P.O.V. Amber Price.
Quando vi seu nome na tela do meu celular, não tive outra reação, a não ser ir até sua casa. Era como se eu precisasse dessa certeza de que ele estava bem, depois de tudo oque houve, eu ainda preciso da confirmação de que ele não está tendo outro surto. Passamos um tempo sem notícias um do outro, e agora que sei o seu estado, eu quero tentar ajudá-lo.
Quando abro a porta do seu quarto, tenho uma visão... Deprimente.
Ele está drogado.
Mais que isso, está fora de si, balbuciando coisas sem nexo, todas relacionadas a mim.
Meu some sai dos seus lábios inúmeras vezes, mas não me agrada, como quando nos conhecemos, fico até assustada. Caminho com cautela até ele.
Um sorriso casado e meio deprimente surge nos seus lábios.
- Tão... Linda. - suas mãos geladas tocam meu rosto, fecho os olhos.
Estou odiando vê-lo assim.
- Vamos... Você precisa de um banho. - suspiro, tentando controlar a maldita vontade que tenho de chorar, mas acabo sentindo o cheiro de álcool vindo dele. - Justin, o que você usou?
Ele nega com a cabeça. Seguro sua mão, ainda sobre meu rosto.
- Diz para mim, o que...
- Só acendi um baseado, mas aí você... Amber, eu não faço mais nada sem lembrar de você. - tenta se afastar, soltando uma lufada de ar.
É como se ele estivesse frustrado. Comigo?
- Você tem que tomar um banho, vou te ajudar.
Tento o levantar, mas é um processo bem difícil, ele tem o dobro do meu corpo e tamanho, então eu preciso usar toda minha força e paciência para fazê-lo ir até o banheiro.
Justin tenta conversar comigo, mas diz coisas sem sentido, as vezes brigando comigo, dizendo que era culpa minha, mas eu não consigo sentir raiva, só... Pena.
De cueca, ele senta no box, enquanto eu ligo o chuveiro aos poucos, para ele não se assustar com a água.
- Espera aí. Não tenta levantar.- saio do box, mas ele me chama um pouco mais alto.
- Não vai embora.
- Só preciso trocar de roupa.
No seu closet eu tiro meu vestido, vestindo uma blusa sua, que cobre um palmo das minhas pernas. Não me importo. Mesmo nesse estado eu confio em Justin.
Volto para o banheiro, vendo ele estava com o olhar fixo na parede, mas desvia quando eu chego.
- Agora você precisa colaborar comigo, está bem?
Demora um pouco, porquê ele cochila, mesmo com a água caindo e eu faço tudo praticamente sozinha. O deixo sozinho para que possa tirar sua cueca molhada e botar as roupas que eu trouxe para também, mas acabado tendo que entrar novamente, pois ele quase caí para botar a cueca, e no chão tenta fazer o mesmo com a calça. Seria cômico se não fosse tão ruim saber que ele chegou a esse ponto com drogas e bebidas.
Depois de cuidar de Justin, o deixo na cama e volto para o closet, onde boto meu vestido denovo.
- Já estou indo. - me aproximo de sua cama.
- Fica, só até eu pegar no sono. - sua cara de sono é linda.
Eu quero ficar. Oque eu mais quero é ficar aqui e adormecer do seu lado, como a algumas semanas atrás. Quero poder voltar no tempo e congelar só as partes boas.
Mas também me lembro de como ele me deixou, como me abandonou por culpa de uma amizade que nem poderia ser comparada com a nossa. Porque nem em outra vida eu seria capaz de sentir por alguém oque eu sinto por Justin. Me lembro de como chorei e de como meu coração doia, a cada dia sem suas mensagens ou ouvir sua voz.
Doeu muito, não preciso sentir essa dor novamente. Preciso recuperar minhas barreiras. Deixar os muros em volta bem altos, para que ninguém queira escalar.
Me inclino e beijo sua testa, acariciando seus cabelos.
- Lembre-se da promessa que me fez. - sussurro, mas tenho certeza que Justin consegue me ouvir e entender. - Meus pulsos estão cicatrizados, mas meu coração não.
(...)
Acordo com um barulho horrível, alguma coisa sendo quebrada e algumas vozes gritando, todas conhecidas.
Me levanto, suspirando e passos as mãos sobre meu cabelo, os tirando do rosto.
- Você não vai entrar! - a voz do meu tio me faz levantar mais rápido.
Abro a porta me deparando com Justin e meus tios discutindo, até mesmo Pattie está aqui.
- O que...
- Amber, entra. - Joe manda, em um tom que jamais usou comigo antes.
- Mas o que aconteceu?
Encaro Justin, querendo uma resposta, mas ele não tem a chance de me responder.
- Ele está transtornando, não vou deixar vocês conversarem agora. - meu tio se põe na minha frente, me impedindo de olhar para Justin direito.
- Eu preciso falar com ela! - ele grita.
- Nesse estado vocês não vão se resolver, filho. - Pattie tenta por a mão no seu ombro, mas ele tira.
- Por favor, me deixe...
- Justin, eu tenho muita consideração com você e sua mãe, mas se não sair da minha casa agora eu...
- Tio. - o interrompo, tentando usar calma no meu tom de voz. - Acho que posso resolver isso. - meu olhar encontra com os do cara tenso que tenta falar comigo.
- Tem certeza?
- Apenas... Pode deixar.- mordo o lábio inferior.
Eles dizem mais algumas coisas antes de sair, todos o mandando ter calma, e Joe até lhe ameaça dizendo que era para ele se controlar.
Quando fecho a porta do meu quarto, sinto tudo meus pesado e tenso. Fico de costas para ele, ouvindo apenas sua respiração.
Depois que o deixei dormindo, saí de lá e voltei para casa, não tendo como segurar meu choro, pois fiquei realmente triste em saber que tudo tinha terminado. É bem melhor por um fim, antes que termine de uma forma pior.
- Amber, eu sinto muito. Olha, eu sei que fui um babaca, um idiota... Mas eu falei sério quando disse que estava apaixonado...
Ele não termina de falar, então me viro, encarando seus olhos castanhos, que estão mais escuros e transmitindo confusão agora.
Era como se estivéssemos voltado ao começo do verão. Ele está perdido, confuso e se sentindo sozinho, eu só queria poder ajudá-lo, mas como vou fazer isso sem me envolver mais ainda com ele?
- Eu vou embora da cidade. - franzo o cenho. - Eu vou me mudar para Manhattan, ainda não sei quando, mas eu vou.
Arqueio as sombrancelhas.
Como assim "vou embora"?
Ele não pode...
- Por quê? - pergunto, cruzando os braços.
- Eu amo você. Eu não sei explicar, não sei por em palavras, mas eu sei que amo. - ele se vira, olhando para a janela, mas logo seus olhos encontram os meus novamente. - Quando eu tô com você, eu sinto que as coisas fazem sentido, mas eu fiz o favor de foder com tudo... Eu falei que era muito fodido para você, eu falei desde o começo que não queria te ver machucada, então eu não posso ser egoísta, Amber. Não posso me sentir bem ao seu lado, enquanto faço coisas tóxicas com você.
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Remember, I Love You
Fiksi PenggemarEles encontraram um no outro a paz que precisavam, o irônico foi que a tempestade também veio junto com o romance.