Capítulo 26

484 24 8
                                    

  Já era de noite e Suzana estava preparando algo para comermos.

  - Já tá tarde, será que elas estão bem?- perguntei.

  - Sim, eu liguei para sua mãe há um tempinho atrás, ela disse que elas já estão vindo- me respondeu.

  Nós ficamos ali conversando, até que ouvimos o barulho da porta.

  - Chegamos!- Bruna gritou.

  Olhei em direção a sala e vi apenas Bruna e minha mãe. Paula obviamente deveria ter ficado com Lucas.

  - Cadê a Paulinha?- Suzana perguntou.

  - Ela veio para a casa mais cedo, não viram ela?- Bruna questionou e nós negamos- Que estranho!

  - Que horas ela veio?

  - Umas cinco da tarde.

  - Ah, acho que era quando estávamos na piscina- Suzana respondeu- Mas ela está bem?

  - Ela tava com dor de cabeça, disse que havia pego muito sol- minha mãe respondeu.

  - Sim, ela tem isso. Vou ir lá ver como ela está. Cuida aqui pra mim, Breno- Suzana falou já indo para o andar de cima.

  - Corajosa!- Bruna disse rindo.

  - Como passaram o dia?

  - Muito bem, aquela praia é muito perfeita- minha mãe disse.

  - E como vieram embora?- perguntei.

  - A gente ficou com o carro- Bruna respondeu.

  - E a Paula?

  - O Lucas que trouxe ela- revirei os olhos internamente.

  Não deu cinco minutos Lucas apareceu na cozinha.

  - Olá! Desculpe por deixar vocês lá, mas eu não iria conseguir deixá-la passando mal- ele disse.

  - Relaxa, meu filho, eu entendo! Sua namorada precisava de você- minha mãe respondeu.

  - Bom, então eu vou indo. Foi bom receber vocês em minha casa- ele sorriu, se despediu e saiu.

  - Vocês foram na casa dele?- perguntei.

  - Sim, ele queria nos apresentar a família dele. Uma gracinha todo mundo- Bruna disse.

  - Ela está bem- Suzana disse aliviada enquanto entrava na cozinha.

  - Que ótimo! Por que ela não nos chamou?- perguntei.

  - Ela disse que ouviu o barulho da piscina e não quis nos atrapalhar. E ela estava com Lucas, então ele ficou fazendo companhia- respondeu.

  Quando Suzana terminou de fazer a comida eu arrumei a mesa.

  - Vocês vão tomar banho ou vão jantar?- perguntei à minha mãe e Bruna.

  - Vamos jantar- responderam sentando.

  Paula desceu as escadas com uma cara abatida. Ela tinha o cabelo preso em um coque e vestia roupas leves.

  - Como você tá, meu bem?- minha mãe perguntou.

  - Melhor já, obrigada!- ela se sentou.

  - Nada melhor que um boy daqueles como remédio- Bruna disse e Paula apenas sorriu sem graça.

  Nós começamos a comer e eu reparei que Paula quase não tocava em sua comida, raramente ela dava uma garfada.

  - O que foi, meu amor, tá ruim?- Suzana perguntou.

  - Não, tia, tá ótimo. Eu que não to com muita fome- Paula disse e eu reparei em algo: ela chamou Suzana de tia. Ela nunca fazia isso. Algo estava muito errado ali.

  Olhei para Suzana e vi em seu semblante que ela havia reparado na mesma coisa.

  - Estou cansada gente, se quiserem podem deixar a louça para eu lavar amanhã- minha mãe disse- Boa noite!

  Ela se levantou e foi para o quarto sendo seguida por Bruna, que apenas deu um beijo no rosto de Paula e subiu as escadas.

  - Podem deixar que eu lavo a louça- Paula disse se levantando.

  - Não, filha, você não tá bem, deixa que eu lavo- Suzana disse.

  - Eu já to bem. Podem ir descansar. É sério- ela sorriu para nós e começou a tirar a mesa.

  - Tem certeza, Paula?- perguntei- Eu posso lavar sem problema nenhum.

  - Não, gente! Podem subir e aproveitar a noite- senti um pouco de ironia em sua voz.

  - Não vai deitar muito tarde, você tá com uma carinha cansada- Suzana foi até ela e acariciou seus cabelos.

  - Relaxa- Paula beijou sua bochecha- Boa noite.

  - Boa noite- Suzana beijou sua cabeça e foi para o meu lado- Vamos?

  - Vamos- eu peguei sua mão- Boa noite, Paulinha!

  Ela não falou nada, apenas acenou com a cabeça e foi para a cozinha. Suzana e eu subimos e fomos para o quarto.

  - A Paula tá estanha, né?- Suzana comentou.

  - Eu reparei nisso também. Ela até te chamou de tia.

  - Sim, estranhei demais isso, ela fala raramente.

  - Conversa com ela- sugeri.

  - Amanhã se ela não estiver melhor eu converso- ela falou.

  Nós trocamos de roupa e nos deitamos.

  - To morrendo de sono- Suzana bocejou- Boa noite!- ela me deu um selinho e se virou.

  - Boa noite!

  Eu fiquei deitado de barriga para cima olhando para o teto. Não sei porque, porém eu não conseguia sentir sono e nem fechar meus olhos.

  Minha mente só conseguia pensar em Paula. Sua feição abatida durante o jantar, eu nunca a tinha visto dessa maneira. E aquilo estava tirando meu sono.

  Resolvi levantar da cama e ir olhar a praia pela janela. Me debrucei na janela e fiquei olhando aquela imensidão azul escuro que refletia a lua, a beleza da natureza me encantava de uma forma incomum. Em um momento olhei para a areia e reparei em uma menina sentada.

  Fiquei um tempo observando até que reparei quem era a pessoa. Paula era a pessoa sentada na areia. O que aquela maluca queria lá essa hora da noite?

  Olhei para a cama e vi que Suzana já dormia um sono profundo, então resolvi ir lá embaixo ver o que estava acontecendo com Paula.

  Saí do quarto silenciosamente e abri a porta do quarto para ter certeza se era mesmo Paula quem estava ali na praia, e tive a confirmação que era ela. Então decidi descer as escadas e ir até à praia. Fui me aproximando cada vez mais da mulher morena sentada na areia, até que cheguei e parei atrás dela.

  - Quer companhia?- perguntei chamando sua atenção.

  Paula virou a cabeça para mim e me encarou com aqueles maravilhosos olhos castanhos que tanto me encantam.

•Unexpected•Onde histórias criam vida. Descubra agora