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  Quando se aproximava a hora para me arrumar, separei o vestido que iria usar, tomei um banho bem tomado e sequei meus cabelos os deixando liso, procurei alguma coisa na penteadeira e parei muitos minutos pensando em como tudo isso aqui já estava pronto e perfeito demais. Ele por algum motivo que não me dirá agora, já sabia que eu estava lá e seu objetivo nunca foi mesmo o dinheiro e sim eu, ou tudo isso é da sua falecida namorada? Paro de pensar ao perceber a hora e preparo uma maquiagem, me olhando gostando do resultado lembro-me de minha mãe, quando me dizer para ficar linda o bastante para uma mulher de dezoito anos, e delicada o bastante para uma adolescente, eu por um tempo não entendi o que ela dizia, mas agora eu entendo, bonita para parecer uma mulher, mas não o bastante para tirar de mim o meu verdadeiro eu. Coloco o vestido preto com mangas bufantes transparentes, um salto fino e delicado para esse tipo de vestido, me olho por fim e decido prender meu cabelo em um rabo de cavalo baixo. A porta é batida e nem mesmo tenho tempo de autorizar a entrada, ele para assim que coloca o pé para dentro do quarto, o homem que está ao seu lado com uma maleta também para, estou séria esperando que falem alguma coisa, me olho no espelho esperando uma aprovação ou não.
  — Está magnífica — o homem ao seu lado sorri como uma criança e o olha — acho que ela não precisa de maquiador senhor Vitsky — logo se virou de costas saindo e Harry caminhou em minha direção.
  — Não iria vir às três? — olho em seus olhos e para a minha frente me analisando.
  — Vim mais cedo para me arrumar — suas mãos para no percurso de mexer em meu cabelo, logo entra para seu bolso — você está linda! — o que diz me faz ter um sentimento, mas é de surpresa, tudo o que vir dele agora eu vou estranhar é um desconhecido, e o pior, ou melhor, de tudo é que age como se não fomos desconhecidos, é como se já esqueceu que praticamente me sequestrou da minha casa, na verdade, meu pai me vendeu para pagar uma dívida, mesmo eu acreditando que nem se ele desse todo o dinheiro do mundo, este homem queria a mim.
  — Obrigada. — Analisa meu vestido agora se distanciando. Será que ela já o vestiu? Será que a lembro? Como era seu nome mesmo? Emma.
  — Apesar de preto não ser minha cor preferida — mas era a cor preferida dela — permita-me? — viro tirando meus cabelos das costas e fixando o olhar no tapete que estava em pé, sinto sua mão à minha cintura e fecha o zíper. Quando me puxa para perto o olho pelo grande espelho que há na minha frente, vendo-o enterrar seu rosto no meu pescoço dando um beijo molhado fazendo-me arrepiar. O coração acelerado parecia que iria perfurar minhas costas temia o mesmo escutar, quando levantou a cabeça me olhou pelo espelho, intimidador. — Tenho algo que irá combinar com você, vou me arrumar e já volto. — Está sério não demonstra emoções alguma, beijou a minha bochecha e eu o olhei saindo pela porta, ele age como se tivesse algum afeto, mas eu sabia que pessoas do tipo dele não pensam em mais ninguém a não ser neles próprios. Dou uma última olhada no espelho. Me analiso mais alguns minutos para pensar novamente na minha mãe, como eu era diferente dela e de Otto, enquanto ambos tinham olhos claros eu tinha os meus na cor castanho, meus cabelos são negros demais e tem uma única mexa branca abaixo deles, o qual eu sempre cubro, minha mãe tinha uma perfeita pele bronze, cabelos cacheados longos, já Otto, eu não tinha nada dele em mim, definitivamente, nem amor. Saio do quarto e vejo Harry vindo em minha direção ele está radiante, assim me vê não para de me olhar o que me faz corar. Ele está de preto também, mas não é a mesma roupa de antes, seu cabelo tem ondas para todos os lados emaranhadas, nem mesmo se preocupou em arrumá-los.
  — Vem — me puxa para o andar de baixo me sentando no sofá e estende uma caixa preta para perto de mim — eu espero que goste — de lá ele tira um colar delicado, com uma única pequena pedra brilhante, prata.
  — É lindo — o seguro olhando o pequeno diamante.
  — Tem bom gosto — olho seu semblante sério — vire-se, por favor — faço o que pede e o mesmo com toda delicadeza tira meus cabelos para o lado colocando o colar em mim. Era meio impossível ver alguém como Harry, parece tão bruto, parece sempre estar em alerta, uma postura de dar medo, ter o toque tão suave e tão delicado. — De todas as modelos você será a que terá uma pedra feita por minhas mãos — fico surpreendida — agora vamos. — Levantou-se estendendo seu braço para mim o seguro e acompanho-o para a limusine lá fora, abre para mim a porta e sento, assim que ele fechou a porta andou até o outro lado abrindo e sentando do meu lado.
  — Me olhe nos olhos Annastácia — Olho em seus olhos e está sérios, lábios numa linha reta e maxilar tenso, seus olhos percorrem meu corpo todo antes de parar nos meus. Nunca pensei que o meu 'sequestrador' fosse uma pessoa tão simpática às vezes e tão sem emoção. Sempre ouvi da minha mãe que gente como o papai tem o temperamento muito ruim por se envolver nessas roubadas, percebia isso a cada dia vendo meu pai sendo bipolar com minha mãe, então bipolaridade também era algo ruim. Harry era bipolar isso se percebe.

Um Último Gemido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora