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Alerta de gatilho, se és sensível, pule esse capítulo. 

Anna
  — No que posso ajudar? — o meu instinto em recuar os passos enquanto ele se aproxima, mostra que eu estava com medo, e estou.
  — Sabe, fui contratado, não pelo seu cuidador obcecado, mas por pessoas interessadas em você — recuo até bater na parede e ele parar seus passos.
  — Q-Quem está interessado em mim? — sua risada troveja o quarto inteiro e engulo em seco. Ele sorri e seus ombros balançam, me olha como um completo psicopata.
  — Há muitas pessoas interessadas em você — volta a se aproximar, não tem mais para onde recuar, estou no limite do quarto. — Mas tenho um interesse a mais, além do que você vale — Está tão perto agora que sinto o odor do cigarro no seu hálito.
  — Por favor, não me machuque — tira uma das mechas do meu cabelo, para trás da minha orelha e em choque pela sua ação seguinte paraliso, lembrando-se de tudo o que passei nas mãos do meu pai, querendo fugir dos seus abusos. Beija o meu pescoço e num impulso de coragem o empurro saindo da parede e desviando da muralha que é seu corpo, mas tropeço e cambaleando para trás sinto sua mão segurar minha cintura acabo travando novamente enquanto o olho, lágrimas saem dos meus olhos e eu não sou capaz de pronunciar nada, meu pânico é muito para tal ação. Ele me joga na cama e retira seu cinto sorrindo, estou paralisada, eu não consigo me mexer e isso faz com que a única coisa que esteja funcionando seja as minhas emoções, pois, eu quero gritar, mas meu cérebro não atende meu pedido, meu coração bate tão rápido e a sensação é que, eu fugi por tanto tempo disso e foi à mesma coisa que nada. Eu não sai da minha casa onde eu me escondia ao invés de me sentir segura, pra ser abusada no lugar onde achei um mínimo de segurança. Eu não acredito nisso! Reage Annastácia! Me encolho segurando meus joelhos, sou pega e jogada para o meio da cama levo um tapa no rosto e isso me faz ficar quieta recapitulando o que ele acabou de fazer, sei que implorar para que não me faça nada não resultará, apenas presencio em silêncio o meu estupro. O pequeno pano foi rasgado da minha pele e minhas pernas abertas, olhá-lo é nojento enquanto tenta se preparar para me invadir, empurro sua mão da minha barriga e sou agredida nas coxas. Meus soluços são altos enquanto sinto que me aperta com força em suas mãos, os tapas que são depositados em mim, tem propósitos de deixar nódoas, tem propósito de me machucar como se me punisse por algo que eu não sei o que é, não é como a punição de Harry, ele de certa forma, não me machuca. Antes que entre em mim, ouço o barulho das botas, fecho meus olhos sentindo os beijos no meu pescoço, só então quando a porta se abre eu consigo soltar um longo suspiro de alívio e então quando o homem sai de cima de mim numa violência, eu me sento. Harry está parado a olhar o homem na sua frente, um olhar de ódio para um de deboche, o verde de seus olhos não estão presentes, pois o preto do ódio havia tomado o lugar das esmeraldas, seu maxilar estava tão apertado que eu via os ossos de sua mandíbula se contrair entre si, ofegava, mas era de raiva o peito subindo e descendo, ao me sentar e me cobrir Harry anda enquanto Frederick recua agora com medo aparente, Harry o segurou pelo colarinho da blusa e o levou consigo, Frederick tropeçando nos próprios pés. Quando saiu foi como se meu corpo lembrou de respirar, lembrou de gritar, lembrou que estava vivo! Então eu chorei, suspirei, joguei o medo para fora de diversas formas, em poucos minutos para perceber o que ele iria fazer, iria matar ele! Me levanto e vou ao corredor e daqui já ouço sua voz.
  — QUE MERDA VOCÊ ACHA QUE TAVA FAZENDO? — o gemido e o barulho de algo se chocando me faz arregalar os olhos enquanto desço a estreita escada. Um gemido sai da boca do homem, me seguro ao corrimão vendo tudo que acontece na sala, Harry anda ao redor do homem, furioso, não é o mesmo Harry a ficar furioso comigo, esse está fora dele, está misturado, é o Harry a gritar e a ficar vermelho, mas também é o Harry a quase matar um homem a porradas, um Harry fora de si ou o que eu ainda não conheci? Frederick está jogado ao chão com o rosto ensanguentado e Harry tem um revolve em mãos, para de frente a Frederick e ali lhe aponta a arma.
  — Harry! — estava começando a pensar diferente do homem, não me faça voltar atrás vendo que irá explodir os miolos de alguém — Harry — me ignora, seguro em suas mãos e me olha com olhos negros, o verde está longe, me segurou com firmeza na cintura contra seu corpo fazendo meu corpo fica em pé e meus joelhos pararem de tremer — não o mate — confusão passou pela sua feição — ele não lhe fez mal — minha voz saiu mais audível e sem falhas.
  — Annastácia — sua voz estava diferente pela raiva acumulada — quando se trata de matar alguém não se deve ter sentimentos, seja um filha da puta sem coração, pense no que ele te fez, se ele não fez, pense no quão mal poderia fazer as pessoas que você ama e mate-o — ao ouvir isso me puxou para seu corpo e um tiro alto é ouvido, dois braços me envolvem e eu choro contra seu terno, me mantém em pé me segurando pelos braços, eu estou revestida pela vergonha, medo, dor e tristeza. Me pega no colo e passo meus braços pelo seu pescoço enterrando meu rosto choroso na sua curvatura enquanto segura com firmeza nas minhas coxas e caminha levemente. No corredor percebo que ele anda devagar, meu choro não havia cessado, não tarda muito para estamos no quarto.

Um Último Gemido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora