05. Conversa.

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Seu cheiro invadiu o lugar, um perfume intenso, mas agradável, envolvendo madeira e um pouco de cigarro, mesmo assim era bom.

Não precisei dar espaço. Justin entrou na sala de estar assim que eu abri a porta, ele observou o lugar por breves segundos, então olhou para mim.

Me encolhi.

Ele era muito... Muito... Não sei sei decrever. Tudo nele me afetava, não precisei de muito tempo em sua presença para ver aquilo. O modo que ele olhava para o meu corpo, para o meu rosto, era como se visse além de mim. Isso era assustador.

Não o mandei embora.

- Quer subir?

Ele assentiu.

Lá estava eu, com um estranho, o chamando para o meu quarto, enquanto estava sozinha em casa.

Eu só conseguia seguir meus instintos, eles diziam para eu o manter por perto.

Justin entrou no meu quarto e se sentou na cadeira do computador, como se fosse de casa e fizesse aquilo a anos.

Nós ficamos em silêncio, um bom tempo. Apenas nos olhavamos vez ou outra. Me sentei onde estava antes de ele me chamar.

Não sabia que tinha espaço para dois ali, mas ele se sentou a minha frente, encolhi minhas pernas e as abracei, encostei a cabeça no vidro da janela e fiquei olhando para o nada, pensando em como esse momento estava estranhamente bom.

Justin fez o mesmo, mas suas expressões eram de alguém confuso.

Me senti bem por não estar completamente sozinha, e me surpreendi em ver que não queria ficar sozinha.

- Está pensando em quê? - sua voz rouca quebrou o silêncio.

- Em muitas coisas. Está pensando em quê?

- Em como a vida é uma merda. - olho para ele, esperando que continue. - A minha vida é uma merda.

Fico calada.

- Você não acha?

- Que a sua seje?

- Sim.

- Não sei, não sei nada sobre você. - era verdade.

- Por que me tirou da frente do caminhão?

Suspirei.

Nem eu sei.

- Não sei. Mas... Alguma coisa aqui dentro. - apontei para o meu peito. - Alguma coisa me fez querer te salvar. Não me pergunta o por quê, mas eu quis.

- Não vai brigar comigo por eu não te agradecer?

- Não preciso da sua gratidão, porém sinto que faria denovo caso precisasse.

- Eu também te salvaria, Amber. - ele confessa, baixinho, como em segredo.

- Não tenho salvação.

- Eu também não tinha, até você me poupar da morte.

Silêncio.

- Você acha que algum dia vamos parar com isso?

- Isso o quê? - ele não entende a pergunta.

- Vamos parar de tentar nos matar?

- Todos tentam de uma certa forma.

Justin se mexe um pouco, tirando uma maço de cigarros do bolso da calça, ele acende e traga.

Fico em silêncio, esperando ele acabar para continuar a conversa. Ele parecia muito concentrado entre uma tragada e outra, não queria dizer nada.

Remember, I Love YouOnde histórias criam vida. Descubra agora