Para superar seus medos, Malu escolheu a saída mais viável: reprimi-los.
Saciava seus desejos íntimos, fantasiando com personagens de romances eróticos, sem as complicações de um relacionamento, até desafiar-se a sair de sua zona de conforto, com u...
"Foram os piores meses da minha vida. E, ao mesmo tempo, um aprendizado. Diziam que uma pessoa só aprende de verdade com o amor ou com a dor. No meu caso, foram as duas coisas."
(Redenção de um Cafajeste – Livro 1 – Nana Pauvolih – Arthur e Maiana)
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Uma coisa que aprendi sobre fantasmas do passado é que depois de enfrentá-los a primeira vez eles não desaparecem, mas os efeitos diminuem se empinar o nariz, levantar os ombros e mandá-los para o inferno.
Depois de pensar muito e ter total reprovação de Marcos, decidi dar o caso por encerrado. Diferente de Leonardo, ele tinha sim muito a perder. Foi pensando em seu filho que resolvi não denunciá-lo, mas não impedi Eduardo, Paulo, Marcos e papai, de terem uma "conversa de homem" com Roberto. Porém, faltava contar toda minha história para o amor da minha vida.
Ouvi muitas vez, que "falar é libertador" e sem dúvida foi isso que senti. Como previ, ficou muito angustiado. Mesmo disfarçando, seu desespero era maior do que transparecia. A vantagem é que isso nos aproximou muito mais.
Marcos propôs ensinar defesa pessoal. Afinal, como ele mesmo dizia, "Não sou Christian Grey. Não tenho cacife para contratar segurança particular". As Avassaladoras compraram a ideia e como seu grande coração era maior que ele, as aulas estenderam-se aos homens, que também nos ajudavam nos golpes e trouxeram alguns equipamentos de ginastica e malhação, para ajudar a fortalecer nossa musculatura. Todos o adoravam e confiavam nele, o que me fazia muito feliz.
Paty tinha razão como sempre, mas não sou louca de admitir ou ficaria toda convencida. Conversar com minha família e com Marcos fez toda diferença, me sentia mais leve e, principalmente, mais livre. Criei coragem para fazer o que a terapeuta aconselhou há muito tempo: compartilhar minha história com outras mulheres.
Eu fazia parte de grupos de escritoras no WhatsApp, há algum tempo. Fala-se de tudo um pouco: relacionamento, família, estudo, trabalho, sexo. Ficamos por dentro de lançamentos, dos eventos literários e a própria escritora conversa conosco.
Sempre lia postagens com historias de superações pessoais incríveis, mas nunca tive coragem de postar a minha. São mulheres reais, com vidas reais, de todos os cantos do país e até brasileiras que moram fora. Apoiamos, aconselhamos, ensinamos receita de bolo, tudo em nome do amor a nossa escritora favorita. Tenho tanto orgulho de fazer parte desses grupos. São tantas mensagens, que muitas vezes não consigo acompanhar, mas ainda assim, somos uma rede de amizade, forjadas na dor, na luta, no amor à vida e por nossa família. Somos Anjas, Guerreiras Maxwell, Nanetes, Indomáveis e Avassaladoras.
Um dia criei coragem e contei minha história. Recebi manifestações de carinho, solidariedade e, principalmente, encorajei outras a fazerem o mesmo. Esse processo foi muito importante pra que eu entendesse o que anos de terapia não conseguiram fazer. Não por incompetência do profissional, pelo contrário, não teria chegado até aqui sem eles. Mas compartilhar me mostrou que não tive responsabilidade pela agressão que sofri. Não fui culpada pelo comportamento do Leo nem do Roberto.