Capítulo 34

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  Eu estava correndo rapidamente pelo apartamento de Suzana pegando tudo que era necessário para levar ao hospital.

  A bolsa se Suzana havia estourado nessa madrugada e minha mãe e Bruna correram com ela para o hospital enquanto eu arrumava as coisas, o que foi uma péssima ideia, afinal, eu não sei o que levar.

  Peguei tudo que achava que era necessário, entrei no meu carro e rapidamente voltei para o hospital. Quando cheguei lá, estava apenas Bruna na sala de espera.

  - O que houve?- perguntei chamando sua atenção.

  - Ela queria te esperar, mas não ia dar tempo, então a mãe entrou com ela- Bruna explicou.

  - Ainda bem- respirei aliviado- Achei que ela poderia estar sozinha.

  Fiquei ali naquela sala sentado e pensado em tudo que acontecera. Haviam se passado três meses desde o ocorrido com Paula, e assim como a mesma disse, ela realmente não procurou Suzana e não atendia suas ligações. O primeiro impulso que eu tive quando descobri que Suzana ganharia o bebê hoje foi de ligar para Paula, porém deu que o número não existia, o que significava que Paula o havia mudado.

  Durante esses três meses, Suzana não demonstrava a mesma alegria de sempre, estava cabisbaixa, tinha olheiras profundas, e acredito que só não havia emagrecido por que se preocupava em alimentar o bebê. E eu também havia sofrido algumas mudanças. Havia sido enviado outra pessoa para tratar dos assuntos da empresa aqui em Goiânia, e foi aí que eu tive a confirmação que realmente Paula não apareceria mais, então passei a investir pesado na academia, treinava antes e depois do trabalho e com isso ganhei mais massa muscular, modificando um pouco o meu corpo. Eu poderia muito bem afogar as mágoas em baladas e bebidas, porém eu não tinha mais vibe para isso. Eu não beijava na boca há três meses, havia prometido que esperaria Paula e estou cumprindo com minha palavra. Há tempos que não ponho uma gota de álcool na boca e sempre vou dormir no máximo as 23:00 horas. A ausência de Paula havia feito minha rotina mudar bruscamente.

  Vi minha mãe sair da sala e corri para próximo dela.

  - E aí?- perfumarei aflito.

  - É um menino!- ela me olhou emocionada.

  Nós começamos a chorar de felicidade e nos abraçamos.

  - Quando vamos poder vê-los?- Bruna perguntou.

  - Como ocorreu tudo certo no parto, daqui a pouco já vão transferi-la para o quarto e levar o bebê. Onde está as cosias, filho?- minha mãe perguntou.

  - Aqui!- entreguei a bolsa para ela.

  - Vou entregar para a enfermeira, já volto- minha mãe foi para uma sala e eu e Bruna voltamos a nos sentar.

  - Um filho homem- olhei ainda desacreditado para Bruna.

  - Vou mimar muito o meu sobrinho- ela sorriu e me abraçou.

  - Queria que a Paulinha estivesse aqui comemorando conosco.

  - Ainda não esqueceu dela?- Bruna me olhou, parecia com pena.

  - Eu nunca vou esquecê-la, a gente vai ficar junto ainda- falei convicto.

  - Eu acredito em você, maninho, se você falou, tá falado- ela sorriu e bagunçou meu cabelo.

  Passou mais um tempo e veio uma enfermeira até nós, juntamente com minha mãe.

  - Ela e o bebê já estão no quarto- a enfermeira disse.

  Nos levantamos e seguimos a enfermeira até o quarto em que Suzana estava. Quando entramos lá, vimos ela, deitada na maca, com roupa de hospital, algumas coisas ligadas ao seu corpo, e nosso bebê em seu colo. Meus olhos se encheram de lágrima ao ver a cena, era uma das cenas mais lindas que já havia visto em minha vida.

  - Olá!- falei baixinho para não acordar o bebê.

  Me aproximei da cama em que Suzana estava, tendo a visão do rosto do bebê.

  - Ele é a sua cara- ela me olhou sorrindo.

  - Desculpa não ter vindo antes, é que eu tava um pouco perdido com as coisas- expliquei, nunca tirando os olhos daquela coisa linda em seu colo.

  - Tá tudo bem, sua mãe me deu todo o apoio- ela sorriu.

  - Sua mãe não vai vir?- Bruna perguntou.

  - Ela me ligou e disse que já estava vindo- minha mãe respondeu.

  - É tão lindo- era nítida a felicidade nos olhos de Suzana.

  - É mesmo- eu sorri.

  - Quer pegar?- ela me olhou.

  - Eu tenho medo de machucar ele- respondi receoso.

  - Eu te ajudo- ela disse.

  Fui um pouco desajeitado e peguei ele no colo. Eu não lembro de já ter me sentido mais feliz do que nesse momento. Nunca fui de chorar, mas novamente meus olhos se encheram de lágrimas. Fique analisando o rosto daquela criaturinha em meu colo. Ele tinha um narizinho empinado, os lábios finos e os olhos fechado, com uma expressão serena. Reparei em seu cabelo loirinho e o tamanho de suas mãozinhas que seguravam o meu dedo como se eu transmitisse segurança.

  - Como vamos chamá-lo?- perguntei.

  - O que você acha de Pedro?- Suzana sugeriu.

  - Amei, combina muito com ele- continuei olhando o rosto dele.

  Nós continuamos ali conversando até que bateram na porta. Minha mãe abriu a porta e logo entraram os pais de Suzana, juntamente com suas duas irmãs.

  - Cadê meu netinho?- Dona Sônia, mãe de Suzana, entrou vindo em minha direção.

  Todos se cumprimentaram, mas logo ficaram no bebê.

  - Posso pegar?- ela perguntou a mim.

  - Claro!- respondi passando o bebê para o seu colo.

  - É a sua cara, Breno- a irmã mais nova de Suzana, Samanta, que tinha uns 35 anos falou para mim.

  - Também achei parecido- falei orgulhoso.

  Enquanto eles conheciam o bebê eu ficava me perguntando se nem as tias tinham contato com Paula. Lembro que ela havia dito que apenas Suzana convivia com ela de sua família materna, mas não consigo ver um motivo para eles não gostarem daquele ser humano admirável.

  - Como você está, maninha?- a irmã mais velha, Simone perguntou.

  - Mais feliz agora, mas é estranho não senti-lo em minha barriga- Suzana respondeu.

  - E vocês? Tão namorando?- o pai de Suzana, Ricardo, perguntou.

  - Não, nós somos só amigos- Suzana respondeu.

  - Mas não estavam juntos?- Simone perguntou.

  - A gente resolveu não ficar mais, seria mais saudável para o bebê- ela explicou sem detalhes.

  Nós ficamos ali conversando e admirando o bebê até que alguém bateu na porta novamente.

  - Entra!- minha mãe disse.

  Quando a porta se abriu, a reação de muitas pessoas naquela sala foi uma cara de surpresa, a minha, foi apenas um sorriso. Um sorriso de felicidade.

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