Era 03 de novembro, meu aniversário. Eu estava completando meus 24 anos. Odiava essa data, nunca comemorava. Para mim era apenas mais um dia como qualquer outro. Mas meus pais pensavam de forma diferente, e sempre usavam isso como motivo para darem festas luxuosas que ficariam nos jornais e revistas por — no mínimo — três semanas.
Coloquei um terno azul marinho sem gravata. Lucas vestiu um terno preto feito sob medida. Ele gostava de estar sempre perfeitamente arrumado e alinhado. Às 20:00 horas bateu na porta do meu quarto para me buscar, iríamos juntos a festa, que acontecia na área externa da casa.
Assim que me viu soltou um assobio no ar.
— Desse jeito você vai fisgar o coração de cada mulher presente nessa festa. — declarou, sorridente.
O olhei dos pés à cabeça.
— Digo o mesmo pra você.
Ele riu, dando uma volta.
— Estou arrasando, não é? Pode dizer! Esse terno caiu como uma luva em mim. O alfaiate do papai é o melhor. — proferiu, olhando-se no espelho, preso na parede. Ele me fitou através do seu reflexo. — Queria te informar algo antes de descermos...
— Meninos! — nossa mãe nos interrompeu ao surgir na soleira porta. Ela olhou de mim para o Lucas, curvando os lábios num largo sorriso. — Eu vivi pra ver meus dois garotões se tornando homens! Olha só vocês dois... nem parecem que ontem andavam pelados pela casa, correndo e fazendo bagunça.
— Mãe! — a repreendemos em uníssono. Ela riu, vindo à nossa direção e nos abraçando.
— Hoje será um grande dia, meus amores. Vamos, os convidados os esperam. — informou, singela. Ela depositou um beijo na minha testa e logo em seguida na de Lucas. — Não demorem, o pai de vocês está ansioso. Hoje será uma grande noite para todos nós!
Lucas e eu terminamos de nos arrumar, ele quase acabou com o restante do meu perfume só nos cabelos. Alguns minutos depois rumávamos até a área externa, da sala já podia se ouvir o som suave do violoncelo, um instrumento do qual minha mãe admirava e apreciava.
— Faz tanto tempo que não venho a uma festa de gala... Será que vão ficar me olhando? — Lucas perguntou ao nos aproximarmos das portas duplas. Ele parecia bem nervoso com a mínima possibilidade de julgamento.
— Ninguém vai falar nada, Lucas.
Ele forçou um sorriso debochado.
— Pra você é fácil falar, afinal, é o garoto de ouro da mídia e da família. — retrucou, sem humor. — O problemático aqui sou eu... A ovelha negra.
Franzi o cenho, o segurando pelos ombros.
— Quem fez você acreditar nessas besteiras, Lucas? — indaguei, sério. Ele deu de ombros, pondo ambas as mãos nos bolsos da calça social.
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Como Perdi Essa Garota? - I
RomanceColin Hawkins estava com sua vida estrategicamente planejada. Centrado nos estudos e na grande paixão pelo futebol, ele se vê numa encruzilhada ao ter que assumir os negócios da família, sendo obrigado a abrir mão da liberdade e sonhos. No meio dess...