Capítulo 22

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" As vezes é preciso recuar quando se está em um campo de batalha. Redefinir as estratégias e tomar fôlego, antes de iniciar novo combate."

(Dominados – Mila Wander – Henrique e Laura)  

(Dominados – Mila Wander – Henrique e Laura)  

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Ouvi a voz de Marcos alterada e desci, aflita. Quando nos despedimos, logo depois daquele abraço tão reconfortante, apaguei de tão exausta. Encostado na janela (vestindo sua calça jeans e a velha camisa de papai), olhando a chuva fina cair, virou-se ao perceber minha presença. Seus olhos me aprisionaram, então não resisti e o abracei. Senti que desejava o mesmo, quando me apertou em seu peito e selou um beijo doce em minha testa.

Dava para ouvir a irritação na voz do outro lado da linha. Depois de um tempo ele reagiu, dizendo que não precisava de nada. Que só comunicou para que não ficasse preocupada. Ele a chamava de Mariza. A tensão entre eles era gigantesca. Ela ameaçou, de forma inacreditável, levar a mãe nem que tivesse que chamar a polícia. Não se preocupou com os sobrinhos e com certeza não estava disposta a ajudá-los. Fui tomada pela tristeza que o abateu.

Minha família é muito unida, porém nossos parentes ou ignoram nossa existência ou tentam nos explorar. Entendia bem como Marcos se sentia, queria ter o poder de aliviar seu sofrimento e angústia. Mas tudo que podia fazer, naquele momento, era lhe dar um excelente café da manhã. 

A situação era crítica

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A situação era crítica. Eles não tinham casa e nem pra onde ir, além da tal tia Mariza, que morava a 180 km da capital e que detestava os sobrinhos. Sem dinheiro para alugar uma casa, muito menos para equipar com o básico.

Tudo o que restou foram as roupas do corpo, alguns documentos e cem reais na conta bancaria. A esperança vinha da vizinha que, ao perceber a invasão, mesmo correndo risco de represálias, usou a chave reserva e pegou o máximo de coisas que conseguiu antes que tomassem a casa.

Enquanto Marcos conversava com a avó, Milena me explicou que o bando invasor já fez parte da facção que comandava o morro. Havia muita rivalidade entre dois deles, Binho (o atual chefe, afilhado da mãe de Marcos) e Leleu, (antigo gerente da boca) o mesmo que agrediu Lorena.

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