática, que foi a única, foi incrivelmente chata. Bianca estava na minha sala desta vez. Não conversamos muito na sala como na maioria das vezes. O professor não estava muito a fim de dar aula. Eu estava passando um pouco mal de tanta comida que comi no festival, e é claro, o que Romeu me dizia sobre eu estar gostando de tal pessoa da escola ainda me deixou inquieto. Eu não estava surpreso dele me perguntar se eu sou gay ou não, eu não tinha mais que mentir para ninguém e nem para mim mesmo sobre a minha sexualidade, ainda mais para a pessoa que eu gostava. Mas isso poderia ser muito prejudicial, Romeu não gostava de mim e eu não gostava dele, bem, mais ou menos. Ele é hétero e eu não poderia ter nada com ele. Mas muitas coisas rodavam a minha cabeça em relação a isso.

O maior dos problemas era o porquê ele não poderia se apaixonar por um menino como se apaixonasse por uma menina. Por que não poderia?

Ele não estava na sala de aula, eu olhava para a janela e o vi ele chegando com o time de futebol da escola junto com mais de dez garotos altos e fortes. Engoli em seco quando ele sumiu de vista. O sinal tocou e o professor nos liberou ante de terminar a matéria. Peguei minha mochila e esperei Bianca se levantar, saímos da sala no meio de outros alunos e aproveitamos para sair logo da escola. As aulas estavam dispensadas, mas alguns dos alunos estavam indo para a quadra. Bianca me olhou e reparou também o quanto de alunos que partiam para a quadra.

— Vai para a quadra?

— É melhor não. Eu vou para a livraria comprar uns livros.

— Mas, e os livros que você pegou na biblioteca?

Eu sorri.

— Eu já os li. — sorriu. — Esses eu tenho que comprar. Até amanhã.

— Tchau. Até amanhã.

Em vez de fazer o caminho ate em casa, peguei um ônibus e fui para o centro da cidade para achar alguma das livrarias com livros baratos, é claro que eu não iria achar, os livros eram mais de 40 reais. Praticamente isso. Enquanto passara na rua, passei em frente a uma livraria que parecia estar vazia. Entrei e olhei nas estantes.

O atendente era alto e magro. Usava roupas largas e seu cabelo era enrolado crespo. Ele me olhou fixamente e retirou os grandes fones de ouvido.

— Bom dia, posso ajudar?

Eu o olhei fixamente. Depois de alguns segundos, lhe responde:

— Olá, eu queria uns livros juvenis, por favor.

— Fica lá trás. Nas últimas sessões.

— Obrigado.

Andei até as outras estantes de livros. Os livros juvenis estavam todos realmente lá, livros sobre vampiros, lobisomens, anjos-caídos, demônios e todos os tipos de livros que me apreciavam. Eu não sábia qual escolher, só poderia comprar dois deles segundo o preço. Então, pesquisei os livros e fui me guiando segundo os seus presos.

— I aí, Romeu! — gritou o atendente.

Peguei-me dando um passo atrás quando ouvi esse nome. Virei rapidamente e olhei entre as estantes tentando alcançar o balcão. Olhei fixamente para o atendente, em seguida, Romeu estava conversando com ele e trocando apertos de mão. Engoli em seco e pensei sobre o porquê de ele estar aqui. Será que está me seguindo ou o que? Olhei novamente e Romeu olhava para todas as estantes e quase conseguiu me ver. Com susto, dei passos atrás e derramei livros ao chão. Os dois olharam para onde veio o barulho. Fique parado por alguns segundos.

Romeu e JúlioOnde histórias criam vida. Descubra agora