Capítulo 25

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  - Nem acredito que faltam só dez dias para irmos embora- Suzana disse enquanto tomávamos café da tarde.

  - Nem eu, isso aqui é como um paraíso- Paula completou.

  - Vamos morar aqui?- Bruna falou brincando.

  - Queria!- Paula disse.

  - Você pode, meu bem, é só querer- Suzana piscou pra ela e eu fiquei desconfortável quando entendi do que se tratava.

  - Nunca- respondeu Paula.

  - A gente pode vir pra cá por um tempo depois que o bebê nascer, né?- Suzana falou enquanto mexia no meu cabelo.

  Eu apenas sorri em resposta, não sabia o que dizer. Amava aquela criança mais que tudo, porém não me sentia nesse nível de relação com Suzana.

  - Você pretende expandir sua empresa para outros lugares sem ser Goiânia?- Bruna perguntou à Paula, mudando de assunto.

  - Na verdade esse tipo de negócio requer muito investimento, disposição e tempo, então acredito que isso venha a ocorrer só daqui um ou dois anos. Também é preciso estudar o local, achar um lugar para a indústria, mas acredito que SP seria um bom lugar- Paula explicou.

  - Já pensaram em vendas internacionais?- perguntei.

  - Requer um investimento grande também, porque a exportação sairia por nossa conta, então teria que juntar uma boa grana, negociar, e então investir. Mas esse tipo de negócio a gente não pretende fazer por agora- ela disse- E a sua, Breno?

  - Na verdade ela não é exatamente minha. Eu sou sócio, possuo uma pequena porcentagem, então eu não tenho muito poder de decisão lá dentro- expliquei- Mas se eu fosse sugerir algum lugar para uma filial seria em Belo Horizonte.

  - Vocês pensam em se mudar, algum dia?- Suzana perguntou.

  - Eu, como você sabe, gostaria de ir morar em São Paulo- Paula disse.

  - Por quê?- minha mãe perguntou.

  - É uma cidade muito grande, e como eu disse, queria estudar o local, fazer alianças, para poder, em um futuro, abrir uma filial lá- Paula disse.

  - Eu gostaria de morar em São Paulo também- falei e Paula me olhou- Realmente é uma cidade bem grande e com muitas oportunidades. Então eu to sempre incentivando os superiores a abrirem uma filial lá- expliquei.

  - Mas você não queria em BH?- Suzana perguntou.

  - Sim, mas para o meio da arquitetura, São Paulo é uma cidade perfeita- expliquei.

  - Eu gosto de Goiânia- Bruna disse- Não pretendo me mudar.

  - E você, Suzy?- Paula perguntou.

  - Eu por enquanto não posso fazer nada. Pretendo permanecer onde estou até meu bebê fazer pelo menos uns 5 anos- Suzana explicou.

  A conversa continuava enquanto comíamos. Quando a refeição acabou, minha mãe foi limpar a cozinha, sem ajudas pois ela odiava gente a atrapalhando e nós fomos para a sala.

  - O que acham de ir visitar a praia lá de perto da casa do Lucas?- Paula perguntou.

  Mesmo com a ida de Rafael para a casa, Lucas continuava não vindo aqui, Paula disse que ele havia ficado envergonhado por bater no meu primo, mal sabia ele que havíamos amado, quer dizer, eu amei.

  - Hoje eu to um pouco cansada, meu amor, acho que vou pular- Suzana falou com a mão na barriga.

  - Então deixa- ela falou.

  - Não, Paulinha. Vai lá, leva minha mãe e a Bruna, eu fico aqui com a Suzana- falei para ela.

  - Tudo bem para você, Suzy?- perguntou Paula.

  - Claro! Se divirtam- ela sorriu.

  Paula, Bruna e minha mãe pegaram as coisas e saíram de casa.

  Eu já estava mais tranquilo em relação à Paula e Lucas, obviamente eu seguia com ciúmes, afinal, ainda tinha aquele sentimento de posse, porém eu sentia que não rolaria mais nada entre nós. Paula tinha muita consideração por Suzana, e eu também tinha demais, mas eu nunca fui uma pessoa de me privar de fazer as coisas por causa dos outros.

  Eu já estava me conformando que não passaria do beijo que demos pós festa com o corpo cheio de álcool. Paula era uma pessoa que pensava muito com a cabeça e não era impulsiva, essa era a leitura que eu tinha dela nesse tempo que nós nos conhecemos. Então eu decidi tentar esquecer essa loucura. Não iria iludir Suzana dizendo que queria algo com ela, porém tentaria ao máximo me afastar de Paula. Meu objetivo não era parar de falar com ela, mas sim parar de chegar nela mesmo que com brincadeiras.

  - Vamos tomar um banho na piscina?- Suzana perguntou.

  - Claro- respondi.

  Como já vestíamos roupas de banho, apenas fomos para a área da piscina e entramos.

  Ficamos lá dentro conversando sobre vários assuntos, mas sempre voltávamos ao assunto bebê. Suzana e eu havíamos decidido saber o sexo do bebê apenas no nascimento. Na verdade Suzana escolheu, eu sou impaciente e não gosto de surpresas, porém tive que acatar sua escolha.

  Ficamos um tempo ali naquela conversa, até que teve um momento que Suzana se aproximou de mim e me abraçou pelo pescoço. Resolvi retribuir o gesto botando as mãos em sua cintura.

  - Como a gente fica, hein?- ela falou olhando para mim, porém eu olhava para todo resto do seu rosto, menos para seus olhos.

  - Eu não sei, na verdade. Eu te acho muito bacana, a gente tem uma ligação boa, esse bebê vem só pra completar, mas eu não sei ainda se me sinto confortável para entrar nesse tipo de relação com você- expliquei.

  - Você tá ficando com mais alguém?- engoli seco ao ouvir a pergunta- Desculpa, eu sei que você não me deve nada, mas se não acontece, eu só queria saber o que te deixa desconfortável.

  - Eu sempre gostei de ser livre, é só isso.

  - A gente já tá ficando há um bom tempo, vamos ter um filhos, e essa gravidez me fez perceber uma coisa, ou desenvolveu esse sentimento, eu não sei ainda.

  - Que sentimento?- perguntei receoso.

  - Eu to gostando de você, Breno, é por isso que eu queria avançar nessa relação, mas se você não quer, tudo bem- ela falou e me partiu o coração.

  Eu gostava muito de Suzana, porém não como homem e mulher, mas sim um afeto amistoso. Esse tempo que passamos juntos me fez desenvolver um carinho por ela, então eu tinha medo de magoá-la, não suportaria saber que ela derramou lágrimas por minha culpa.

  - Isso é um pouco complicado- eu me afastei um pouco dela- Eu gosto de você, de verdade, só que não da forma que você gostaria.

  - Eu sei, Breno. Eu só te contei porque eu senti que deveria contar, mas tudo bem para mim se continuarmos assim- ela se aproximou.

  - Tudo bem- sorri para ela.

  - Posso te dar um beijo?- ela chegou bem pertinho de mim.

  Refleti por um tempo sobre o que fazer. Eu não me sentia confortável em beijar ela por causa de Paula, porém como eu já havia desistido de ter algo com Paula, resolvi que não haveria o porque eu me privar de viver por causa de uma pessoa que não tá nem ligando para o que eu penso ou deixo de pensar.

  Então eu resolvi agir. Puxei Suzana pela nuca e beijei sua boca. Não havia nada a perder.

  Porém durante o beijo, ao invés de eu sentir prazer, a única coisa que eu conseguia sentir era culpa. O tempo todo eu comparava os lábios finos de Suzana com os grossos de Paula. Sentia falta do perfume, do gosto da boca e então caiu minha ficha. Eu descobri que nem mesmo eu querendo, eu conseguiria tirar Paula de minha cabeça.

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