Anna
Depois de sair do maravilhoso show de ópera e jazz que me levou a um mundo maravilhoso de lembranças e vivências. Harry havia me levado para uma loja de discos imensa, eu estava tão admirada com tudo aquilo que havia se esquecido de como era ouvir um bom vinil. Enquanto ele escolhia seu disco eu também estava a reparar nos milhares à minha frente, eram bandas boas demais para escolher apenas um disco. Em minha mão havia discos dos Beatles, Pink Floyd e do Lionel Richie. Mas eu ainda não havia achado o da minha cantora preferida Janis Joplin.
— O que ainda procura? — vejo um rapaz chegar perto de mim e sorri para ele sabendo que com sua ajuda eu acharia.
— Janis Joplin.
— Você curte esse tipo de clássico? — ele começa a andar e o acompanho.
— Gosto bastante das músicas antigas, minha mãe escutava junto a mim — ele me olha e sorri.
— É um dos melhores gostos para música — ele levanta o disco e tenho certeza que meus olhos brilharam mais que o sol no verão.
— Apenas? — quando iria responder sinto uma mão a meu ombro e a voz mais grave responde por mim.
— Apenas isso. — Vejo Harry olhar o rapaz que ao ver não parece nada intimidado apenas sorri para nós dois em simpatia.
— Me sigam até o caixa, por favor — o loiro se vira em seus calcanhares e caminha conosco pelos corredores de discos da loja. Harry me olhou e não era um olhar de desaprovação, estava normal. Achei muito bom da sua parte não ter ciúmes de um simples homem que faz seu trabalho em meu ajudar. Até porque, estava claro que não tinha outras intenções.
— Aqui está obrigado e voltem sempre — o rapaz me entrega as sacolas — Feliz Natal!
— Feliz Natal! — eu digo e saímos da loja — gosta do Natal? — pergunto a Harry.
— Nunca comemorei — fico a sua frente andando de costas e o encarando surpresa, quem não comemora o natal?
— Sério? — minha boca abre em um perfeito "O" — por quê? — volto a andar ao seu lado.
— O que fazemos no Natal? Somos falsos com nossos familiares. Viajamos até eles ou eles até nós só porque é uma data "especial", mas o resto do ano não falamos com nenhum deles — suas mãos estavam nos bolsos de sua blusa de frio enquanto olhava fixamente para o carro no outro lado da rua.
— Mas tirando ver nossa família — o encaro — fazemos jogos, comemos, vamos às festas e agradecemos pelo ano.
— Agradecer por quase morrer o tempo todo? — Harry meio que gargalha forçado — eu tenho uma vida de tiros e negociações, mortes e uma empresa de impérios. Vou agradecer o que do meu ano?
— Aproveitar um natal com vida — digo baixo e olho as sacolas nas minhas mãos, sei que me olha e está quieto sobre isso — se passa um ano inteiro no meio de tiroteios, brigas e negociações. Agradeça no natal por estar com sua mãe. Estamos indo buscar ela agora e falta poucos dias para o natal — seguro sua mão.
— O que você irá agradecer pelo seu ano. Perdeu sua mãe, foi isso que o ano te deu — por mais que ele tocou nesse assunto e estava tentando me convencer que o natal era ruim. Eu o olhei e simplesmente sorri.
— O ano não só tirou minha mãe. Tirou ela e colocou você na minha vida. O ano, não tirou a vida dela, lhe deu uma vida melhor e você me tirou do inferno que era a minha casa. O que vou dizer para o ano? Obrigado por trilhar a vida de uma granada chamada Harry Van Vitsky — andando pude ver que ao lado esquerdo de seu rosto trilhou um sorriso de lado pequeno e com isso ficamos quietos apenas aproveitando o passeio até o carro. Dentro do mesmo a noite caía enquanto ele não havia falado mais nada. Apenas ouvimos o som da cidade e do motor do carro enquanto o caminho para a rodoviária estava apetitoso em visões maravilhosas da decoração de natal e a neve.
— Que? — reparo no mesmo com o celular a dirigir — sim... tchau. Enquanto dirigir não use o celular — O encaro incrédula
— Fala isso para mim senhor Vitsky?
— Sim futura senhora Vitsky — coro com essa informação e vejo um sorriso largo nos seus lábios.
Harry
Quando deixo o carro estacionado e eu e Anna descemos para a rodoviária, poderia sentir a surpresa da minha mãe de longe, nos víamos sempre uma vez no ano e toda vez ela me dizia o quanto eu estava mudando. Diria aquilo novamente? Imagino seu olhar para a garota, Anna mudou muito desde pequena, mas o sinal que tem no seu cabelo nunca saiu a mexa loira que carrega na parte de baixo dos negros cabelos não irá enganar Débora Castle.
Assim que avisto a loira de curtos cabelos cacheados e a morena de curvas elaboradas não pude deixar de sorrir lembrando que os negócios sempre foram tão bem sucedidos por conta dessa mulher, não me deixava saber o porquê erámos tão afastados um dos outros.
— Filho — solto a mão da miúda e abraço minha mãe logo depois Cristal que não deixa seu ato de bagunçar meus cachos.
— Vitsky — a voz conhecida por mim me faz elevar o olhar para Shawn, meu primo.
— Shawn — aperto sua mão e ouço uma tosse falsa — apresento-lhes Annastácia. — Débora sorri para mesma a cumprimentando e como eu pensei a mesma fez seu habitual ato. Colocou seus cabelos em um rabo de cavalo revelando sua mexa. Débora e Cristal fecharam seu sorriso, fazendo o meu abrir de orelha a orelha.
Harry está por cima outra vez.
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Um Último Gemido - Livro 1
RomanceA vida de Anna muda assim que encontra um homem na sua sala de estar, seu pai que trabalha para a máfia inglesa deve muitos zeros para esse homem perigoso, tal que levará sua filha como pagamento. Mas o que Annastacia não sabia era que a partir dess...