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  Depois que comemos e andamos um pouco pelas lojas, Harry me levou em um parque um pouco distante de onde estávamos, comemos mais algumas besteiras e por fim fomos brincar, mas eu não gosto muito das opções de brinquedo que ele olha.
  — Não sou fã de altura — Harry para na fila para bilhetes da roda gigante, só de pensar me dá dor de cabeça e tontura.
  — Está explicado porque não cresceu — ri divertido e eu faço cara feia — vamos — me puxa e faço corpo pesado para não sair do lugar, me olha como uma mãe que repreende seu filho no meio de todos, com sobrancelhas franzidas e confusão.
  — Não — sem perceber o que acabei de dizer em um segundo sua postura se arrumou e sua expressão mudou de confuso para desafiador, mordeu seus lábios e me olhou atento.
  — Repete — Harry a colocar postura reta para mim era sinal de alerta, abri a boca, mas nada saiu e então senti o rubor das minhas bochechas, me puxou com ele e sentamos em uma das cabines da roda gigante. Ao entrar em movimento cravo minhas unhas no seu braço e fecho os olhos, sinto meu estômago embrulhar. Sei que quer que eu perda o medo, mas nem se quer olho para fora.
  — Abra os olhos Annastácia — sua voz soa baixa no meu ouvido e sinto o peso da sua cabeça no meu ombro.
  — Senhor — engulo em seco — não me sinto bem. Estou enjoada — ao abrir meus olhos e olhá-lo com seu cenho suave, um olhar brincalhão e um sorriso intrigante nos lábios eu sorri, até olhar para o céu. — Ai meu Deus! — meus olhos se abriram tanto que senti que sairiam de mim e cairiam no seu colo e foi disso que eu ouvi sua primeira gargalhada, me puxou para um beijo e isso pareceu acalmar meus nervos. Quando descemos da cabine e eu pude respirar e me sentir segura, fomos ao tiro ao alvo.
  — Ei — Harry me olha — me ensina a atirar — observo quando pega a arma.
  — Claro, segura aqui — segura minha mão colocando a arma.
  — Eu quero aprender, só que com uma arma de verdade — isso o fez me olhar, sério, um pouco confuso até, tira a arma de mim e se recompôs na sua altura.

  Aquilo que eu disse parece tê-lo calado, ele atirou e conseguiu dois ursos para mim, em dois brinquedos diferentes, mas não tocou em nenhum assunto a mais depois que saímos do brinquedo, não brincamos mais e só andamos no parque. Eu até perguntaria o porquê, entretanto, acho que se a pergunta anterior foi o que o deixou assim, tem um motivo a mais para não perguntar o que foi, justamente por saber a resposta ele ficou quieto.

  No fim da tarde, Harry comprou ingressos para assistimos um filme e parece mais relaxado que antes o que me fez também ficar aliviada, qualquer coisa que eu tenha dito não é mais um problema para ele. Depois de termos sentado esperamos os trailers passar, sentamos nas últimas cadeiras e não há quase ninguém aqui, me acomodo e coloco o urso ao meu colo, sinto minha mão ser envolvida e olho para ela, a sua está cobrindo a minha como se o ato o fizesse proteger todo meu corpo, relaxo na cadeira para assistimos ao filme, uma tarde sem tédio em dias com ele desde o meu sequestro.

  Acordo em um lugar escuro. Demoro muito em juntar os fatos de como vim parar no quarto e na cama, sento observando todos os lados, os dois ursos que estavam comigo antes, estão sobre a poltrona, às roupas que vestia foram substituídas por uma blusa confortável. Calço meus pés e saio do quarto, a luz do corredor me cega por alguns minutos e ouço barulho de talher daqui, desço devagar as escadas e paro na beira da cozinha vendo que prepara alguma coisa.
  — Então, eu dormi no cinema — Harry não se vira para mim, já eu cruzo meus braços para o peito — legal — respiro fundo caminhando para perto do balcão — você me carregou no meio de todos?
  — Sim e tive que te carregar, você não acordou e, um garoto trouxe seus ursos — virou-se para mim, eu estou definitivamente tentando não rir dessa situação, não por parecer engraçado, mas pela vergonha disso tudo.
  — Meu Deus! — me sento já caindo na gargalhada e cubro meu rosto com as mãos.
  — O filme era mesmo chato, eu disse para assistimos um de terror. — Concordo ainda rindo e se senta a minha frente abanando a cabeça de um lado para o outro, com certeza segurando o riso.
  — Eu deveria ter ouvido — Harry serve os pratos à mesa com sopa, a noite estava meio fria, perfeita para o caldo e um lençol quentinho.

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Um Último Gemido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora