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 No carro organizo os papéis na pasta enquanto estamos a caminho do clube. No telefone, Suzana me diz tudo o que tenho durante o mês para cumprir, minha agenda da empresa está cheia e a 'agenda da morte' também. Suspiro e olho para fora, meus pensamentos estão em Anna na casa rodeada de seguranças, árvores e mesmo com toda segurança do mundo, parece ainda está venerável, sinto a todo momento que ela pode escapar pelos meus dedos como grãos de areia da praia. Com ela ao meu redor parece que nada fica certo, que nada está perfeito, parece que tudo vai dar errado, pensar assim é horrível.

  Afasto meus cabelos do rosto e coço meus olhos, o carro para logo em seguida em frente ao prédio. Gutemberg's Company, meus planos são alugar um prédio por aqui e aumentar a produção das jóias, mas não sei se confio em alguém para cuidar disso aqui, a única pessoa de confiança que faria isso por mim, odeia essa cidade o tanto quanto eu odeio.

Estamos no elevador, prontos para encontramos com Vicente na sala de reuniões, eu e Silas, por algum motivo que não sei qual é e já quero eliminar, estou apertando a maleta, não estou com bom pressentimento.
  — Senhor Van Vitsky! — seguro a mão do homem a minha frente.
  — Gutemberg — um mínimo sorriso desenha a minha face.

  Começamos discutindo como seria o prédio ideal para ser alugado e em qual lugar, acabei nem prestando atenção no que ele estava dizendo e mostrando. Quando realmente prestei atenção no que estava sendo dito aceitei o último prédio, quase a mesma semelhança do verdadeiro império. Já era mais ou menos três da tarde quando saímos da empresa para irmos aos clubes, pela minha contagem, chegaria para o jantar.

  No carro examino todos os e-mails que estão chegando. Reuniões e mais reuniões, propostas e convites. Suzana vai entrar de férias e antes que isso aconteça eu tenho que estar sabendo de tudo o que tenho que cumprir da minha agenda, ótimo, estou começando a achar que meu pai estava certo, depois de um tempo você precisa de mais uma cabeça para pensar com você. Mas quem iria querer saber o que a minha mente passa? Acho que ninguém gostaria de estar no meu lugar, não alguém que sabe a minha verdadeira identidade.
  — O que foi Silas? — percebo que está inquieto.
  — Não é nada senhor — tenta olhar para um único e importante ponto, a estrada, mas seu olhar intercala entre mim e seus dedos apertados no volante.
  — Fala logo — suspiro.
  — Bom, parece que houve um problema no clube essa semana — respiro fundo e deixo de lado o computador.
  — Que clube e que problema? — tiro os óculos de grau massageando os olhos, sabia que havia alguma coisa errada que eles não me falam, como sempre eu só descubro em cima da hora.
— No clube Le Voir Charme, não sei ainda qual foi o problema — ótimo. Me deixou mais calmo!

  Ao chegamos no clube passo por todos que esperam perto das paredes. Algumas mulheres aos cantos arrumando para a noite, vou direto para minha sala, não tenho mais paciência para nada hoje, só quero averiguar as coisas e voltar para Anna, voltar para casa, tomar um chá e talvez relaxar. Mas assim que entro no escritório e encontro dois homens sentados nas poltronas, de cabeça baixa, eu sei que não posso deixar a questão de lado, não posso esquecer o problema como uma pessoa que faz trabalhos digno faz, mas ao contrário dessa pessoa, eu não posso deixar o problema para depois.
  — Vou ser breve, estão com os documentos? Quero terminar de lê-los antes das cinco — me sento e eles se olham, Jesi abre sua pasta me dando os papéis. Coloco os óculos e abro o notebook ainda os olhando. — Vocês não têm nada para acrescentar, antes que eu comece a ler?
  — N-Não senhor. Fique a vontade — se vão e Silas me olha. Reviro os olhos e o dispenso.

  Analiso os gastos e lucros do clube, a ida e vinda das mulheres e os seguranças, as bebidas e drogas que entram, ao assinar alguns papéis, anotar e comparar com o mês anterior, parece que ninguém teve a brilhante ideia de me roubar, penso que o último exemplo que dei a eles sobre alguém tentar me roubar, deu certo. Quando acabei de assinar tudo e ler muito bem já era mais de cinco, faço uma cópia dos documentos e guardo na pasta em um saquinho separado. Ao sair do escritório todos estavam lá, olhando para mim, parecendo cachorros esperando comida na vasilha.
  — Tem certeza que não tem nada para me contar? — Jesi assentiu que não, balançando sua cabeça devagar. Respiro fundo tentando me controlar e dou mais um passo para perto de seu filho Scott. — Gostei da tatuagem Scott, deve ter sentindo muita dor, é uma tatuagem muito grande para um iniciante — Scott ao contrário do pai me olha nos olhos.
  — Obrigado senhor, doeu, mas valeu a pena! — aceno e volto a olhar para Jesi.
  — Eu vou voltar — Silas me acompanha, no meu quinto passo escuto a voz, soa tão bom nos meus ouvidos, tremida no final, quase chorosa, a voz do arrependimento.
  — Senhor — repetiu.
  — Sim? — me viro.
  — Eu c-cometi um erro — olho para as luzes vermelhas ligadas ao redor do bar, as mulheres atrás dele se encolhem.
  — Um erro — caminho até o bar — uísque, por favor. — Seguro no copo que começa a ficar cheio, então tomo a bebida num gole só — um erro.

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Pessoal eu estou adaptando essa história, fazendo uma revisão. Então eu demoro porque muitas vezes eu excluo três capítulos e refaço de outro jeito e tal, então as vezes os comentários são confusos, pois são referente a versão antiga. Beijos

Um Último Gemido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora