17. Vazios.

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Seu tronco está nu.

A calça jeans é surrada, mas cai perfeitamente nele. Qualquer coisa cai bem nele.

Me perco em suas tatuagens expostas, principalmente na cruz em seu peito. Todo o conjunto e lindo e exitante de mais.

Seus cabelos estão bagunçados, seus olhos meio avermelhados e a respiração meio ofegante por ter me visto aqui, provavelmente deve ter se assustado.

- Eu... Sua mãe pediu para eu pegar a Salada.

Sou ignorada, porquê seus olhos me avaliam, percorrendo cada centímetro do meu corpo, fazendo meu rosto queimar.

Se eu pidesse sumir agora, sumiria sem dúvida nenhuma.

Essa situação era justamente oque eu queria evitar.

Eu sinto sua falta, sinto falta do seu cheiro, do seu toque, até da sua voz, mas preciso me controlar e apenas sair.

Pego a tigela com as mãos trêmulas, e quase caio ao passar por ele. O cheiro forte de maconha exalava de seu corpo. Parei de andar e me virei para ele, com  a expressão incrédula.

- Eu não acredito. - minha voz saí mais dura doque eu esperava.

- Amber, eu... - ele tenta por a mão em mim, mas eu recuo.

- Eu não quero saber.

É uma das maiores mentiras que eu já falei.

- Claro que não quer. - não entendo a irônia em sua voz. - Seu amigo deve ser mais interessante do que seu vizinho drogado e depressivo.

Balanço a cabeça em negativo.

- Botar o Zayn entre nós dois é uma das maiores idiotices que você já fez. - ele permanece me olhando como se estivesse coberto de razão. - Assuma a responsabilidade dos seus atos, Justin. Você me prometeu que não iria fazer mais isso.

- Quer mesmo falar daquelas promessas? Então, vamos começar por você, que e deixou sozinho e depois aparece querendo me cobrar satisfação.

- Eu não te deixei sozinho, seu imbecil, você que me expulsou daqui! E eu não quero satisfação, eu não...

- Você não se importa! - ele completa, com um grito que me assusta.

- Como pode dizer isso? - me aproximo dele, com raiva. - Eu estava sempre ali para te ouvir, para te apoiar.

- Mas aí chegou outro cara.

- Que não afetou nada doque eu sentia por você! Justin, quem me afastou foi você.

- E você nem tentou.

- Tentar como se você não demonstra que vai valer a pena? Só segue sendo esse imbecil com a causa perdida. Você não tenta mudar. A cada dificuldade da dez passos para trás.

- Para de me julgar, caralho. - aponta o dedo na minha cara.

- É isso que você é, é imbecil.

Em um ato rápido, ele ergue a mão e arremessa contra a parede a tigela que eu segurava.

O desespero toma conta do meu corpo, porquê não sei qual pode ser sua outra atitude, mas não deixo de gritar com ele, deixando bem visível toda raiva que sinto dele nesse momento.

- Eu odeio você. Odeio. - sinto minha garganta doer, de tão alto que grito.

Dois passos para trás, até que minhas costas batem contra a geladeira.

- Meu erro for ter começado a gostar de você, foi não ter ido contra os meus instintos e ter me apegado a você, Amber. - ele soca a geladeira com tanta força, que o material ao lado da minha cabeça afunda alguns centímetros só com a força do seu punho. - Meu maior erro for ter dado continuidade aquilo mesmo quando eu sabia que não servia para você.

Nossas respirações estão ofegantes, tem tanta mágoa no seu olhar, é uma mistura de mágoa com tristeza.
Ele parece aquele garoto perdido que a algumas semanas atrás estava na minha janela.

Meus olhos ardem, eu tenho vontade de desabar. Apenas fecho os olhos, buscado alguma força que seja, para não deixar isso acabar ainda pior.

Praguejo mentalmente meu corpo, por relaxar ao sentir sua testa sendo colada na minha. Só esse pequeno toque, já me trás inúmeras lembranças que não se encaixam no memento. Nossas respirações são uma só, e meu coração parece querer saltar do peito.

- Eu não me arrependo. - sussurro. - De nada.

Foi um erro ter me apaixonando por você. Foi a coisa mais egoísta que eu já fiz.

Remember, I Love YouOnde histórias criam vida. Descubra agora