Capítulo 9

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  Comecei a andar rapidamente atrás de Paula.

  - Espera!- gritei assim que saímos da boate.

  Ela não parou, porém eu consegui alcançá-la e segurar seu braço.

  - Me escuta!- implorei.

  - Me larga- ela me olhou brava.

  - Eu posso explicar.

  - Guarda suas palavras para Suzy.

  - Você não pode contar para ela.

  Ela puxou o braço de minha mão, cruzou os braços e me olhou mais irritada ainda.

  - Não posso? Breno, eu sei que vocês não tem um relacionamento sério, mas o mínimo que você deve a ela é respeito, ela tá esperando um filho seu.- ela respirou fundo- Ou você fala para ela que não quer mais nada, só vão ser ligados pelo bebê, ou eu vou ser obrigada a contar o que aconteceu.

  - Paula, você não pode contar para ela- agora eu quem estava irritado, odeio ser questionado- Ela tem quase 39 anos e está grávida do seu primeiro filho, o médico disse que ela não pode sofrer estresse. Você quer ser responsável por sua tia perder o bebê?

  - Você só pode estar me zoando- ela riu sem humor- Você sai beijando todo mundo e a culpa vai ser minha? Vai pra...

  - Me respeita, garota!- a interrompi puxando seu braço e a deixando próxima a mim- Eu sei que parece que eu fiz algo, mas não foi minha culpa, ela que me agarrou.

  - Tadinho, é tão fraquinho né? Não sabe se defender- ela falou irônica se afastando de mim- Olha, mesmo que eu ache muito errado esconder isso, eu vou poupar minha tia e o bebê que ela tá carregando, mesmo que você não mereça esse arrego.

  - Muito obrigada! A última coisa que eu quero é que algo de mau aconteça para eles- a olhei mais tranquilo.

  - Agora eu que vou te pedir algo- ela me olhou bem dentro dos olhos- Nunca mais olha na minha cara!

  Ela entrou em um táxi que estava parado e foi embora me deixando ali desolado. Por mais que estivéssemos próximos há pouco tempo, sua companhia era essencial para mim, nós tinhas muita coisa em comum, pensamentos, valores, a vibe, e além disso tinha a atração que sentíamos um pelo outro. Eu sei que Paula nunca disse nem fez nada, mas eu podia ver em seu olhar, o mais transparente de todos, o desejo que ela sentia por mim também, e esse foi um dos motivos que me fizeram não me afastar e esquecer a atração.

  - O que foi? Cadê a Paula?- Bruna e meus amigos apareceram ali.

  - Ela me viu beijando uma menina e foi embora furiosa- falei sem olhar para eles.

  - Você também né Breno? Porque não para de ficar com a Suzana então se quer pegar outras?- Bruna me olhou brava.

  - Eu não procurei, ela veio e me beijou, eu só tava lá de boa observando a pista e bebendo.

  - Verdade, eu tava com ele em um momento- Jordan disse.

  - Tá, mas ela foi como?- perguntou Bruna.

  - Pegou um táxi aqui na frente- falei.

  - E você deixou? Breno, ela tá bêbada, já pensou se o taxista se aproveita dela?- ela me olhou indignada.

  Eu não tinha parado para pensar nisso, afinal, eu também não estava são, porém quando Bruna falou senti meu sangue correndo frio pelas minhas veias.

  - E agora? O que eu faço?- a olhei desesperado.

  - Vamos passar na casa dela para ver se ela chegou- ela pegou meu braço me levando em direção ao carro.

  Nos despedimos dos meus amigos e fomos em direção ao prédio de Paula. Bruna estava dirigindo muito rápido para chegar ao prédio.

  - Vou descer!- falei abrindo a porta do carro, mas parei ao ver um táxi estacionando e Paula descendo, cambaleando, de dentro dele.

  Quando ela se virou, ficando de frente para o carro, pude ver em seu rosto que ela não estava tão bem.

  - Bruna, acho que ela não tá bem- falei preocupado.

  A táxi saiu, e foi só tempo de Paula chegar na porta do prédio que seu corpo desabou no chão, caindo tudo que tinha em mãos.

  - Paula!- gritei já correndo até onde ela estava.

  Parei ao seu lado, sentei no chão e pus sua cabeça em meu colo, passando a mão em seu rosto, cabelo, para ver se não havia nada machucado.

  - O que a gente faz? Sobe ela ou chama uma ambulância?- perguntei para Bruna.

  - Sobe ela, se ela não acordar a gente chama.

  Peguei ela no colo. Bruna pegou as chaves na bolsa de Paula e abriu a porta do prédio. Nós fomos de escada mesmo até o andar dela, afinal, não havia paciência para esperar elevador.

  - Entro direto ou bato?- Bruna perguntou.

  - Entra, Suzana deve estar dormindo- falei.

  Bruna abriu a porta e eu fui rapidamente botar Paula no sofá.

  - O que a gente faz agora?- Bruna disse nervosa.

  - Não sei, a gente chama a Suzana?- questionei

  - O que foi?- ouvi a voz de Suzana vindo do corredor.

  Quando ela chegou na sala e viu o estado de sua sobrinha, veio correndo em sua direção.

  - Gente, o que aconteceu?- ela falou nervosa enquanto passava a mão no rosto de Paula.

  - Não sei, ela desmaiou quando foi entrar no prédio- expliquei omitindo o início da história.

  - Ela sofreu algum tipo de estresse?- ela olhava para mim e logo para Paula.

  - Não sei- comecei a ficar mais nervoso.

  - Ela acordou- disse Bruna atraindo nosso olhar para Paula que abria os olhos lentamente.

  - Ainda bem- Suzana a abraçou.

  - O que foi?- ela se sentou no sofá e logo esfregou os olhos com as mãos.

  - Me diga você, se estressou né?- Suzana passava a mão nas costas de Paula.

  Paula direcionou seu olhar a mim, aquele mesmo olhar frio de quando foi embora, e confesso que estava com medo de ela contar tudo.

  - Sim, mesmo problema de sempre, os caras não falam que são comprometidos e eu que me estresso- respirei aliviado quando ouvi isso.

  - Filha, você sabe que não pode se estressar desse jeito.

  - Desculpa, Suzy, é inevitável- ela olhou para Suzana sorrindo.

- Vou fazer um chá para você- ela foi para a cozinha e Bruna seguiu ela.

  - Eu...

  - Não fala comigo- Paula me interrompeu.

  - Mas nós trabalhamos juntos.

  - Esse é nosso único assunto a partir de agora- ela não olhava em meu rosto enquanto falava.

  Suzana voltou com o chá e então Bruna e eu decidimos ir embora.

  - Viu o que você fez?- Bruna me disse enquanto estávamos indo para a casa.

  Eu não respondi nada, sabia que a culpa de aquilo tudo era inteiramente minha, e se Paula realmente ficasse nesse clima comigo e nem olhasse mais em minha cara, eu nunca me perdoaria.

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