No geral a noite de cinema foi muito boa. Fazia tanto tempo que eu não me sentia tão bem, tão leve, livre. Foi como acessar a liberdade por algumas horas. Rimos e nos divertimos com as histórias que Vale contou assim que o filme terminou. Mesmo com o final, ainda continuamos na sala conversando. Não houve indiferenças entre nós, éramos como amigos de longa data.
Após algumas horas, lá pelas duas horas da manhã, Vale se despediu e foi pra casa, teria que acordar cedo para resolver alguns assuntos pessoais.
— Eu vou ali e já volto. — Lucas informou enquanto levantava. O desespero pareceu bater em você, que rapidamente o acompanhou, ele te empurrou de volta na poltrona. — Me espere aqui! Não vou demorar.
A expressão de espanto foi quase que cômica. A mínima possibilidade de ficar a sós comigo soou apavorante.
— Tenho que ir pra casa! Já está muito tarde, Lucas. — disse, automaticamente.
— Não mesmo, Caina. É por estar tarde que você vai dormir aqui. Não se preocupe, o que mais tem nessa casa é quarto. Principalmente o do Colin. A cama é espaçosa e bem confortável. O cheiro também é bom.
— Lucas! — o repreendi. Curvou os lábios num sorriso de canto.
— Não vou dormir aqui! — rebateu.
— Sim, você vai. Me esperem aqui. Não façam nenhuma safadeza, crianças.
Você tentou contestar, mas acabou cedendo após notar que Lucas não te deixaria ir embora. Acabou que passando a fitar o teto enquanto ele deixava a sala, e eu só percebi que tudo fazia parte de um plano astuto dele quando o acompanhei sair — com os olhos — e ao estar prestes a sumir, balbuciar: ''aproveita, essa é tua chance".
Foi impossível esconder a perplexidade diante daquilo. Como ele conseguia ser tão maquiavélico? Armar para que nós dois ficássemos sozinhos! Como se eu quisesse isso.
Tá! Eu queria!
Mas não tão rápido e de forma repentina.
Fui pego desprevenido. E bom, eu não era do tipo espontâneo que iniciava conversas com garotas de maneira natural e simples. Entramos num silêncio ensurdecedor. Havia um abismo entre nós dois. Você era tão diferente das garotas que eu estava acostumado a conhecer que isso me deixava nervoso na tua presença. Eu não sabia se te olhava ou se falava contigo, ou se fazia os dois ou nada.
Parece um absurdo afirmar que eu não sabia lidar com garotas.
— Jay me fazia rir.
Sua voz inundou meus tímpanos. Eu te olhei de cenho franzido e lábios semicerrados, confuso com a informação. De repente a voz crítica de Vale soou no fundo da mente "ela é problema, Colin".
Sim, você era um problemão.
— O quê?
Você parecia determinada a me convencer de que não era uma daquelas garotas tolas que se apaixona por bobagens, ou que implora por migalhas. Estava disposta a me convencer de que teve motivos reais para amá-lo. Que não era mais uma garota na sua lista, mas sim a única garota. Acho que na sua perspectiva, me fazer acreditar que o relacionamento de vocês era real, realmente o tornaria assim e não só uma ilusão que acreditou durante anos.
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Como Perdi Essa Garota? - I
RomanceColin Hawkins estava com sua vida estrategicamente planejada. Centrado nos estudos e na grande paixão pelo futebol, ele se vê numa encruzilhada ao ter que assumir os negócios da família, sendo obrigado a abrir mão da liberdade e sonhos. No meio dess...