Capítulo 31

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  Já era madrugada e novamente eu estava lá, deitado, completamente sem sono. Pensar em Paula dormindo agarrada a Lucas fazia meu estômago embrulhar e uma raiva tomar conta de mim.

  Não aguentei a pressão dos pensamentos e decidi ir no andar debaixo beber água. Enquanto estava lá, com meu celular ao lado, fiquei pensando se ligava ou não para Paula.

  Um lado dizia "liga, você gosta dela e se preocupa, vai ser gostoso ouvir a voz dela" e outro dizia "não liga, a mulher que tá esperando seu filho tá lá deitada, te esperando e você aí pensando em outra". Eu não sei qual das duas era a boa, mas eu escolhi a primeira. Peguei meu celular e digitei o número de Paula, demorando alguns segundos para realmente ligar.

  - Alô?- disse ela com uma voz sonolenta do outro lado da linha- Quem é?

  - Por que você fez isso?- perguntei.

  - Breno? O que? Do que você tá falando?- perguntou confusa.

  - Por que você foi correndo para os braços desse cara?

  - Breno, acha mesmo bom falarmos isso por telefone?- começou a dar uns barulhos como se ela estivesse andando e logo uma porta fechando.

  - Ontem você veio dizer que se apaixonou por mim e agora tá aí dormindo com ele.

  - Isso tá errado. Não podemos seguir em frente com o que está acontecendo.

  - Não parecia errado ontem- falei.

  - Foi uma coisa física, Breno. A gente tem essa atração inegável.

  - Então tudo que rolou ontem foi somente físico?- perguntei indignado.

  - Não é o que eu quero dizer. Tudo que rolou ontem foi por sentimento, mas a falta de culpa foi por causa da pele.

  - Você se arrepende?- houve alguns segundos de silêncio.

  - Eu gostaria de dizer que não, mas sim, eu me arrependo de estar fazendo minha tia de trouxa- ela falou.

  - Quantas vezes eu vou ter que dizer que nós não temos nada?- perguntei com um tom um pouco mais alto.

  - Fala baixo, alguém vai ouvir- ela falou calma- Independente, ela deve sentir algo por você.

  - Se ela sente ou não, não interessa, o que importa é o que eu sinto por você- falei.

  - Ela tem esperança, Breno!

  - Eu nunca dei esperança para ela.

  - Em algum momento você deve ter dado.

  - Ela falou isso para você?- perguntei.

  - Ela me falou que se incomodava quando você começava a falar dos seus casos.

  - Isso é um desconforto normal quando estamos ficando com uma pessoa, Paula. O mesmo que eu sinto por você- falei irritado.

  - Não, você sente ciúmes.

  - Nunca!

  - Breno, vamos combinar uma coisa? A gente finge que isso nunca aconteceu, esquece isso e seguimos nossa vida- ela sugeriu.

  - Não, Paula! Eu não quero esquecer- já estava ficando nervoso.

  - Olha, amanhã eu vou aí, pego minhas coisas e venho passar o resto dos dias com o Lucas, vai ser bom.

  - Pra quem? Eu não quero ficar longe de você!

  - Você vai ver que vai ser o melhor. Mas se você preferir e se sentir menos 'desconfortável'- falou a palavra com certa ironia- Eu dou uma desculpa de trabalho e vou embora de Fortaleza.

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