Passaram-se exatamente cinco meses.
A gente nunca esteve tão bem quanto naquelas semanas. Eu finalmente tinha me habituado ao meu horário na empresa. A faculdade havia sido finalizada e eu só estava a espera da formatura. Lucas também parecia bem, seguindo sua rotina normal, fazendo amigos e se concentrando no futuro. Ele até arranjou um novo namorado e um emprego de meio período em uma cafeteria. Ele nem precisava trabalhar. Eu fiquei feliz com a notícia de que ele estava com alguém, mas triste por saber que eles dois não teriam futuro. Porque eu previa que Ali Nijat exigiria o casamento. O tic tac do relógio corria contra o tempo.
E eu estava certo, Caina.
Minha mãe organizou um pequeno jantar na noite de sábado. Eu devia prever que de lá nada de bom sairia. Convidei você com a intenção de te apresentar oficialmente como minha namorada. Passei na sua casa pra te buscar, seu pai também iria junto. Nas últimas semanas nos tornamos amigos, eu levava meu carro para ele verifica-lo com frequência. Nunca tinha levado o carro à uma oficina, já que as pessoas faziam isso por mim. Mas eu gostava de passar tempo com ele, ter uma conversa de homem pra homem... Algo que eu deveria fazer com meu pai, mas que não podia porque esse tipo de coisa não fazia o estilo dele.
Passei no novo apartamento do Lucas que ficava bem próximo à casa dos nossos avós. Fomos juntos até em casa. O silêncio reinou durante o caminho, eu estava tenso e Lucas nervoso. Você e seu pai eram os únicos tranquilos. Sempre positivos. Não tinham ideia do que os esperava...
— Estou nervosa. Seu pai não pareceu gostar de mim no dia em que o conheci... — comentou de repente, pondo fim ao silêncio agonizante.
— Besteira! Quem não gosta de você? — seu pai indagou, nos fazendo rir. Ele pousou a mão sobre a sua, acariciando-a. — Fique tranquila. Eu estarei lá com você.
Que reconfortante, não é? Como se a presença dele fosse capaz de mudar o destino trágico e inevitável que nos aguardava.
Lucas balançou a cabeça, inclinando-se sobre o banco para ter uma visão melhor de você.
— Tenho certeza que com minha presença lá ele terá algo a mais para se preocupar. É capaz de nem notar o restante.
Permaneci em silêncio, especulando todas as maneiras do meu pai acabar com o nosso jantar. Eu nem queria encará-lo depois do que fez comigo na reunião. Foi humilhante e decepcionante. Eu tinha certeza de que ele faria o possível para me tirar do sério. Para acabar com tudo.
— Você está bem? — perguntou-me com o tom levemente preocupado. Te olhei pelo retrovisor, feliz por estar ali, e triste pelo mesmo motivo.
— Sim. Chegamos.
Esperamos em frente ao portão até liberarem nossa entrada. A primeira reação ao obtermos a vista da mansão Hawkins veio do seu pai, que soltou um assobio, admirado com a bela construção. Eu não gostava daquele lugar, vivi praticamente minha infância toda lá e nunca decorei a localização de cada cômodo. Passava a maior parte do tempo na casa dos meus avós, um lugar pequeno e familiar, tinha sabor de chá com cakes.
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Como Perdi Essa Garota? - I
RomansaColin Hawkins estava com sua vida estrategicamente planejada. Centrado nos estudos e na grande paixão pelo futebol, ele se vê numa encruzilhada ao ter que assumir os negócios da família, sendo obrigado a abrir mão da liberdade e sonhos. No meio dess...