Capítulo 13

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"A saudade que eu sentia de seus lábios, prometeu não ir embora tão cedo. Só isso foi capaz de me deixar assustada, pois não lembro de ter desejado alguém com tanta intensidade."

(O Safado do 105 - Mila Wander - Calvin e Raissa)

Aguardava o segurança trazer a correspondência com o vidro do carro aberto

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Aguardava o segurança trazer a correspondência com o vidro do carro aberto. O simpático senhor robusto, revezava o controle de entrada e saída, com o carrancudo fortão, na cabine blindada, cercado de imagens externas e internas das câmeras de alta resolução, o portão automático e o botão de alarme ligado direto com a central policial. Eles não portam armas, apenas apitos de som agudo, avisando a presença de suspeitos rondando as imediações de nossa rua sem saída. Ninguém entra sem autorização e devidamente registrado com foto e documento. Foi um alto investimento que valeu muito a pena.

— Menina Malu. – disse ao se aproximar – Ontem, um rapaz alto, forte, perguntou por você. – meu corpo travou – Calma com certeza não era o cara da foto. – ele se referia ao Leo – Parecia boa gente, bem vestido.

— Meu Deus! – apertei as mãos ao volante, para controlar o nervosismo – O que ele disse?

— Nada demais. Ele queria falar com os moradores do 88. Ai falei que dona Yolanda faleceu e que a toda família se mudou, como você pediu.

— Que estranho! – fiquei confusa – Bem, pelo sim pelo não, continue dizendo isso. Se fosse algum conhecido, saberia que moro aqui e que não estou em casa neste horário. Melhor não vacilar, pode ser algum amigo dele...

— Fique tranquila Malu. Por esse portão, o maldito não passa.

Agradeci e segui meu caminho, tentando controlar o nervosismo. Mesmo com mandato de restrição e processo, não me sentia segura. Há muito tempo, não temos noticia do Leo, o que me deixava sempre em estado de atenção.

Cheguei ao colégio um pouco mais tarde que de costume. Desde que descobri que Marcos e Milena eram irmãos, deixei de chegar cedo às sextas-feiras. Pra que né? Se não terei a companhia agradável dele... Até passei a trazer café de casa.

O plano era segui com a vida e dar tempo ao tempo. Só que não conseguia mais ficar na sala de professores, remoendo lembranças que me enchiam de esperança e me entristeciam profundamente ao mesmo tempo. Resolvi ir pra sala que daria a primeira aula do dia. Passei pelo corredor e logo a minha frente lá estava ele. Com seu uniforme, sentado em uma cadeira de braços cruzados, com fone de ouvido, a cabeça encostada na parede, dormindo, tão lindo e visivelmente cansado. Diria até abatido.

Quis sentar ao seu lado, abraçá-lo e confortá-lo. Ao mesmo tempo, quis acordá-lo, tínhamos tempo de sobra para uma conversa.

Seu peito se movia calmamente, respirando devagar. Com o silêncio do corredor, reconheci a música que tocava. Estava no fim e tão logo terminou o som do piano, iniciou no modo de reprodução.

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