Eu mergulhei no trabalho, afundei nos estudos, depositei toda minha atenção no que poderia me fazer esquecer dos teus olhos naquela madrugada. Mesmo que eu tivesse meus motivos para estar chateado, eu não conseguia acreditar que havia conseguido ser tão rude, frio e tão duro.
Caina, quando você me deu as costas e foi embora, eu cai na real e quis ir atrás de ti, pedir desculpas e implorar pra ficar comigo. Quando senti essa enorme necessidade, como se eu estivesse vivendo na abstinência, me dei conta de algo... Quanto mais eu te amava mas eu deixava de me amar. Isso era mesmo amor? Às vezes a vida nos obrigada a desistir de algumas pessoas. E mais uma vez nos deixamos para sempre. Até quando o ''para sempre" seria de verdade? Eu tinha medo de que ele chegasse antes de eu ter a chance de te dizer o que sentia.
Como falei antes, me enfiei no trabalho. Toda a energia que possuía fora injetada em reuniões longas e aulas exaustivas. Eu estava quase no limite, e nada parecia me estressar mais, pois nem isso eu era capaz de sentir.
Só que eu estava errado.
Eu cheguei em casa tarde numa sexta-feira à noite. No caminho eu só pensava em deitar a cabeça no travesseiro e tentar ter uma noite sem pensar em você. Porém, quando passei pela porta e encontrei tantas pessoas no salão principal, segurando taças de champanhe e dançando uma música clássica, eu quis dar meia volta e correr. Senti como se tivesse entrado no inferno.
Meu pai surgiu entre dois homens, rumou até mim com um sorriso de leão nos lábios. Eu podia me ver através dos seus olhos, meu semblante obscuro, minha postura densa. As olheiras debaixo dos olhos. Um caco.
— Que bom que chegou, meu querido filho! — me saudou.
— O que é tudo isso?
Ele sorriu ainda mais.
— É uma confraternização. — informou, olhando para alguns dos convidados. — Vieram comemorar minha aposentaria, não tive tempo de fazer nada desde que você assumiu meu lugar. Estava me assegurando de que era uma boa escolha.
Assenti, nada chocado com essa informação.
— Ainda tem dúvidas?
Ele negou enquanto me puxava para um abraço desajeitado. Era tão raro termos contato físico que quando isso acontecia soava bizarro.
— Tenho certeza que tomei a melhor decisão. Você está focado e eu me sinto livre para viver minha aposentadoria.
— Que bom.
— Agora vá se trocar, vestir um lindo terno. Sua mãe vai já aparecer, e Lucas subiu e até agora não desceu. Então sabe o que fazer.
Não contestei. Eu queria um banho, precisava fugir dali o quanto antes e se tivesse que obedecer suas ordens para que isso acontecesse, então tudo bem. Você sempre me achou um tolo por isso, né? Não conseguia aceitar o fato de eu me curvar para ele a cada ordem.
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Como Perdi Essa Garota? - I
RomanceColin Hawkins estava com sua vida estrategicamente planejada. Centrado nos estudos e na grande paixão pelo futebol, ele se vê numa encruzilhada ao ter que assumir os negócios da família, sendo obrigado a abrir mão da liberdade e sonhos. No meio dess...