A noite chegou e com ela veio a visita do Lucas, que bateu na porta e me arrastou ao saguão com a desculpa de que precisava que eu fosse à um jantar com ele. Eu não queria ir. Tive a leve impressão de que você estaria presente, e depois da nossa briga, não tinha a menor ideia de como te encararia. Mas, se eu não fosse, e Lucas contasse à nossa mãe, provavelmente eu passaria os próximos meses ouvindo o quanto eu era egoísta e um péssimo irmão. O quanto eu só pensava no meu próprio bem-estar, embora isso fosse o que eles mais me cobravam a ser e fazer.
Vesti qualquer roupa e o acompanhei.
Minhas dúvidas tiveram certezas quando te avistei sentada em uma das banquetas no bar do hotel. Você estava incrivelmente fantástica naquele vestido vermelho longo de alças finas. Ele caía tão bem em ti, como se tivesse sido feito sob medida, perfeito para cada curva. Teus cabelos presos num coque, com apenas alguns fios coloridos caídos. A maquiagem... Você raramente abusava delas. Mas nessa noite não houve limites.
Estava magnífica, Caina. Eternamente apaixonante.
Sou incapaz de comparar tua beleza a alguém. Acredito que todos nós temos uma pessoa em nossa vida que achamos perfeita. E na minha, independente de tudo, esse alguém foi você.
— Ela não ficou linda nesse vestido? Escolhi pessoalmente. — Lucas gabou-se. Você roubou meu fôlego. Seria impossível desviar o olhar de você essa noite, mesmo com os olhos fechados, ainda iria te imaginar. Porque você estava gravada nas minhas melhores lembranças.
— Sim... Ela está... — busquei a palavra certa para te descrever, mas nada pareceu se encaixar. Lucas riu.
— Eu sei, irmão. Eu sei.
Engoli em seco, me achando patético por ter perdido a fala.
— Vocês demoraram! — reclamou quando nos aproximamos. Escondi a surpresa por ver que não estava mais chateada comigo, que parecia ter esquecido o episódio de mais cedo. — Estou faminta! Não como nada já faz 2 horas e tenho a sensação de que me tornarei um zumbi.
Lucas revirou os olhos e me olhou de soslaio.
— Ela está sempre com fome. É como um buraco sem fim, a gente joga areia na esperança de fechá-lo, mas se cansa antes mesmo da encher a metade. — desdenhou, brincalhão.
Você entreabriu os lábios, indignada.
Tua espontaneidade me atraia igualmente a um magneto.
— Não seja ridículo! Lembra que não almoçamos porque você desapareceu!
Lucas fez beicinho, fazendo-se de inocente.
— Não tenho culpa se peguei no sono! Não me julgue!
Eu não conhecia mais tão bem o Lucas quanto antes, mas algo que nunca esqueci era como ele mentia mal. Muito mal mesmo. Toda vez que ele fazia isso, tinha um tique nervoso. Uma veia saltava em sua testa, piscava vezes seguida. E como todo péssimo mentiroso, não sustentava o contato visual.
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Como Perdi Essa Garota? - I
RomantikColin Hawkins estava com sua vida estrategicamente planejada. Centrado nos estudos e na grande paixão pelo futebol, ele se vê numa encruzilhada ao ter que assumir os negócios da família, sendo obrigado a abrir mão da liberdade e sonhos. No meio dess...