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  Ao descer as escadas para contar a Harry sobre o homem que vi lá fora, ouvi mais uma discussão sua e de sua mãe, suspirando por perceber que ele não está nada bem com ela aqui, eu sendo a culpada, me sento na escada e observo os dois.
   — Você é louco! — diz ela em um sussurro gritante — ela é oito anos mais nova que você! — ela o olha com os olhos esbugalhados e Harry apenas passa a mão em seu rosto — está fazendo com ela o que fez com Emma, Emma tinha vinte, vinte não dezoito, você é um doente tem que se tratar. Podem te processar Har...
   — Quem vai ser o louco que trabalha aqui para fazer isso? As pessoas da rua não sabem que ela tem dezoito, à polícia não sabe que estou tendo relações com ela. Você vai me denunciar? Para a lei, sou apenas a pessoa que adotou ela.
   — Não irei te denunciar idiota — Débora parece preocupada com Harry pela primeira vez em minha vista — Harry você é doente e sabemos.
   — Fetiche não é doença.
   — Tendo uma criança na sua cama é sim! — Grita — que tipo de homem você está se tornando por ter uma criança. Seu objetivo em trazê-la para cá era esse, foder com ela? — Harry se senta e apoia seus cotovelos sobre o joelho e seu rosto em suas mãos. Queria uma resposta dele. Queria me usar apenas?
   — Ele vem uma vez por mês pa...
   — Você não está doente, o amor não tem idade — Cristal aparece da cozinha e eu observo tudo da ponta da escada — ela quer matar Anna como fez com Emma — nessa mesma hora, eu não acreditei, sabia que Débora poderia fazer tudo para não querer eu com seu filho, agora matar alguém que ele gosta para não sair do seu lugar por pura frescura? Já é demais. Não só eu estava surpresa, mas Harry não havia se pronunciado, era raro mostrar suas emoções quando algo tão grave acontecia. Agora simplesmente parecia tão surpreso e de alguma forma abalado que o clima tenso ficou realmente desconfortável.
   — Matou Emma? — sua voz saiu baixa.
   — E...
   — MATOU EMMA!— me sobre salto na escada com seu grito rouco rasgando sua garganta e eu nunca vi Harry tão furioso como está agora. Sua veia da testa ressaltou e seu rosto ficou vermelho enquanto levantou do sofá — então esse tempo todo me culpo por ter tirado a vida de uma pessoa e foi você? — Harry se culpa? Assustava-me qual seria a reação dele, está perto de Débora e a olha de um jeito tão penetrante que era eu quem sentia a sensação ruim pelo seu olhar. Débora carrega puro medo nos olhos e Cristal se tornou fria, nunca vi um segundo Harry como via em Cristal, não se importou em tentar tomar uma distância do irmão do corpo de sua mãe, e foi ai que me lembrei. Onde está Shawn? — espero que suas malas estejam prontas, pois nunca mais quero ver sua cara — Débora agora parece abalada como se sua intenção nunca foi essa, mas suas ações mostram.
   — Harry — de longe via o brilho dos seus olhos marejados — filho.
   — Não encosta-se a mim! Não me chama de filho! Uma mãe nunca iria interromper a felicidade de um — Cristal me viu e a olhei nos olhos, diferente do Harry, mesmo com semblante frio nunca perdia o calor no olhar, já ele sempre mostrava um olhar intimidador — Anna é minha prioridade agora. Se encostar um dedo nela, esqueço que sou seu filho. — Harry se dirige até seu escritório e antes que desaparecesse deixou poucas palavras — tem quinze minutos para saímos. Esteja pronta Annastácia — meu corpo congela quando ouço meu nome, sabia que os observava e isso me traz uma má impressão. Não queria passar o ar bisbilhoteiro da sua vida, suspiro e levanto vendo Débora me encarar e Harry desaparecer, abaixo meu olhar e me viro de costas para caminhar até o quarto. Ainda me sinto tensa por toda a informação, sabia que Harry não era um homem ruim. Mas de qualquer forma, mencionar Emma o abalou, o que me trás certo ciúmes, mas mesmo assim me convenço que se trata de um assunto delicado. Pego uma camiseta branca colocando por dentro da calça rosa que achei, ponho um all star e solto meus cabelos por cima do grosso casaco. Quando vou ao corredor bato com um peito rígido e olhando para cima recebo um olhar duro de Harry. Suas mãos entram em meus cabelos e sinto meu corpo arrepiar me fazendo fechar os olhos, enquanto o carinho foi depositado.
   — Você me ama? — sua pergunta me fez abrir os olhos e olhar os dele.
   — Amo — Harry fechou os olhos.
   — Então devo deixar você ir — passou por mim e quando eu iria perguntar porquê, virou o corredor para seu quarto me deixando ali. Por que deve me deixar ir?

   Quando desço as escadas avisto Shawn e me aproximo do mesmo.
   — Onde estava? — seus olhos verdes se direcionam para mim e sorri de lado, percebo que tem traços ruivos, mais marcantes que os de Harry.
   — Na cozinha a ouvir mais um discussão como essa dos dois — já havia tido outras? Por que fala sorrindo?
   — Isso tudo é normal? — o olho gesticulando com as mãos.
   — Normal? Parece que os dois ainda moram juntos. Era assim todo dia, quando não rolava brigas, eu e Cristal nos sentia em outra casa. Só nós aqui sabe sobre o fetiche de Harry e Débora sempre achou isso uma doença d...
   — Vamos — a voz no alto da escada me fez o encarar e assim que desceu Cristal e Débora o acompanhou, olho para Shawn que levanta e suspira, juntos saímos da casa.

Um Último Gemido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora