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Anna

  — Annastácia — olho para Harry que estende sua mão para subir no jatinho.
  — Obrigada — estendo minha mão para o mesmo que a agarra com força.
  — Boa noite, senhor Vitsky — Jack o cumprimenta e faço o mesmo.
  Entramos na aeronave e sentamos nas poltronas macias, Harry pega seu notebook e começa a digitar, enfim, voltamos à mesma coisa de antes, começo a pensar que essa viagem pareceu um escape da bolha que presenciei por uns dias com ele, trabalho e trabalho, e eu só. Sem nada a fazer até chegamos, respiro fundo e me afundo no acento, observando seus dedos digitando tenho uma ideia:
  — Como são seus negócios? — Harry me olha por cima dos seus óculos.
  — Como assim? — os tira e fecha o notebook.
  — O que irá negociar como funciona?
  — Não costumo falar sobre isso com ninguém — no seu tom tem algo intrigante, parece um tom de jogo, não repreensivo. — Você quer saber sobre meus trabalhos sujos? Sobre máfia? — Harry suspira — trabalho com transporte de armas — não fico surpresa — transportes ilegais, claro. Tudo tem que ser bem planejado tenho um acesso forte com os portadores. Eu e seu pai tínhamos, um vamos dizer, laço, e ele cortou isso. — Me sinto na obrigação de perguntar sobre meu pai. Aliás, aqui não há como ele fugir a não ser que me jogue desse avião.
  — E meu pai? — seu cenho está sério, fechado de emoções.
  — Não iremos falar de...
  — O que ele fez? Foi tão grave assim? — respirou fundo, seu peito subiu e desceu calmo, me olhou nos olhos e seu maxilar cerrou.
  — Foi e muito, ele cometeu erros que dinheiro não poderia apagar.
  — Eu paguei? — sem perceber o que acabei de dizer, fico desconfortável em olhá-lo.
  — Não, disse que pagaria a metade.

  Quando pisamos em Londres estávamos calados, Harry não disse nenhuma palavra comigo, não parece abalado com nada, seu cenho é indecifrável, não sei se está triste com minha reação ou se está pouco se importando, no trajeto para casa fala ao telefone impaciente.
  — Como assim você não marcou? — passa a mão nos cabelos o afastando — mais que porra! Marca a droga dessa reunião para hoje ainda. Eu não irei perder um negócio — o telefone é desligado e Harry olha para o lado, as ruas de Londres estão cobertas por neve, enfeitadas para o Natal, parece pensativo.

  O carro para à frente da porta de casa e saímos. Já dentro de casa me sento ao sofá tirando meus sapatos ouvindo apenas o barulho de suas botas.
  — Se vista adequadamente para hoje, tem uma hora para está aqui novamente — ouço sua voz rouca ecoar pela casa.
  — Tudo bem — seguro os sapatos e ao me levantar está parado me olhando, não saio de onde estou, continuo o encarando, me levará com ele para uma reunião, meu pai nunca fez isso e não sei como me sinto sobre essa questão. Olhando em seus olhos, vejo agora, o quanto está chateado. Harry deve está enfrentando algum problema, e eu o deixei chateado, o ver assim me deixa mal. Não era minha intensão o deixar triste eu apenas queria saber de Otto, mesmo o odiando, é o meu pai. Sai da minha presença subindo as escadas, observo o lugar, eu quase me esqueci de que isso é uma masmorra, me sinto a Bela no castelo da Fera, e cara. Nunca me identifiquei tanto.

  Subo as escadas em direção ao quarto e assim que entro Harry tira sua blusa, não notando minha presença soca a parede e joga seus sapatos para longe, nunca o vi dessa maneira. Estaria assim pelo que perguntei? Ou por sua negociação quase descer por água abaixo? Respirou fundo quando entrou no banheiro, esqueci que nesta casa tenho meu próprio quarto e não preciso dividir um com Harry. Fecho a porta e começo a andar pelos corredores, espero não me perder, aliás, passei apenas alguns dias aqui, posso me confundir com as portas iguais. Depois que acho meu quarto, entro no mesmo indo direto para o banheiro, deixo minhas roupas no cesto de roupas usadas e deixo que a água desça meu corpo abaixo. Relaxo e tudo o que quero, é minha cama, mas sei que à noite será longa ainda. Já e quase madrugada e Harry não poderia deixar isso para mais cedo? Saio do banheiro separando um vestido vermelho que me vai até o joelho. Deixando separado também um salto bege, sento a frente da penteadeira colocando meus longos cabelos em um rabo de cavalo, faço uma maquiagem leve apenas para não parecer tão nova quanto sou. Coloco uma lingerie preta de renda e logo após o vestido que cola em meu corpo. Olho-me no espelho e penso duas vezes. Sei que Harry pediu para que eu fosse comportada nas minhas vestes, mas não sei se irá reclamar por meu vestido está tão colado. Tentando não pensar no que Harry irá achar eu coloco meus saltos olhando no relógio e ainda tenho vinte minutos, coloco perfume e passo um batom vermelho nos meus lábios, suspiro quando já ouço suas botas.

Um Último Gemido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora