06. Tentando.

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Joe me esperava no estacionamento desta vez.

Ele sorriu para mim antes de entrarmos no carro, nunca vou me acostumar com o colorido desse carro.

- Como foi?

- Bem.

Joe era muito simpático, ele estava sempre sorrindo, fazia meu tio feliz e e o mais importante, não forçava a barra. Nossas conversas não eram longas, bem, minha conversa com ninguém nunca era longa o bastante, mas eu sentia que ele se esforçava.

- Sei que não preciso te dizer isso, mas Adam te ama muito, querida. - concordo. - Eu sei que não tenho direito de te pedir isso, nem de invadir seu espaço, mas você poderia conversar mais com ele... Eu juro que não estou te mandando ser a mais comunicativa e alegre da casa, até porquê você vive com dois gays, mais alegres que nós você não conseguiria ser. - ele tenta fazer graça, meus lábios se curvam minimamente em um quase sorriso. - Só quero dizer, que você poderia se esforçar mais com ele.

Não era uma ordem, por incrível que pareça eu considerei seu pedido pela forma que foi feito, Joe não queria me forçar a nada, ele só queria ver meu tio feliz e eu gostava disso nele.

- Posso tentar. - ele se espanta, seu olhar se volta para mim umas três vezes antes de falar novamente.

- Sério? Eu sei que você não mente... Então é verdade? - Joe se atrapalha um pouco, ele está eufórico com a idéia de me ver tentando conversar mais com seu marido.

- Sim, eu vou tentar ser um pouco mais sociável.

- Obrigado, ele vai gostar muito. - diz, sorrindo.

Fazemos o resto da viagem para casa em silêncio, não vi necessidade de por meus fones de ouvido, Joe não dizia nada e eu estava vendo a vista.

O verão deixava tudo mais fresco na parte da manhã, mas chovia um pouco a noite, ou ficava mais frio. Eu gosto do frio,mas também gosto de uma manhã de sol.

Ao chegar em casa sou surpreendida com Justin Bieber sentado no sofá com meu tio.

- O que faz aqui? - pergunto, sem entender.

- Eu queria te ver. - ele se levanta, meu tio vem atrás, com um sorriso de ponta a ponta.

- Eu tô cansada. - não é mentira, eu queria dormir.

- Amber, não seja mal educada. - Tio Adam me repreende.

- Eu vou tomar banho. - tento chegar até a metade da escada, mas alguém segura meu braço.

Justin me encara, segurando meu braço com força. Franzo o cenho, ele me solta um pouco.

- Eu quero conversar com alguém.

Céus, eu não sei lidar com os meus problemas.

- Quer subir?

Joe aparece atrás dele, logo meu tio, ambos me encaram com expectativa, fico com vergonha. Justin não responde, apenas sobe as escadas atrás de mim.

- Só vou tomar banho. - aviso.

No closet eu pego uma calça de moletom, um pouco justa, mas não é proposital, é confortável e quentinha, perfeita, uma blusa de manga longa e minhas peças íntimas.

Sigo para o banheiro, passando por Justin que está na janela, me acompanhando com o olhar.

Tomo um banho rápido, não molho o cabelo, apenas penteio e faço um coque.

Justin ainda está na janela quando volto, me sento a sua frente, na mesma posição que ficamos na primeira vez que ficamos assim.

- Está tudo uma bagunça. - ele começa. - Eu não consigo mais ficar em casa, só sei brigar com minha mãe e surtar por nada. - Fecha os olhos. - Eu quero sumir, sumir com essa porra toda, mas ao mesmo tempo quero ser melhor, entende?

- Não, não muito bem. - sou sincera.

Ele reprime uma risada.

- Você é engraçada. - contínuo em silêncio. -  Você é verdadeira e isso é engraçado as vezes. - Me diga uma coisa boa, Amber, para eu esquecer toda essa merda.

Justin olhou nos meus olhos, um misto de confusão e frustração atravessava seus lindos olhos castanhos. Ele parecia uma criança perdida na própria confusão mental. Eu queria ajudá-lo. Mas não sei resolver as minhas confusões mentais.

- Eu gostei da minha consulta hoje com o doutor Parker, falamos sobre você. - puxo outro assunto.

- Você gostou por quê falaram de mim? - seu tom muda.

Tenho certeza que estou vermelha.

- Não fica vermelha. - me pede. Droga. Agora eu vou explodir. - Falaram oque sobre mim?

- Sobre o dia do caminhão, quando nos esbarramos no consultório e ele me pediu para conversar mais com você. - resumo tudo, para não ficar mais constrangida.

- Você não acha engraçado eles acharem que qualquer coisa vai nos deixar bem?

- Sim, e as frases de auto ajuda? Eu acho um absurdo. - Confesso.

- "Seu dia vai ser o melhor de todos" - diz uma frase bem comum nos consultórios. - Meu dia não vai ficar bom porquê eu li uma frase.

- É exatamente assim que eu penso! - deixo escapar um sorriso, nunca encontrei alguém que pensasse como eu.

Ficamos em silêncio, nos encarando, eu com um sorriso nos lábios e ele encarando minha boca. Não me sinto desconfortável com a situação, Justin me deixa avontade de um jeito estranho. Nunca vou saber explicar.

- Eu preciso de um cigarro. - murmurra, depois de um tempo. - Será que eles se importam?

Se refere aos meus tios.

- Sim, com certeza.

Me levanto, pego meu celular. Justin abre a janela e acende um cigarro, me sento no mesmo lugar, vejo algumas coisas em redes sociais, enquanto ele fuma de forma rápida.

Batem na porta, logo é aberta.

- O almoço está pronto, Justin. - Meu tio avisa.

- Pode ir almoçar, vou esperar aqui.

- Você não vem? - Ele pergunta, sem entender.

- Tente forca-la a comer, Justin. Por favor. - meu tio dramatiza e saí, nos deixando sozinhos denovo.

Ignoro Justin, voltando minha atenção ao celular.

- Você vai comer. - diz, certo de si.

- Não tô com fome.

- Mas você tem que comer.

- Eu não quero.

- Então eu vou embora. - arqueio as sombrancelhas. - É sério. - anda lentamente até a porta.

- Esse joguinho não vai funcionar comigo, eu só não tô com fome. - Me levanto, cruzo os braços.

- Eu vou embora. - seu tom dramático é proposital. - Se eu for vou acabar brigando com a minha mãe, vou ficar mal, vai ser horrível. - sua voz fica cada vez mais melancólica. - Isso tudo por quê você não vai almoçar, Amber... Quantas tragédias por você negar um prato de comida.

- Nunca mais venha na minha casa, é sério. - saio irritada do quarto.

Remember, I Love YouOnde histórias criam vida. Descubra agora