5 ¶ Você?

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Era sábado, não tínhamos mais nos vistos desde o dia na arquibancada

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Era sábado, não tínhamos mais nos vistos desde o dia na arquibancada. Não te procurei e você não fez questão de aparecer. Eu estava numa semana difícil, tendo que conciliar as provas do fim do trimestre e os campeonatos. Não tinha tempo de sobra para ficar paquerando ninguém, muito menos você. Então segui com minha vida tranquila sem me importar se você faria o mesmo. Vale e eu fomos à uma oficina, ele havia herdado um desses carros antigos do tio falecido, e estava comprando peças originais para reformá-lo. Ele dirigia um Mustang, não vi a necessidade de reformar um carro enferrujado, mas segundo ele, o valor de um carro não estava no ano de fabricação, e sim nas histórias que vivenciou.

— Por que não compra pela internet? Não é mais fácil? — resmunguei pela vigésima vez. Vale me ignorou, como fez nas outras vezes. Ele amava carros, era sua grande paixão. Bufei, entediado. — Aonde estamos indo exatamente? Já estamos nesse carro faz mais de duas horas! Tenho quase certeza que já passamos por essa rua quatro vezes. Você ao menos sabe aonde está indo?

— Só há uma loja na cidade em posso encontrar esse motor. — informou calmamente. Ele batucava os dedos em volta do volante enquanto o conduzia. Olhando para ambos os lados da rua, tentando encontrar algo. — Já estamos chegando. Lembro-me perfeitamente que ficava por aqui, essa via não é tão extensa.

Franzi o cenho.

— Já veio aqui outras vezes e ainda não lembra aonde fica? 

Deu de ombros, focando à atenção no trajeto, procurando a fachada da oficina.

— Meu tio me trazia com ele toda vez que vinha comprar peças. Já faz alguns anos, mas ainda me lembro do caminho. Não se preocupe. Ah, ali está!

Semicerrei os olhos na tentativa de avistar o lugar, até que foquei numa fachada simples, mas atrativa. O nome escrito era: Díaz. Esse nome não me pareceu familiar naquele momento, pois eu ainda não tinha noção de que pertencia a sua família. Tudo o que eu sabia sobre você era o primeiro nome. Nada mais.

Valentin estacionou o carro bem na frente, saiu em seguida, nem esperou por mim. Tive que procurá-lo já que a oficina era de dois andares. Subi a escada lateral que dava acesso ao andar de cima, no de baixo não encontrei ninguém, apenas carros e ferramentas. Ao chegar no segundo andar, me deparei com um cômodo bem rústico, do chão ao teto. Tudo impecavelmente organizado e limpo, das prateleiras com equipamentos de carros até as vitrines com peças de motos. Um jogo de sofá de couro bege, bem ao centro entre uma mesa. De fato era um lugar agradável. Encontrei Vale na frente de um balcão, ele falava com alguém, não vi quem era pois meu olhar caiu sobre você.

Sim, você.

Lembra, Caina? Lembra como foi a maravilhosa recepção que me fez àquele dia?

Você estava segurando uma caixa de papelão quadrada, usava um macacão jeans, um adidas surrado e um boné vermelho virado para trás. A camisa de beisebol te deu um charme diferente. Como estava de costas para mim, não notou minha chegada. Parecia entretida com algumas caixas.

Como Perdi Essa Garota? - I Onde histórias criam vida. Descubra agora