Capítulo 3

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- Eu jurei que era uma criança- Bruna falou o que estava na ponta da minha língua.

- É, eu também- falei ainda chocado.

Suzana veio trazendo a moça pela mão até chegar à frente da nossa mesa.

- Gente, quero apresentar a vocês minha sobrinha, Paula- ela olhava sorrindo para a mulher.

- Olá!- Paula disse com uma voz rouca.

- Oi, é um prazer conhecê-la!- minha mãe disse e se levantou para abraçá-la.

- A senhora que é a aniversariante, né? Parabéns e desculpa por vir de penetra- ela deu uma risadinha logo que soltou minha mãe.

- Imagina, você é muito bem-vinda- minha mãe voltou para onde estava sentada.

- Paulinha, esses são, Bruna, Maria Olívia- ela apontou para cada uma- E esse homem maravilhosos aqui é o Breno- ela apontou para mim.

- Muito prazer- eu me levantei e a abracei rapidamente, mas o suficiente para sentir seu perfume gostoso, voltando a sentar- Sentem aí!

Após cumprimentar Bruna, Paula se sentou em uma cadeira ao lado da de Suzana e de Bruna.

- Do jeito que você falava dela eu jurei que fosse uma criança- minha mãe falou.

- Ela me trata como criança- Paula disse rindo.

- Eu falei, ela é meu bebê- Suzana beijou o rosto dela- Agora vai ficar comigo.

-Gente, tenho que ir interagir com os outros- minha mãe disse já levantando e saindo.

- Qual sua idade afinal?- Bruna perguntou curiosa.

- Tenho 25 anos, mas a Suzy me trata como se eu tivesse 5- explicou.

Bruna e ela engataram em um papo que nem prestei atenção.

- Eu vou ali conversar com suas primas, já que a Paulinha já se enturmou, cuida dela- ela piscou para mim e foi em direção a mesa do outro lado do salão.

Se ela soubesse a vontade que eu fiquei de cuidar da sua sobrinha ela não teria me dito isso. Fiquei discretamente observando cada detalhe do seu rosto enquanto ela conversava com Bruna. Tudo parecia perfeito em seu rosto, desde a estrutura, até os mínimos detalhes, como sobrancelha e cílios.

- Tá perdido, irmão?- a voz de Jordan me tirou dos pensamentos.

- Tava viajando- meu olhar foi sem querer para Paula- Ah, deixa eu te apresentar a sobrinha da Suzana, Paula esse é o Jordan, essa é a Paula.

- Prazer- ela se levantou da cadeira, trocou dois beijos com meu amigo e logo voltou a conversa descontraída com a Bruna.

- Irmão, não tinha dito que era uma menininha?- Jordan sussurrou enquanto sentava em uma cadeira ao meu lado.

- Eu também achei que era, aí chegou... isso- passei a mão no cabelo.

- Nem cresce o olho, é sobrinha da mãe do seu filho- ele me olhou já me repreendendo.

- Não viaja, só fiquei surpreso- falei e logo bebi um gole da minha cerveja- Quer beber alguma coisa?- cutuquei levemente o braço de Paula e a questionei.

- Eu aceito uma cerveja, onde pega?- ela me olhou nos olhos, fazendo os pelo do meu braço se arrepiarem.

- Se preocupa não, eu pego para você!- levantei, deixando os três na mesa e fui até o bar, logo levando uma cerveja e um copo para Paula.

- Muito obrigada- ela me olhou sorrindo e pegou a cerveja da minha mão. Eu apenas respondi com um sorriso sem graça.

- O que você trabalha?- Jordan questionou.

- Sou empresária, tenho uma indústria de doce e uma distribuidora de alimentos- ela respondeu.

- Tão nova assim?- perguntei.

- A marca é da minha família, então me formei em administração de empresas e acabei abrindo as minhas- explicou.

- Você veio a trabalho?- perguntou Bruna.

- Sim, estou com um projeto de abertura de uma indústria aqui em Goiânia. É uma das cidades que mais é vendido meu doce, então seria muito mais lucrativo a existência de uma indústria aqui.

Eles continuaram conversando sobre trabalho e eu estava apenas observando, quando de repente o foco mudou para vida amorosa.

- Se eu te contasse as histórias de amor da minha vida você choraria e riria ao mesmo tempo- Bruna falou com um ar dramático.

- E eu então? Meu último relacionamento terminou de um jeito tão traumático que eu nem sei se quero namorar mais- essa frase de Paula atraiu a atenção de meus ouvidos.

- Você não namora?- perguntei de maneira espontânea.

- Não, quer dizer, o menino que eu fico já tá comigo há uns dois anos, só que eu não consigo assumir um relacionamento sério- Paula explicou.

- E ele? Tudo bem com isso?- Bruna perguntou.

- Sim, ele sempre diz que me entende pelo menos- ela disse.

- Mas você gosta dele?- minha irmã questionou.

- Eu gosto, mas não consigo assumir um relacionamento sério- e as conversas continuaram.

Fiquei por mais uns minutos sentado ali, mas logo eu e Jordan voltamos para a mesa dos nossos amigos.

- Quem é a gata?- Teteto perguntou assim que sentamos.

- Olha o respeito- falei dando um tapa em sua cabeça- É a sobrinha da Suzana.

- Nossa, posso entrar para a família?- falou de maneira cômica, porém só consegui revirar os olhos.

- Deixa de ser besta.

- O titio já tá com ciúmes da sobrinha?- Danilo falou fazendo os outros rirem.

- Não quero mais sentar com vocês.

Me levantei e fui para a cozinha onde fiquei comendo, bebendo e refletindo sobre tudo que estava acontecendo. Nunca fui de fazer isso, impulsividade era meu sobrenome, porém agora há terceiros que dependem de mim e eu terei que ser mais racional, e o início de tudo vai ser ignorar a atração instantânea que eu tive por Paula, a sobrinha da mulher que está gerando meu filho e que a trata como se fosse sua filha. Com certeza esse será um dos maiores desafios da minha vida.

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