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  Harry para seu carro em uma vaga do outro lado da rua onde está acontecendo uma festa, a música é extremamente alta e dá para ouvir daqui. O acompanho enquanto andamos para a festa, não demora muito para segurar a minha mão, não questiono também, o faz desde que saímos. Ao adentramos a casa no que parece ser um jardim, as luzes piscam, caixas de sons para fora, copos, roupas e corpos semi nus a andar por aí, me pergunto o que Harry vem fazer numa festa de adolescentes. Aqui sim é a casa que imaginei ser a dele. Mulheres peladas servindo os homens e a música dói à cabeça de tão alta, me sinto intimidada pelas mulheres sem roupas, me imaginei sendo como elas, mas eu temia isso, elas fazem sorrindo, o que elas escondem atrás desses sorrisos? Uma morena de cabelos curtos na altura dos ombros vem em nossa direção, nota-se que está bêbada, seus cabelos curtos estão balançando enquanto ela anda até nós quase caindo com seus saltos enormes. De início achei que iria nos cumprimentar, mas desviou de nós tão rápido que chegou a cair e ninguém fez nada por ela, eu continuei seguindo o homem que nem se quer piscou perante a cena.

  Na casa o som é mais alto, doí meus tímpanos, mas tento ignorar o estrondo, achar algum lugar aonde a música não chega tanto, mas Harry havia pedido para ficar perto dele e ele conversa com alguns homens, na verdade, eles gritam um com os outros, copos de bebidas nas mãos e também usam ternos, por mais que isso parece uma festa de adolescente, é de mafiosos.
  — Não irá apresentar sua garota Vitsky? — ouço uma voz atrás de mim e tento ignorá-las.
  — Não há necessidades — a voz dura do homem mais velho me causa arrepios. No canto da sala percebo o olhar de algumas pessoas em um grupo, dois homens três mulheres. Vejo uma porta que provavelmente dá a algum lugar lá fora, vou a caminho de Harry e assim que entro no meio dos homens alguns olhares vêm a mim, chego perto do mesmo que conversa com alguém e seguro sua mão puxando devagar, seu olhar por cima do ombro me fez ficar na ponta do pé para falar ao seu ouvido e ele abaixou para ouvir melhor.
  — Posso ir lá fora, não gosto da música — Harry hesita me olhando e parece supervisionar o lugar com cautela, me olha nos olhos e faço contato visual. Talvez se eu o agradar ele deixe.
  — Não faça nada que me irrite ou será punida. — Calafrios passou-me nas espinhas e assinto com a cabeça incapaz de confiar na minha voz. Antes de sair eu passo pela cozinha, olho de um lado para o outro e acabo abrindo a geladeira e roubando sanduíches.

  Caminho em passos lentos pela porta sem olhar para as pessoas que olham para mim. Olho para trás e Harry me encara enquanto ando, dou um pequeno sorriso enquanto mastigo, no entanto, o mesmo apenas toma um gole da bebida do seu copo. Viro-me entre meus calcanhares e ando para porta. Alguns casais perto da linda piscina e vários copos jogados no jardim. Ando até um lado distante da casa e me apoio numa única árvore, o som aqui fora é baixo e isso me agrada e, ao mesmo tempo, me permite olhar o céu. Enquanto como o sanduíche de pasta de amendoim e limpo meus dedos olhando para todos os lados enquanto cometo meu pequeno crime, uma tosse é ouvida e me assusto ao me virar e ver um corpo alto. Meus olhos ardem e um cheiro de cigarro entra pelas minhas fossas nasais me fazendo tossir, a risada baixa foi ouvida e eu demoro em abrir os olhos pela queimação, mas quando o faço olho para o rapaz alto a minha frente.
  — Por que fez isso? — quase grito e ouço sua risada, meus olhos estão embaçados de lágrimas, dói e pisco muitas vezes.
  — Por que está aqui só? — me respondeu com uma pergunta.
  — Não estou só — o mesmo franze seu semblante e por cima de seus ombros encontro Harry a aproximar, então seus olhos encontram os meus, seu cenho está irritado.
  — Annastácia, venha cá — o homem se virou para o Harry e o olhou, caminho até ele e seguro sua mão, segurou com firmeza e me olhou, seu maxilar está tenso e suas sobrancelhas franzidas, seus ombros retos em estado de alerta. Ele está bravo.

  Sinto a tensão no ar, mas meu coração bate pensando no que pode acontecer ao chegar em casa, serei punida, como? Com o que? De que forma? Engulo em seco olhando o homem a minha frente.
  — Harry Van Vitsky — Van Vitsky, seu nome completo é pronunciado como se dito pela primeira vez por uma pessoa que o analisa, dito pausadamente, não tão lentamente, pois, o sujeito a nossa frente deve conhecê-lo, já não bastava o fim, o meio também é complicado. Respiro fundo, já me sinto ansiosa e com medo, eu consegui estragar a noite, sem nem mesmo fazer nada.
  — Sharon — seu tom soou neutro. Harry começou a andar no sentido ao contrário, pude ver em seu celular, onde o mesmo digitou algo, que são duas da manhã. Estou acordada a vinte e três horas seguidas, não havia percebido minutos antes, mas estou tão cansada, minhas pálpebras estão pesadas e minhas pernas pedem para Harry desacelerar seus passos, passamos pela casa e logo estamos na rua indo em direção ao seu carro. Devo conversar? Devo dizer alguma coisa para me justificar? Ele irá ouvir? Começo a entrar em pânico, o que ele vai fazer comigo?

Um Último Gemido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora