24 ¶ De volta ao cotidiano

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O momento mais desgastante de retornar às nossas casas, foi ter que voltar ao cotidiano

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O momento mais desgastante de retornar às nossas casas, foi ter que voltar ao cotidiano. Aquele paradoxo imperfeito onde precisávamos sempre seguir por lados opostos, caso contrário, colidiríamos um no outro. Você me tornou um adolescente pegajoso que se perdia em pensamentos, imaginando inúmeros momentos onde eu poderia te encontrar. Sempre que olhava o Lucas, batia o forte e incontrolável desejo de perguntar sobre você. Por onde andava? Com quem? Perguntava de mim?

Me senti um tremendo tolo por isso! Fiquei envergonhado.

Então não perguntei nada.

Passei uma semana em recesso, a cada dia que passava a ansiedade de voltar à universidade aumentava - e não era porque eu amava estudar. Um dia antes do retorno às aulas, Lucas e eu saímos para jantar, nossos país haviam viajado para o Caribe e acabamos ficando sozinhos, novamente. Não havia muito o que fazer, eu vinha evitando festas e bares, lugares comprometedores. Eu estava pisando em ovos. Não poderia perder o foco.

— Ainda lembro de quando vínhamos aqui toda quarta-feira... Você pedia sempre o mesmo prato, chilli com carne e batata frita. — contou, nostálgico. Ele sorriu enquanto entrávamos. — Continuou vindo?

Dei de ombros.

— Não teve mais graça sem você.

— Ótimo. Se tivesse dito que sim, o tapa seria certeiro. — brincou.

Sentamos na mesa, Lucas fez seu pedido e eu o acompanhei. Ele começou a falar sobre como estava contente por ter se matriculado na universidade, que estava ansioso para começar e dar um rumo diferente em sua vida. Diferente de mim, não queria viver com o dinheiro da família, embora soubesse que isso jamais fosse ser possível. Não enquanto nosso pai vivesse.

— Vai ser ótimo!

Forcei um sorriso.

— A universidade não é como nos filmes, não se anime muito. — resmunguei, mal-humorado. — A realidade pode ser bem decepcionante amanhã.

Lucas deu de ombros ao pegar o recipiente com palitos de dentes. Despreocupadamente retirou alguns palitos.

— Não ligo pra isso, com Caina ao meu lado tudo será divertido. — gabou-se. Engoli em seco, o fitando. — Ela vai me ajudar enquanto não se formar. Mas também não quero ser uma bagagem pra ela, ela já tem muitas preocupações.

— Então vocês dois estão se acertando?

Semicerrou os olhos, me encarando, curvando os lábios num sorriso maroto.

— Não da forma maliciosa que está pensando, irmãozinho. Somos só amigos. Embora ela me deseje muito, não há nada que posso fazer em relação a isso. Ela não faz meu tipo.

Eu ri, Caina. Ri porque foi a estupidez mais ridícula que ouvi. Como você não fazia o tipo dele? Você era o tipo de todo mundo! O tipo de garota que conquistava ao sorrir. Só ao sorrir. Sabe o quanto isso é raro?

Como Perdi Essa Garota? - I Onde histórias criam vida. Descubra agora