Capítulo 22

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  - Onde estão todos?- perguntei assim que desci as escadas e vi apenas Paula na sala assistindo televisão.

  - Suzy, Bruna e Maria Olívia foram dar um passeio pela cidade e disseram que voltam tarde. Rafael eu não sei e nem me interessa- ela seguia com os olhos fixos na tela que passava um filma desconhecido para mim.

  - E agora? O que a gente vai almoçar?- perguntei depois de olhar para o relógio e ver que já passavam das 12:00, eu havia dormido demais.

  Paula me encarou com um olhar que confesso que me deu medo.

  - Tá achando que eu não sei cozinhar?- ela ergueu uma sobrancelha.

  - Não disse isso, mas realmente pensei- sinceridade, meu defeito.

  - Por quê? Não tenho cara de quem cozinha?

  - Tem cara de quem tem cozinheira em casa.

  - Primeiro, eu não tenho cozinheira em casa, segundo, eu realmente não cozinho, minha mãe que cozinha lá em casa.

  - Viu? Nunca erro!- me gabei.

  - Eu falei que não cozinho, não que não sei cozinhar.

  - Então eu duvido você cozinhar para nós- a desafiei.

  - Meu filho, eu não funciono a base de 'eu duvido'. Se tá com fome vai pedir alguma coisa, ninguém mandou duvidar de mim- ela revirou os olhos e foi para a cozinha.

  Será que Paula levou isso a sério? Não é possível que ela fosse infantil ao ponto de ficar brava por uma brincadeira assim. Ela sempre me pareceu uma mulher muito madura.

  - Sério isso?- falei indo atrás dela na cozinha.

  - Não, eu vou cozinhar pra nós e esfregar na sua cara que eu sei- ela fez cara de convencida e iniciou.

  - O que vai fazer?- me sentei na bancada a observando.

  - Não te interessa. Quando estiver pronto você vai saber.

  - Eita!- gritei e ela riu.

  Nós estávamos em um papo super descontraído ali na cozinha, falávamos sobre filmes, viagens e varias coisas em comuns que tínhamos e não havíamos percebido ainda.

  - Você se parece muito comigo- falei.

  - Suzy sempre me falava que o cara que ela tava pegando era eu de cueca- nós rimos quando ela terminou essa frase.

  - Você tem a Suzana como uma mãe ou uma irmã?- perguntei.

  - Na verdade meu sentimento em relação à ela é diferente disso. Não a tenho como mãe pois nem idade para isso ela tem, mas também não a tenho como irmã, que a gente ama porque é do sangue. A Suzana é como uma confidente, uma melhor amiga que eu posso contar tudo, posso fazer todas as merdas do mundo que ela sempre vai estar ali pra me socorrer sem me entregar, é muito além de laços sanguíneos, nós temos laços de alma.

  - Eu me sinto assim em relação à minha irmã.

  - É bom ter um porto seguro. Lembra aquela vez que eu disse que Suzy era muito cautelosa comigo porque eu já tinha feito muita besteira?- ela falou.

  - Lembro sim.

  - Como você sabe, minha mãe morreu quando eu tinha meses de idade- eu apenas concordei com a cabeça- Suzana era praticamente uma criança quando aconteceu, ela tinha menos de 15 anos, então ela sempre esteve do meu lado. Eu passei a morar com o meu pai quando isso aconteceu- eu a ouvia atentamente- Porém Suzana nunca me abandonou, todos os dias ela ia até a minha casa, ela sempre me levava algum presente, segundo meu pai, ela era a única pessoa que me fazia sorrir. Até que meu pai arranjou uma namorada que passou a cuidar de mim como filha.

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