"Eu também o queria daquela forma. Eu o queria de todo e qualquer jeito. E o fato de saber que teríamos mais tempo me fez sorrir muito feliz em seu ombro e fechar os olhos de puro deleite."
(Chantagem – Nana Pauvolih – Enzo e Olivia)
Já passava das 23 horas quando saí da casa de Gabi. Estava atordoada com tanta informação. A conversa com Lorena foi inesperada e surpreendente, ainda não consegui digerir ou assimilar. Minha cabeça girava. A sensação era de estar naqueles brinquedos de parque de diversões que giram, giram, giram. Você não sabe se está rindo de nervoso ou de felicidade.
Saber que eles nunca foram namorados me trouxe esperanças, mas de que exatamente eu não sabia identificar. Reconhecer que eram amigos com benefícios me deixou com muita raiva. Não raiva do que faziam, não sou hipócrita, mas era óbvio que Marcos tinha Lorena em mais alta estima. Eles se conheciam desde criança. Compartilhavam histórias, vitórias e desilusões. Confiança e respeito, amor e amizade.
Senti raiva de mim mesma. O tipo de confiança e amizade que possuem não chega a um décimo do que tive com Will e o que me deixou mais irada, foi perceber que isso nunca aconteceu por minha causa, jamais permiti uma aproximação real. Jamais trocarmos confidências, cumplicidades. Percebi que não sabia muitas coisas de sua vida, apenas o básico: Will é solteiro, nunca se casou, não tem filhos, mora sozinho, é policial. Formado em História, mas nunca exerceu a profissão.
Mas, por que nunca se casou? Será que deseja ter filhos? Mora sozinho por opção ou necessidade? Ser policial sempre foi seu sonho ou apenas aconteceu? Por que fez faculdade História e não Direito? Já que sou sua "amiga" não deveria saber essas coisas? Não deveria saber cada detalhe, como sei de Paty ou Gabi? Minha cabeça girou ainda mais quando percebi que todos esses anos fui egoísta. Uma maldita egoísta que só ligava para ele quando me sentia só. Quando queria sexo e meus "brinquedos" não me satisfaziam. Jamais tive interesse em aprofundar nosso relacionamento.
Essa dura realidade, me socou a cara como quem soca um adversário de MMA. Descobri que não passei de uma filha da puta egoísta. Não mereço o respeito e a confiança de Will, a melhor que coisa que fiz foi afastá-lo de mim.
Percebi que dirigia sem rumo, a raiva me consumindo. Precisava me acalmar. Andar de carro, tarde da noite, na minha cidade, não é saudável pra ninguém. Não estava perdida, mas precisava me concentrar para encontrar o caminho de casa. Passei por um cruzamento e busquei placas de sinalização. Porém, neste ponto, não havia nada. Não sabia para onde ir. Respirei fundo tentando encontrar uma solução rápida. Vi um bar aberto, porém achei arriscado parar para pedir ajuda. Por impulso, toquei meu pingente de coração buscando uma inspiração divina.
Finalmente lembrei do celular. Era só colocar meu endereço no GPS, que me daria as coordenadas. Ainda dirigindo, abri a bolsa para pegar o aparelho. Meu desespero veio à tona, como as "Cataratas do Iguaçu" quando descobri que a porra do aparelho descarregou.
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Incomparável
RomancePara superar seus medos, Malu escolheu a saída mais viável: reprimi-los. Saciava seus desejos íntimos, fantasiando com personagens de romances eróticos, sem as complicações de um relacionamento, até desafiar-se a sair de sua zona de conforto, com u...