"A vida é feita de escolhas e cada um seria responsável pelas consequências de sua decisão, não cabendo culpa a mais ninguém."
(Mexa Comigo – Josy Stoque – Andrei e Giulia)
Não consegui dormir. Não parei de pensar no que aconteceu, em como fui estúpida. Estou muito envergonhada, não sei quantas pessoas ouviram nossa discussão. Não quero ter que mentir ou pedir pra falar com Dona Nena, como ela ordenou aos outros funcionários.
Minha última esperança era encontrá-lo na sala dos professores - onde temos tantas lembranças boas - conversar e pedir perdão. Mas alimentar essa esperança só me trouxe mais decepção. O que eu queria? Depois de todas as coisas absurdas que disse, esperar que ele me recebesse com um lindo sorriso, café e um pacote de M&M's?
Não aguentei passar da entrada, dei meia volta e subi de uma vez para o auditório. Quando abri a porta, meu coração deu um salto. Senti como se estivesse em uma espécie de paralisia instantânea. Deus... Não faz isso comigo. Ele está aqui? Marcos.
Olhou-me, mas não em meus olhos, não como antes. Sem aquele jeito de "vou te devorar". Seu olhar era vazio e sem sentimentos, posso jurar que estavam até mais escuros. Meu coração congelou.
Sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. Respirei fundo e fechei a porta, dei uma olhada rápida no local e constatei que estava tudo arrumado exatamente como havia pedido.
A lembrança daquele momento me encorajou a dizer o que precisava. Não podia deixar passar. Não seria covarde novamente.
— Bom dia, Marcos! – caminhei em sua direção com o melhor sorriso que consegui. – Você está melhor?
— Bom dia, senhora Maria Lúcia. – sua formalidade foi como um soco em meu estômago. – Já finalizei a arrumação. Espero que tenha ficado como a senhora pediu.
Marcos estava frio, distante. Nem um milímetro do homem que conheço. Continuou o que fazia sem me olhar, amarrou o saco de lixo, tirou da lixeira e colocou outro no lugar. Sua voz ao menos estava melhor, isso me tranquilizou um pouco. Coloquei minhas coisas sobre a mesa e voltei à porta para impedi-lo de sair.
— Marcos, por favor, não vá. Precisamos conversar.
— Desculpe senhora Maria Lúcia, mas não temos nada para conversar, a menos que seja sobre trabalho. – continuou me ignorando – Se precisar de alguma coisa, pode ligar para a secretaria ou chamar meu supervisor que alguém virá atendê-la.
— Não Marcos. Por favor. Você sabe que precisamos conversar. – tentei tocar seu braço, mas ele não permitiu – Eu fui muito injusta, agi sem pensar. Devo desculpas.
— A senhora não me deve nada. – seu tom frio e amargurado me atingiu em cheio – Não há nada para ser dito. – olhava para o chão, numa expressão dura e distante – Então se me der licença, preciso continuar meu trabalho. – tentou passar, mas eu o impedi.
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Incomparável
RomancePara superar seus medos, Malu escolheu a saída mais viável: reprimi-los. Saciava seus desejos íntimos, fantasiando com personagens de romances eróticos, sem as complicações de um relacionamento, até desafiar-se a sair de sua zona de conforto, com u...