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  No quarto arrumo meus cabelos em um rabo de cavalo, visto a roupa que deixei separada, me perfumo e saio do quarto, um segurança, estou pensando que muitos homens de preto é o que homens como meu pai e Harry gostam, julguei que estar com Harry seria bom por uma parte em não ter homens ao meu redor cuidando de mim vinte e quatro horas como se eu fosse uma pedra muito valiosa. Sou só uma pessoa, quem iria me sequestrar nesse fim de mundo? A não ser que Harry trabalhe para alguém que eu não saiba, e serei novamente uma recompensa. Na sala o homem que iria ser meu novo guarda costa, estava de costas para mim, olhando pela janela a noite começar.
  — Por que não me disse que já estava aqui? — Harry surge da cozinha com um pano em mãos.
  — Achei melhor te esperar — suspira e concorda, nem havia percebido que o homem na janela estava agora no meio da sala e nos olhando. Sério com suas mãos entrelaçadas em frente ao corpo.
  — Esse é Frederick, ele será o seu segurança, os outros que chegarão, tem suas tarefas. Amanhã começarei os meus negócios como eu disse e ficará a só, Frederick está aqui exclusivamente para você, você é a chefe dele agora — olho o homem que estende sua mão para mim — agora vá para a cozinha, tenho que conversar algumas coisas com ele.
  — Sim senhor, com licença — olho uma última vez para o homem, algo nele não me cheira bem. Faço o que Harry pediu saindo logo da sala para a cozinha, a mesa está posta perfeitamente, acho que alguém é perfeccionista, não julgo, deveria saber desde que tem regras para tudo está perfeitamente como ele quer, não gosta de estar fora do controle, deveria já ter percebido que isso também se refere às coisas domésticas.

  O homem havia ido a vinte minutos e eu e Harry jantamos calmos, ele já estava ao fim enquanto eu ainda terminava, mas um silêncio horrível se estalou entre nós, intimidante demais e eu percebi como ele estava sem paciência. A minha respiração e meu coração estavam acelerados demais e isso me apavora, pois, nem eu mesma sei por quê. Será que estou tendo uma crise de ansiedade?
  — Está estranha — disse sem emoção alguma na voz, soou mais como uma afirmação, como se falasse para si próprio sobre minha situação e quando disse isso me assustei, o que me deixou suspeita. — Aprontou algo? Quem era aquele rapaz no shopping? — pensei em dizer algo, às palavras até se aglomeram na minha boca, mas ele não me deu tempo de falar. — Disse para não falar com estranhos na minha ausência Annastácia — seu tom de voz não é alto, é calmo o bastante como se travasse uma luta constate com ele mesmo para não gritar as alturas, antes que eu abra a boca para dizer algo, é mais rápido. — Me responda! — um tapa foi deixado na mesa e sobressalto, o Harry calmo sumiu, a bomba relógio está prestes a explodir de vez, está vermelho, sua veia na testa ressalta junto à de suas mãos, suas narinas dilatadas e sobrancelhas juntas.
  — Ele me atendeu na loja foi apenas isso — olho em seus olhos e vejo a indiferença quando sua cabeça se mexe milimetricamente para um lado. Estou o desafiando olhando em seus olhos, quebrei uma regra?
  — Você tem certeza Annastácia?
  — Regra número quatro — ficou confuso, pois, não havia uma numeração para regras, mas coloquei e eu desacreditando que ele não iria decorar as regras, eu mesma decorei. — Nunca mentir para o Harry — seu semblante passou de confuso, enfurecido à gentil e suave. Não sei se acho doentio ou incrível o jeito que o seu humor muda tão rápido.
  — Boa menina, decorou todas as regras — toma seu vinho e termino minha torta e meu suco de morango. Harry se levanta e se direciona para as escadas enquanto coloco os pratos na máquina de lavar. Volto para a sala decidindo entre ficar aqui ou ir para o quarto, olhando o relógio de ponteiro perto da escada, decido ir dormir mesmo sendo cedo. Eu não tenho nada para fazer mesmo aqui, e preciso pensar no que farei enquanto estiver fora, aqui nessa casa tem que ter algum lugar para se entreter, nunca pensei que ficar naquele castelo no meio do nada seria melhor que ficar nessa casa no meio do nada. O que Harry tem que fica tão afastado das pessoas, sozinho com seus cachorros ao lado de fora, ele não cansa de ser só? Entro no quarto e lá está ele, a digitar no notebook na poltrona em frente à noite, fecho a porta e caminho para a cama, deito devagar e me cubro e ele se vira para me olhar, a luz do notebook é a única coisa acesa no quarto, daqui percebo que está lendo, documentos com certeza.

  Acordo com a luz do sol, o canto dos passarinhos e seu cheiro, demoro em levantar da cama, mas quando faço e vou olhar o dia maravilhoso, não tenho mais a visão bela da floresta, agora tem pelo menos uns seis seguranças rodeando árvores, suspiro vendo que um deles caminha em direção a casa cumprimentando os outros, Frederick, um homem alto, forte, com uma cicatriz no rosto, aparentemente quarenta e cinco anos. Hoje será um dia chato. 

Um Último Gemido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora