Estamos calados a comer, o barulho chato do relógio há contar os minutos, a geladeira até mesmo os talheres, tenho a necessidade de dizer alguma coisa, preciso acabar com esse silêncio horrível.
— Está uma delícia — me sinto patética agora, preferia ficar quieta.
— Se soubesse atirar antes, teria o feito? — eu sabia do que se tratava essa pergunta e também sei do que vai se tratar a conversa pelo jantar.
— Não — me olha nos olhos.
— Como não? — respiro fundo, talvez ele pense que a questão de aprender a atirar seja para me defender, também, claro que sim, mas eu não teria coragem, a coragem dele, de matar alguém, nunca fiz isso antes e espero não fazer.
— Eu não teria a coragem — ele suspira e abana a cabeça de um lado par ao outro — é uma vid...
— Ele não pensaria se você é uma vida ou não, se fez ou não mal para ele. Só iria atirar — o jeito que diz isso, parece treinado como se já foi dito para ele.
— Eu não sou ele e nem me compare as outras pessoas — sua mão segura a minha e o olho, me passa conforto, não entendo logo no começo, mas sinto medo em mim e ele viu isso primeiro. Olho nossas mãos, faz tão pouco tempo, tão pouco tempo desde que pedi para conhecê-lo e estamos isso, viramos isso de repente.
— O que pensa? — olho minha sopa esfriando e coloco uma boa colher na boca.
— Em como viramos isso aqui, tão rápido, eu pedi para te conhecer, começamos de um lado errado e de repente, somos isso. — Fico confusa na minha própria explicação e ele ri.
— Não pensa em como aconteceu, o que fez para acontecer. Apenas deixe que aconteça — sorri terminando a sua sopa e faço o mesmo com a minha, logo estamos arrumando juntos a cozinha e indo para o quarto, mesmo ainda sendo cedo para irmos dormir.Volto a deitar enquanto ele se serve de bebida, ligo a televisão, mas sem tempo de me concentrar no que está passado se enfia na frente da tela e bebe sua bebida, olho em seus olhos e engole todo o líquido.
— Irei trabalhar amanhã, seja uma boa menina, daqui a três dias voltamos para Londres — irei ficar só novamente e não sei se conseguirei.
— Mary vai estar lá? — desliga a televisão e tudo volta a ficar escuro, sinto o colchão abaixar e suas mãos quentes me faz arrepiar, seu corpo fica por cima do meu e me beija, um beijo calmo com gosto amargo da bebida, mas quente pelo álcool, ao nos separamos se deita ao meu lado me levando para seu peito. Sai da sua casa para essa viagem e nem queria que me tocasse, fiz a decisão de conhecer ele, o tirei da terapia, conheci seu lado do vício e agora, espero estar conhecendo outro lado, não sei se estou apaixonada, não, acho que estou começando a gostar dele, não é por menos, se vou ser sua prisioneira, eu tenho que me dar bem com ele, vou vê-lo vinte e quatro horas, todo dia do ano, não posso ficar isolada, mas não pensei em estamos em uma relação como esta, quando começou a me mostrar o lado viciante de um dominador, eu pensei que só seria sobre sexo, mesmo ele me dizendo que nem tudo roda em volta do prazer, conheci pouco eu sei e no meio disso eu quis fazer também, é melhor eu não pensar nisso mesmo, eu acabarei me deixando louca. Deixa fluir Anna, se acontecer algo o que você tem a perder? Só a vida. Olho para ele está calmo, já dorme, mas eu não tenho sono. Saio devagar para não o acordar, desço as escadas e observo pela janela, homens a conversarem longe enquanto fazem ronda, vou à cozinha e bebo um copo de água, amanhã ficarei sozinha, ele confia naqueles homens lá fora, mas eu não. Fecharei a porta logo quando sair pela manhã.Acordo e sinto um forte vento passar pelo meu corpo, me encolhendo sobre os lençóis, ouço barulho de água caindo, olho o despertador em cima do móvel ao lado da cama e passam das seis da manhã, me levanto e me dirijo até as janelas abertas tomando um choque térmico pela minha temperatura e a do tempo, a água para e eu volto a cama, vendo a porta do banheiro abrir e a fumaça junto a um Harry de toalhas pretas na cintura sair da casa de banho.
— Bom dia — minha voz saiu rouca.
— Deveria estar a dormir — seca seus cabelos com uma toalha pequena e passa por mim até a cômoda.
— Não consigo mais — me encolho nos lençóis enquanto o observo, assim que tira sua toalha eu cubro meu rosto ouvindo uma risada rouca.
— Não precisa se esconder. Nada que você nunca tenha visto. — Não me surpreende sua segurança consigo mesmo. — Pronto— o olho e está de costas, algumas cicatrizes nas costas, então quer dizer que nem sempre fica atrás das cortinas.
— Quer comer alguma coisa? —digo sentando.
— Estou sem fome — torço os lábios. — Te espero lá embaixo em trinta minutos Annastácia — confuso, mas eu não retruco apenas levanto.
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Um Último Gemido - Livro 1
RomanceA vida de Anna muda assim que encontra um homem na sua sala de estar, seu pai que trabalha para a máfia inglesa deve muitos zeros para esse homem perigoso, tal que levará sua filha como pagamento. Mas o que Annastacia não sabia era que a partir dess...