Capítulo 39

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  - Paulinha- falei ao fechar a porta do quarto e Paula levantou o rosto, me olhando, após secar as lágrimas- Não fica assim!

  Estendi minha mão para ela, que segurou e logo se levantou com meu auxílio. Puxei ela ao meu encontro e a abracei.

  - O que será que eu fiz pra essa mulher ter tanto prazer em me humilhar?- Paula falou claramente magoada.

  Entendi que sua pergunta não esperava uma reposta, então não a dei. Puxei Paula até a cama e me sentei na mesma, apoiando minhas costas da cabeceira e abraçando Paula novamente.

  - É sua mãe?- perguntei quando ela passou novamente a olhar para a foto.

  - Sim, linda né?- ela falou sorrindo e eu concordei- Eu queria muito ter lembranças dela.

  - Você era muito pequena, é quase impossível- confortei ela.

  - Eu sei. Eu amo minha mãe Kelly, mas eu queria ter convivido muito mais com ela. Queria ela aqui nesse momento- Paula falou.

  Ficou nítido para mim naquele momento que Paula chorava por sua mãe apenas quando estava sozinha, porém ela resolveu se abrir comigo, demonstrando novamente a confiança que sentia em mim.

  - Ela é tão linda quanto você- falei para ela.

  - Jamais. Ela era perfeita- Paula passava o dedo na foto como se a acariciasse.

  - Quantos anos ela tinha?- perguntei.

  - Vinte e um, foi uma gravidez inesperada.

  - Mas seu pai e ela eram namorados?

  - Sim, eles ainda tinham um relacionamento quando ela se foi. Aí um tempo depois ele conheceu a Kelly e se apaixonou de novo.

  - Você tem uma história linda- eu realmente admirava sua história em seus mais mínimos detalhes.

  - Maravilhosa- ela falou irônica.

  - É linda sim. Não digo pela tragédia que aconteceu, mas por sua superação. Mesmo tendo acontecido tudo isso você ainda virou essa mulher incrível, admirável, linda por dentro e por fora, tem sua empresa, sua vida, isso torna sua história perfeita- falei acariciando seu rosto.

  - Nenhuma história é perfeita- rebateu.

  - A sua é. Pra mim ela é.

  Paula virou o rosto em direção ao meu e eu pude ver seus olhos vermelhos e inchados, dando um aperto no meu coração.

  - Você é uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida- ela sorri.

  - Você também, linda. Eu não mudaria nada na forma como nos conhecemos- passei meu dedo em sua boca contornando.

  - Você nunca me falou do seu pai- Paula disse mudando de assunto.

  - Verdade, né? Nunca te apresentei- falei- O nome dele é Sérgio. Ele e minha mãe se separaram quando eu já era adulto, então sempre mantivemos uma boa relação.

  - Onde ele mora?

  - Aqui em Goiânia. Ele tem um bar muito massa, vou te levar lá algum dia para conhecer o bar e ele.

  - Já quer me apresentar para a família?- perguntou brincando.

  Paula se levantou e passou uma perna por cima de mim sentando no meu colo de frente para mim.

  - Já conhece a maioria, linda. Começou agora já era- devolvi a brincadeira arrancando uma risada sua.

  - Você não conhece a minha.

  - Mas quero conhecer- falei- Vou lá em BH pedir sua mão para seu pai.

  - Pedir minha mão? Já tá sério assim o negócio?

  - Lógico! Você acha mesmo que eu iria te esperar se quisesse só ficar com você? Você significa muito mais que um lance para mim, Paulinha. Eu quero um compromisso sério com você- falei sério olhando dentro dos seus olhos para transmitir a verdade existente em minhas palavras.

  - E você pretende oficializar isso só quando conhecer meus pais?- perguntou.

  - Você quer namorar comigo?- perguntei e ela arregalou um pouco os olhos- Quer ser minha? Quer me fazer o homem mais feliz e completo do mundo? Quer deixar eu te fazer tão feliz quanto você me faz apenas em me olhar com esses olhinhos brilhando?

  Ela ficou me encarando por um tempo. Não estava nervoso, pois conseguia ver aquele brilho que falei em seus olhos, o brilho da paixão que Paula sentia por mim.

  - É lógico que eu quero- ela falou sorrindo e eu a puxei para um beijo.

  Nosso beijo fluía calmamente. Os sentimentos presentes ali tornavam o beijo ainda mais gostoso que o primeiro que trocamos. O primeiro beijo com Paula foi cheio de curiosidade, de esperança, de desejo. Esse também continha o desejo, porém era repleto de uma saudade inexplicável e de sentimentos que eu poderia afirmar serem sintomas de amor.

  - Eu sou seu!- exclamei entre o beijo.

  - Eu sou sua, pra sempre- Paula respondeu.

  Nosso beijo tomou ainda mais intensidade após as falas. Nossas mãos exploravam os corpos como se fossem desconhecidos, mas na verdade estavam apenas se reconhecendo. Nossas línguas se saboreavam como se aquele fosse o melhor sabor do mundo, e realmente era.

  - Tranca a porta- Paula disse ofegante.

  Tirei seu corpo de cima do meu cuidadosamente e fui até a porta. Quando cheguei lá deu uma batida. Eu revirei os olhos com raiva, porém respirei fundo e abri a porta.

  - Como ela tá?- Suzana perguntou.

  - Ela estava chorando quando cheguei aqui, mas já está bem- falei baixo para Paula não ouvir.

  - Posso falar com ela?- Suzana disse.

  - Claro!- dei espaço para ela entrar.

  - Oi, meu amor- ela disse para Paula.

  - E aí, Suzy- ela sorriu.

  - Me desculpa pelo comentário infeliz da minha mãe. Foi completamente ridículo o que ela fez, e eu quero que você saiba que é tão linda quanto sua mãe e que não é ela quem vai tirar isso de você- Suzana falou.

  - Não precisa se desculpar por ela, Suzy- Paula respondeu- Eu já entendi que ela não dá a mínima para mim.

  - É complicado, Paulinha.

  - Não é! Ela não gosta de mim e eu não faço questão da presença dela. Eu só fiquei triste porque ela me comparou com minha mãe insinuando que eu queria imitá-la. Eu sei que ela não disse isso, mas ficou subentendido.

  - Mas não liga para isso não, você sabe que é linda- Suzana foi até Paula e abraçou.

  - Obrigada, Suzy! Te amo.

  - Boa noite, meninos!- Suzana falou ao sair do quarto.

  Fechei a porta novamente e a tranquei voltando para a cama.

  - Perdeu o clima?- perguntei.

  - De jeito nenhum!

  Paula se deitou na cama me chamando para cima dela. Fiz o que ela pediu e então nós passamos a ter uma série de amassos quentes, que nos fizeram levar a um outro estágio.

  Nós estávamos lá, despidos naquela cama, nos amando de uma forma que eu nunca havia feito com ninguém. Havia muita paixão, habilidade, sintonia, química, eu já havia idealizado isso com Paula, porém estava além de minhas expectativas.

  Depois de três meses poder matar a saudade daquela mulher e descobrir novas experiência não tinha preço. Aquela estava sendo a melhor noite da minha vida e continuaria sendo, eu podia afirmar isso com toda certeza pois Paula havia sido a primeira mulher que fiz amor com sentimento, e seria a única que eu faria pelo resto de minha vida.

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