Capitúlo 21

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  Essas férias em família estavam sendo maravilhosas. Nunca fui de fazer isso, sempre viajava com os amigos ou namorada, mesmo amando minha família mais que tudo, mas essa viagem estava superando minhas expectativas, principiante pelo fato de que Paula e eu nos aproximamos um pouquinho mais nesses últimos dias.

  O que eu mais temia não aconteceu, Lucas não estava dormindo lá, porém nessa semana que passou Paula foi para a casa dele passar a noite duas vezes, e isso fez uma insônia inexistente anteriormente surgir e eu virar um maníaco, encarando o celular a noite inteira esperando uma mensagem de Paula que eu sabia que não chegaria.

  - O Rafa me ligou e disse que vem hoje passar uma semana- Bruna disse. Reparei que ela parecia um pouco apreensiva.

  - Que bom!- minha mãe exclamou.

  Reparei também que Suzana olhou para Paula, que mordia o lábio inferior olhando para sua xícara de café. Paula fazia isso sempre que se sentia desconfortável.

  - Vai dar ruim- Suzana falou baixo, porém todos ouviram.

  - Por quê?- minha mãe perguntou.

  Suzana olhou para Paula como se pedisse permissão, porém ela não olhava para ninguém.

  - O Lucas foi o "motivo", entre aspas, do término da Paula e do Rafael- Suzana explicou.

  - Não é bem assim- Paula falou- Foi uma soma de fatores.

  - Mas você acha que pode dar algum problema?- Bruna perguntou.

  - Eles não vão se encontrar.

  - Como não? O Lucas vive aqui- falei.

  - Eu vou pedir para ele não vir- Paula deu de ombros.

  - Ótimo, assim não vão estragar o clima legal da viagem- Suzana disse.

  Continuamos ali tomando café e logo decidimos ir para a piscina. Suzana, minha mãe e Bruna já estavam vestidas, então foram direto para lá, apenas eu e Paula subimos para trocar de roupa.

  - Tá pronta?- gritei do meu quarto para Paula.

  - Ainda não, para de encher o saco!- ela gritou de volta com um tom de riso.

  Terminei de pôr minha sunga e saí do quarto. Vi que a sua porta estava fechada e então parei na frente da mesma, esperando Paula sair. Ela abriu a porta distraidamente e minha meta foi alcançada. Eu a assustei.

  - Que susto, moço!- ela pôs a mão no peito e logo me deu um tapa.

  - Olha que assim eu apaixono- sorri de lado.

  - Larga de ser besta- reparei que seu olhar mudou ao olhar rapidamente para o meu corpo- Posso te falar uma coisa?

  - Claro.

  Ela encarou meu corpo e logo olhou dentro dos meus olhos.

  - Você é gostoso demais, não dá- ao terminar a frase ela passou por mim e desceu as escadas.

  Eu sorri ao ouvir aquilo. A atração que Paula sentia por mim acabou de ser confirmada pela mesma sem influência alguma de álcool e aquilo me deixou muito feliz.

  Desci as escadas ainda com um sorriso no rosto, queria ver como ela me encararia depois dessa frase, acredito que espontânea demais, ter saído de sua boca. Porém meu sorriso se foi quando cheguei na área da piscina e me deparei com meu pior pesadelo. Rafael, meu primo.

  - Primo!- ele veio até mim e me cumprimentou- Como vai?

  - Bem, obrigada!

  Olhei para os lados e não achava Paula de jeito nenhum.

  - Cadê a Paula?- perguntei.

  - Ela não tá se arrumando? Não apareceu aqui ainda.

  - Ela desceu antes que eu- estranhei, porém Paula apareceu logo depois com dois pratos com petiscos.

  - Não sou obrigada a ficar na piscina sem nada para comer- ela falou sorrindo e pôs os pratos encima de uma das espreguiçadeiras.

  Seu sorriso sumiu imediatamente ao ver Rafael. Uma coisa que me encantava muito em Paula era a transparência que ela tinha. Olhando em seus olhos era possível enxergar o que ela pensa e suas feições falam mais do que palavras.

  - Olá!- Rafael foi até ela e beijou seu rosto.

  - Oi- ela deu um sorriso sem graça.

  Ficamos ali curtindo a piscina, conversando sobre várias coisas. Apenas eu e Paula estávamos realmente dentro da piscina, e eu não pude deixar de admirar o quão bem ela se dava com a água, parecia até uma sereia percorrendo seu habitat.

  Tudo estava na melhor vibe até Rafael começar a ser desnecessário.

  - Lembra das nossas viagens para cá, Paulinha?- era óbvio o tom de provocação em sua voz.

  - Lógico- foi tudo o que ela disse.

  - Pegava fogo, né?- eu reparei em seu olhar maldoso.

  Paula se limitou a apenas revirar os olhos e continuar nadando na piscina.

  - Já achou alguma pessoa para estrear essa praia aqui da frente? Nunca fizemos nessa, né?- ele já estava me irritando.

  - Rafael, por favor- minha mãe falou claramente incomodada com os comentários de meu primo.

  - Desculpa, tia, eu só tava perguntando indiretamente se ela continua encontrando com aquele playboy- Rafael falou.

  - Olha, Rafael, eu tenho o maior respeito por você, por tudo que a gente viveu, porém eu não sou obrigada a falar nada da minha vida pra você- Paula disse.

  - Tudo bem, só perguntei- ele levantou as mãos.

  - Já deu desse assunto, né?- Suzana falou e se levantou para por uma música.

  - Como você teve coragem de namorar ele?- perguntei baixo para Paula que apenas riu e saiu nadando pela piscina.

  Ainda não entrava na minha cabeça como uma mulher tão maravilhosa como Paula, inteligente, segura, bonita, gostosa, foi capaz de namorar essa ameba em corpo de homem.

  Eu estava distraído cantando a música que tocava na rádio quando reparei um corpo chegar por trás do meu. Senti um arrepio imediato, não sabia quem era, porém a presença mexeu com meu físico.

  - A paixão nos cega- Paula sussurrou próxima ao meu ouvido e eu me arrepiei mais ainda.

  - Que?- fiquei um pouco confuso. Olhei ao redor da piscina e vi que só havia eu e Paula ali.

  - Apaixonados fazem muitas besteiras, é por isso que eu prefiro não me apaixonar- terminando a frase ela se afastou e subiu as escadinhas saindo da piscina e indo para o interior da casa.

  Aquela mulher me causava um misto de sentimentos, eu não sabia explicar exatamente quais,  porém havia um que eu reconhecia desde o primeiro dia que a vi: desejo.

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