CAPÍTULO 21: " Palavra feia."

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Atravesso a rua rapidamente. Meus pensamentos estão pulando na minha cabeça. Eu não sabia o que fazer, não sabia como agir mas uma coisa eu tinha entendido: ele precisava desse trabalho. Eu não tinha o direito de destruir o que mantinha ele e a mãe.

Tento não repassar todos os bons momentos na cabeça antes de dormir, falhei feio.

PARE DE PENSAR NELE VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO. ELE NÃO É SEU E NUNCA VAI SER.

Repito as palavras pra mim mesma, tentando fazer-me acreditar nelas.

Acabo dormindo muito tarde, acordo também tarde, e como de costume quando não acordo no horário previsto, estou de mau humor.

Olho o relógio. 10:30, isso não são horas de uma cidadã acordar. olho-me no espelho, estou um porre. Não posso aparecer com essa cara na escola. Peço o almoço no restaurante mais próximo e decido lavar meu cabelo e escová-lo.  Ele vem na minha mente. Ignoro o pensamento. Nada disso vale a pena, ele não pode ficar comigo. Algumas coisas na vida são incrivelmente injustas, eu só queria poder escolher nunca ter o conhecido, seria tudo mais fácil. Mas agora eu precisava ser madura o suficiente pra deixar isso ir com a mesma facilidade na qual veio, e seguir o baile, com ou sem ele.

Ponho o almoço do meu irmão enquanto ele termina de organizar a mochila. Ele está de cabelos molhados e pelo visto jogou fora o pente.

- Por que você nunca penteia a droga desse cabelo Diego ?- digo descontando toda minha irritação com o mundo no meu irmão mais novo.

- Por que você tá usando a palavra feia ?- ele me olha repreendendo-me, nós nunca xingamos ou falamos coisas que se aproximem de xingamentos em casa, tornava as coisas mais saudáveis.

- Porque hoje é meu dia de usar palavras feias.

- Mas você não pode!

- é claro que eu posso quem é você pra me dizer o que fazer ?

- Sou seu irmão mais novo.

ele me olha com aquele olhar de cachorro com fome e eu me arrependo instantaneamente.

- por favor, não usa a palavra feia.

- Tá, me desculpe.- digo terminando de desembalar a comida- vem comer logo.

- O que você tem ?- ele diz enquanto come três batatas fritas de uma vez.

- Nada.

- Tá de mau humor ?- ele questiona-me, com a boca cheia, olhando para o prato, provavelmente imaginando quantas batatas ele consegue colocar a mais na boca.

- Tô.- digo, seca.

- Então você tem alguma coisa.

Não o respondo. Ponho duas colheres seguidas de frango com arroz na boca.

- Brigou com o will?

Encaro-o por alguns segundos.

- Por que você acha isso ?

- Porque ele é seu namorado.

- Não Diego, o William não é meu namorado. Nunca foi e nunca vai ser.

- Por que não ?

- Porquê não dá.

- Mas vocês se gostam.

- Di, nem sempre quando duas pessoas se gostam elas podem ficar juntas sabia

- Por que não ?

penso por um instante antes de responde-lo.

- Porque  as vezes, gostar do outro não é o suficiente. E aí acontecem várias coisas, e as pessoas não podem ficar juntas, mesmo que elas se gostem muito.

- Entendi.

- Ah claro....- digo tendo a certeza que meu irmão de 11 anos não sabia muito sobre o universo amoroso.

- Sim entendi, tipo o que aconteceu com mamãe e o papai. - olho para ele enquanto ele põe a última batata frita na boca.

- Sim,  exatamente isso.

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