Bem Maior

3.2K 445 159
                                    


A reação natural de quando se avisa, no meio de um salão cheio de crianças, que um trasgo está solto nas dependências da escola, é pânico total, então fiquem felizes por Hogwarts ter atendido as exigências pelo menos uma vez. A gritaria foi tanta que teria acordado os mortos, a confusão se instalando enquanto todos iam se levantando e se atrapalhando, com pressa de se salvarem, mas sem qualquer ideia do que fazer para isso.

Observei Malfoy, muito pálido e de olhos arregalados, mas ainda sentado na mesa. Hopkins, tive pena, parecia que iria desmaiar, enquanto Pansy estava tão dura quanto uma estátua e Daphy tinha os lábios tremendo, as pupilas dilatadas. Blásio, o coitado, havia se levantado em um pulo como tantos outros, mas não era do feitio de Alvo Dumbledore deixar o caos se instalar assim. Pegou a varinha e apontou para cima, fazendo várias pequenas explosões saírem de sua ponta – ao menos cinco foram necessárias para fazer com que o salão mergulhasse em um silencio apavorado.

— Monitores — a voz do diretor de Hogwarts, pela primeira vez, não estava nada suave ou gentil. Era grave e sonora, retumbando no salão e fazendo com que uma sensação de calma cirúrgica se instalasse em mim. Alvo Dumbledore era o maior bruxo do século e era nosso diretor. Ele estava ali e não deixaria nada acontecer, ao menos nenhum desastre total. Quase tive pena do trasgo quando o encontrasse. — Levem os alunos de suas casas de volta aos dormitórios imediatamente!

Hermione.

O nome voltou ao centro de minha atenção como se uma catapulta houvesse o lançado. Enquanto Farley e Rivers nos agrupavam, catando principalmente os alunos do primeiro ano e dizendo coisas como "fiquem juntos" e "podemos deixar só esse para trás?" (Anthony quase foi azarado por sua colega por isso). Olhei em volta, meu coração batendo com força e meus dentes se trincando. Pansy e Blásio estavam me segurando, me arrastando com eles pelo mar confuso de alunos em direção a maldita segurança da sala comunal enquanto Granger estava por aí com um trasgo a solta.

Potter! Ele poderia fazer alguma coisa. A sala comunal dele era mais longe que a minha e ele poderia escapar, poderia ir atrás de Mione. Mas ele estava do outro lado do salão, ao do desgraçado do Weasley e os outros alunos primeiranistas da Grifinória. Engoli em seco, acalmando meus próprios pensamento e me concentrando nele. Não estava tão longe, eu iria conseguir, já havia feito antes... eu precisava conseguir.

Harry! Fiz um esforço olímpico para me distanciar de seus pensamentos pessoais, de suas lembranças, de sua vida. Já era bastante ruim interferir dessa forma e ignorei o soco imaginário que levei ao ver como o garoto pulou, assustado e confuso, os olhos verdes me encontrando. Harry, desculpe por isso, de verdade... mas é a Hermione! Ela não sabe do trasgo, Potter! Ajude-a!

Tive tempo de observar Potter estancar no meio do caminho em pleno saguão de entrada. Sua mente, apostava, estava uma bagunça, mas sustentei seu olhar sem a invadir de novo. Esperava que ele entendesse que, sim, eu havia falado dentro dele, mas esse não era o assunto mais importante da noite. Para meu alivio, seus olhos passaram de nublados para brilhantes, determinados até, enquanto assentia para mim com a cabeça e agarrava o braço de Ronald, lhe dizendo alguma coisa.

Só depois dessa visão me permiti ser arrastada para longe do saguão e em direção às masmorras. Tentei ao máximo me concentrar no perigo do trasgo, tirando meu foco das mãos firmes em meus braços, mesmo que a sensação dos dedos fechados na minha carne fosse o bastante para fazer com que meus dentes trincassem e meus ombros tencionassem. Gemma e Rivers estavam claramente nervosos por irem para onde o trasgo havia sido visto pela ultima vez, mas conseguiram nos enfiar na sala comunal sem qualquer problema. Não fui muito delicada ao arrancar meus braços do aperto de Zabini e Pansy, mas eles tiveram bom senso o suficiente para não comentar.

CoronaOnde histórias criam vida. Descubra agora