33 ¶ Sai comigo essa noite

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Nas semanas que se passaram, tentamos manter distância

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Nas semanas que se passaram, tentamos manter distância. Eu te via pelos corredores da universidade, às vezes com o Jay ou com algumas garotas. Também te vi pela manhã na minha casa, tomando café com Lucas e minha mãe. Teve dias que pensei em sentar e conversar contigo, agir naturalmente. Mas como fazer isso, Caina?

Era sábado, eu precisava ir à empresa participar de uma reunião importantíssima com os acionistas. Estávamos pensando nas possibilidades de expandir os negócios no oriente médio, seria um tanto vantajoso. Desci para a cozinha como de costume, vesti um dos meus ternos preto sem gravata. Eu odiava gravata. Me sentia sufocado.

Do topo da escada ouvi as altas risadas, a conversa empolgante, as gargalhadas incontroláveis. Eu reconheceria teu timbre entre tantos outros diferentes. Parei na soleira da porta, me escorando no batente, passei a observar o jeito que Lucas contava a experiência em uma festa com Sarin. Você estava sentada na banqueta do balcão de frente pra ele com os cotovelos apoiados na mesa e um sorriso encantador nos lábios.

Te ver pela manhã me fazia querer ir à guerra por você, Caina. Mas então eu te via pela universidade com o Jay, e a sensação da derrotada antes mesmo da luta me fazia recuar.

Há uma frase que minha vó costumava citar toda vez que eu caía da bicicleta e chorava, dizendo que iria desistir de aprender. ''Pessoas que desistem antes mesmo de tentar, nunca vencem na vida". Ela tinha razão, sabe? Os mais velhos sempre tem.

Lucas foi o primeiro a me notar.

— Ei! Bom dia, maninho. Vai sentar com a gente? Caina tentou fazer panquecas. — apontou para um prato entre eles. Não tinha cara de panqueca, eu diria que não tinha cara nem de comida. — Como pode ver não ficou comestível. Pensando bem, é melhor não comer.

Você socou o ombro dele claramente ofendida.

— Lucas! Eu disse que não sei cozinhar, você que insistiu!

Ele gargalhou.

— Eu queria provar dos teus dotes culinários. Mas me arrependo totalmente! Agora estou com fome e a Bárbara não está aqui pra me fazer panquecas boas.

— Isso é realmente trágico. — debochei, sentei-me ao lado do Lucas, colocando a pasta de couro preta que carregava sobre a mesa. — O que fazem aqui tão cedo?

— Chamei a Caina pra me ajudar a consertar aquela moto velha e esquecida do papai. — ele te olhou. — Mas aparentemente ela não sabe mexer em motos, só carros.

— Eu sei mexer, apenas não é minha especialidade. — argumentou, dando de ombros. — Você tem dinheiro, pode colocar em qualquer oficina do país, então não perturba minha paciência.

Como Perdi Essa Garota? - I Onde histórias criam vida. Descubra agora