Era tão caótica a situação em que eu me encontrava, não por estar te beijando em um dos corredores da minha casa, correndo o risco de ser pego no flagra. A situação trágica era o simples fato de não resistir a você. E eu que não tinha queda por ninguém, estava tendo um abismo por você.
No instante que me chamou num lugar privado com a desculpa de que iria dar meu presente, não pensei duas vezes antes de te arrastar para longe daquela festa tediosa. Foi surpreendente a forma que tomou a iniciativa, outra vez, de me beijar e começar a tirar meu terno.
Você me beijava como se estivesse com fome, um desejo insaciável.
— Caina... — sussurrei na tentativa de te afastar. Aquele não era o momento e nem o lugar certo. — Caina! Para!
Você se afastou, me olhando quase que ofendida. Estava ofegante e descabelada.
— O quê, Colin? Vai dizer que não quer? — indagou com desdém. — É só uma transar! Não quer?
Você estava tão estranha. Diferente. O ar puro que vinha de você havia evaporado.
— É claro que eu quero, droga! Mas estou no meu aniversário, e mesmo que eu odeie ter que fingir estar me divertindo, devo isso a essas pessoas que se deram ao trabalho de virem aqui. — falei, sério. Arrumei meu terno amarrotado. — Não sei o que está acontecendo, mas essa definitivamente não é você.
Seus olhos lacrimejaram. Lágrimas surgiram, mas você se esforçou para não deixá-las cair. Então você sorriu, sorriu como se não tivesse a ponto de desabar bem na minha frente.
Por que tinha que ser tão dura consigo mesma, Caina?
Você poderia não saber, mas se caísse, eu te ergueria sem esforço algum. Te estenderia a mão, te ajudaria, limparia suas lágrimas e te abraçaria. O problema é que se acostumou a ser tratada como um objeto, um pedaço de carne barata... Você era muito mais que isso.
— Não sabe nada sobre mim, Colin. Transar comigo não é o mesmo que me conhecer. — vociferou, indiferente. — Feliz aniversário.
Lentamente foi me dando as costas. Eu quis desesperadamente pegar na tua mão e te levar para outro lugar, qualquer lugar. Te puxar para um abraço e depois te beijar. Mas você sabe bem que não fiz nada disso.
Eu te deixei ir.
Foi melhor assim, né?
O restante da minha noite passou arrastada, estava exausto de tantos parabéns e sorrisos falsos. Cansado daquelas pessoas sanguessugas. Fiquei um tempo com Kart, depois com Yong, Valentin e até a Abie. Mas nenhum deles conseguiu tirar você da minha cabeça.
Resumo: Você acabou com meu aniversário, Caina.
No fim da noite a voz do meu pai ecoou no ambiente. Todos cessaram as conversas para olhá-lo. Ele estava no palco, segurando o microfone com uma das mãos. Lucas e minha mãe se colocaram ao meu lado, assim como Kart e os meninos.
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Como Perdi Essa Garota? - I
RomanceColin Hawkins estava com sua vida estrategicamente planejada. Centrado nos estudos e na grande paixão pelo futebol, ele se vê numa encruzilhada ao ter que assumir os negócios da família, sendo obrigado a abrir mão da liberdade e sonhos. No meio dess...